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5 perguntas ainda não respondidas sobre o Galaxy Note 7

Brian Green
Imagem: Brian Green

Do UOL, em São Paulo

12/10/2016 18h20

Para tentar encerrar a crise envolvendo o seu mais novo top de linha, que já dura cerca de dois meses, a Samsung resolveu anunciar o fim definitivo do Note 7 com a suspensão de sua fabricação e suas vendas em todo o mundo. Mas há algumas perguntas em aberto sobre o incidente que prometem prolongar pelo menos por mais algum tempo a "dor de cabeça" dos usuários e da fabricante sul-coreana. Veja:

1. O que fez os aparelhos pegarem fogo?
Ao justificar o recall dos aparelhos no início de setembro, a Samsung apontou problemas nas "células da bateria" como a causa das explosões.

Um relatório enviado pela empresa aos reguladores foi mais específico e apontou uma falha de produção que teria produzido baterias um pouco maior do que planejado, colocado pressão sobre elas ao serem instaladas dentro do telefone.

O problema foi atribuído à fabricante de componentes Samsung SDI. A solução, portanto, foi substituir as baterias produzidas por ela pelas fabricadas por outra empresa: a ATL. Mas, vários aparelhos do segundo lote também apresentaram superaquecimento. Ou seja, não está claro se o problema original foi diagnosticado mesmo.

"Estamos trabalhando com órgãos reguladores para investigar os novos casos envolvendo o Galaxy Note 7". Essa foi a única manifestação pública da Samsung sobre os episódios de explosões  relacionados ao aparelhos substituídos. 

2. Quantos Note 7 foram produzidos e quantos deles explodiram?
A Samsung não revelou quantos aparelhos do Note 7 foram produzidos até a última terça-feira (11), quando a empresa oficializou a paralisação definitiva de suas vendas no mundo inteiro.

No dia 2 de setembro, a sul-coreana disse que 2,5 milhões de aparelhos estavam sujeitos ao recall. Em um comunicado emitido em 27 de setembro, a empresa voltou a se manifestar e disse que mais de 60% dos dispositivos vendidos na Coreia do Sul e nos Estados Unidos já tinham sido substituídos por novos.

Esses dois países representam a grande maioria dos Note 7 vendidos, apenas 50 mil dispositivos teriam sido feitos para a Europa.

Estima-se que aproximadamente 4 milhões de unidades do top de linha da Samsung  tenham sido produzidas. Se tudo tivesse corrido conforme planejado, a produção do Note 7 seria de cerca de 6 milhões de unidades, segundo o IHS.

Os números não são claros, mas são ainda menos específicos quando se tratam dos aparelhos com problemas de superaquecimento. No anúncio do recall, a Samsung disse ter recebido "35 relatos" de explosões. Com a substituição dos aparelhos, ao menos 7 casos foram  relatados na imprensa internacional.

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3. O que acontece agora com todos os aparelhos?
A Samsung disse que vai tomar "todas as medidas" para recuperar todos os Note 7 vendidos. A princípio, as medidas envolvem o envio de e-mails e notificações para os clientes registrados.

No momento do recall original, a empresa também emitiu uma atualização de software que impedia que as baterias fossem totalmente recarregadas. Há especulações de que outras restrições --incluindo o bloqueio completo do aparelho-- podem ser impostas se os usuários se recusam a devolver os dispositivos.

O que não se sabe ao certo também é o que a Samsung faz com os celulares devolvidos. Um porta-voz da empresa, que não quis se identificar, disse que os componentes dos aparelhos podem ser reutilizados em outros produtos.

4. Os compradores serão recompensados por quaisquer acessórios que eles compraram?
Há consumidores que não só compraram o Note 7, mas também investiram em acessórios para o aparelho. Um porta-voz da Samsung disse que ainda estava em discussões com fornecedores sobre como cobrir esses custos.

Muitos usuários também se perguntam se eles serão obrigados a devolver a segunda geração dos óculos de realidade virtual que ganharam ao comprar o Note 7 durante a pré-venda. O porta-voz disse que a empresa considerou o VR como um "presente".

5. A Samsung pode voltar a investir em baterias removíveis?
A Samsung por muitos anos, para distinguir-se da Apple, permitia que os usuários tirassem a tampa traseira dos aparelhos e, se necessário, trocassem suas baterias. Mas, a partir do S6 e do Note 5, a sul-coreana removeu a opção e passou a investir em modelos mais compactos com a resistência à água adicionada como um bônus.

Há quem diga que a Samsung poderia ter evitado os problemas atuais se não tivesse feito essa escolha. A empresa, no entanto, não quis comentar sobre seus projetos futuros.

(*Com BBC)