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Entenda como o Facebook pretende combater notícias falsas

Mariana Bazo/Reuters
Imagem: Mariana Bazo/Reuters

16/12/2016 10h30

O Facebook anunciou que vai combater o compartilhamento de informações falsas na sua plataforma usando uma ferramenta para sinalizar as notícias cuja veracidade esteja em discussão.

No seu perfil da rede social, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, divulgou nesta quinta-feira (15) a nova medida contra a avalanche de notícias sem embasamento na internet:

Temos a responsabilidade de garantir que o Facebook tenha impacto mais positivo no mundo

Zuckerberg reconheceu os desafios que o Facebook deve enfrentar, já que o site é mais do que "um distribuidor de notícias". Para ele, sua rede social é "um novo tipo de plataforma para o diálogo público".

A nova ferramenta consistirá num pequeno sinal de advertência colocado ao lado das notícias consideradas duvidosas.

Verificadores independentes serão responsáveis por analisar as notícias que os usuários denunciarem como falsas e incorporar o sinal de alerta se, efetivamente, se tratar de uma informação potencialmente mentirosa.

As que forem classificadas dessa forma terão menos probabilidade de aparecer no feed de notícias, ressaltou a rede social.

Além disso, os verificadores independentes disponibilizarão um link explicando por que a informação compartilhada não é verdadeira.

No blog do Facebook, o gerente da empresa, Adam Mosseri, afirmou que este é apenas um passo que a plataforma está dando para combater o compartilhamento de notícias falsas e boatos:

Aprenderemos com esses testes e vamos ampliar essas ferramentas com o passar do tempo

A novidade responde ao desejo do Facebook de driblar mentiras na internet, especialmente após a proliferação de notícias falsas durante a campanha presidencial nos Estados Unidos.

O exemplo mais extremo disso foi a divulgação de um tiroteio que aconteceu no último dia 4 em Washington, quando um homem armado entrou em uma pizzaria para investigar por "ele mesmo" uma suposta rede de prostituição infantil vinculada à ex-candidata presidencial democrata, Hillary Clinton, nesse estabelecimento.

Outra informação falsa divulgada durante as eleições americanas foi a de que o papa Francisco teria anunciado apoio ao candidato republicano Donald Trump, o que de fato não aconteceu.

Durante a campanha americana, o Facebook foi acusado de não ter tomado providências eficazes contra a proliferação de notícias falsas na rede. Zuckerberg, na época, negou que notícias falsas disseminadas pela rede social possam ter influenciado o rumo das eleições.

Ele também rejeitou as especulações de que usuários da plataforma vivam em espécies de "bolhas", onde só recebem noticiário e perspectivas que reflitam seus pontos de vista.

"A ideia de que o noticiário no Facebook, que representa uma pequena parcela do conteúdo, influenciou as eleições de alguma maneira me parece um pouco absurda", disse durante uma conferência de tecnologia na Califórnia. A fim de reforçar seu ponto vista, ele perguntou à plateia de forma retórica por que só apareceriam então boatos sobre um candidato e não sobre o outro.

"Eu acredito que existe uma profunda falta de empatia em afirmar que a única razão pela qual alguém votou da forma como votou é porque leu umas notícias falsas", argumentou.

O empresário também minimizou os efeitos do sistema de algoritmos praticado pelo Facebook, que filtra o conteúdo a ser exibido na página inicial do usuário de acordo com o padrão de navegação do mesmo. Segundo Zuckerberg, "quase todo mundo" tem "alguém" na lista de amigos do Facebook que pertence a uma outra religião, etnia ou contexto.

Zuckerberg admitiu, no entanto, que estudos apontam que os usuários tendem a não clicar em links que contrariam suas opiniões. "A gente simplesmente ignora", explicou. "Quanto a isso, eu não sei o que fazer".