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Dá para confiar no sistema de caronas do Waze? Vai ser seguro?

Waze Carpool deverá chegar ao Brasil em breve - Divulgação
Waze Carpool deverá chegar ao Brasil em breve Imagem: Divulgação

Gabriel Francisco Ribeiro

Do UOL, em São Paulo

30/03/2017 04h00

O Waze anunciou na semana passada que o Waze Carpool, serviço de caronas compartilhadas do aplicativo, virá para o Brasil em breve. Mesmo sem uma data fechada, o serviço já levantou polêmicas e dúvidas, principalmente em torno da segurança. Aqui, damos um pouco mais de detalhes de como tudo isso funcionará.

A ferramenta do Waze está disponível, por enquanto, apenas em Israel e em algumas áreas de San Francisco (Estados Unidos). A empresa escolheu o Brasil para o próximo passo do Carpool pela representatividade do país na companhia – São Paulo é a cidade com mais usuários no mundo e o Brasil é o segundo país em número de usuários mensais, atrás apenas dos Estados Unidos.

Segundo a diretora global do Waze, Di-Ann Eisnor, o objetivo é "poupar tempo e dinheiro" e ter "menos carros na rua". "Basta informar para onde vai que alguém pode te dar uma carona. Isto não é Uber, não é taxi. É para pessoas que usam o Waze todo dia e vão para o mesmo lugar", disse ela. 

Dá para confiar no motorista ou passageiro?

Em conversa com jornalistas, Eisnor não deu muitos detalhes de como funcionará a questão da segurança no aplicativo e deixou a pergunta sem uma resposta clara.

A executiva diz confiar muito no conceito de "comunidade" do Waze, mas só:

Não vamos resolver problemas de segurança pública, somos só uma plataforma. O Waze é uma comunidade --haverá um perfil para o motorista e um para o passageiro no app. O motorista será um usuário, mas terá que fornecer nome completo e dados sobre o carro

Pesquisa realizada no Brasil também fez o Waze adicionar uma funcionalidade extra no país, que não foi testada em outros países: o "match" de gênero nas viagens.

Mulheres poderão escolher pegar carona apenas com mulheres, como forma de segurança – na avaliação interna do Waze, isso soou como vital para o país e será levado para as outras regiões do mundo no futuro.

No Brasil, o Uber, após um início promissor, foi alvo de denúncias de violência e estupro envolvendo seus motoristas.

Como será o pagamento?

Pelo menos neste ponto a segurança falou mais alto e o Waze já decidiu que não serão aceitos pagamentos em dinheiro pelas "caronas". As outras formas de pagamento ainda estão em aberto – entre as opções estão os cartões de débito e crédito e pagamento pelo app.

O cálculo do pagamento nos Estados Unidos, segundo funcionários do Waze, é feito por um algoritmo que leva em conta a distância do percurso. No Brasil, os preços também serão definidos pela distância, mas a companhia também levará em conta outros fatores para evitar possíveis impostos.

O Waze deixa bem claro que não quer que motoristas tenham lucros com as corridas e se tornem motoristas profissionais – o dinheiro pago pelo passageiro será apenas uma "ajuda de custos".

Por isso, os motoristas, pelo menos num primeiro momento, poderão fazer duas corridas por dia – supostamente para ir e voltar do trabalho.

Nos testes feitos fora do Brasil, o app percebeu que a questão econômica era o que menos importava para motoristas e passageiros. Segundo a diretora global do Waze, muitas pessoas abraçaram a causa pelo fato de terem companhia ao dirigirem por aí.

E a legislação?

O Waze poderá ter problemas com a legislação brasileira e a arrecadação de impostos. Apesar de seguir outro modelo comercial, o Uber também passou por isso – o aplicativo foi proibido em algumas cidades brasileiras e, em São Paulo, foi regulamentado pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT), com repasse de verba para o município.

O Waze pretende que os preços cobrados nas corridas compartilhadas não passem um valor no qual incidam impostos. O aplicativo também alega que não cobrará taxas ou lucrará com iniciativa --mas isso pode mudar no futuro.

"Do jeito que funciona hoje, o Waze só conecta pessoas, não ganha nada. Com o tempo, podemos cobrar uma pequena taxa, porque faremos parte do sistema de transportes. Mas a intenção é fazer as pessoas gastarem menos dinheiro. Quero carros fora das ruas", afirmou Di-Ann.