Topo

Bom dia no grupo do WhatsApp é coisa de brasileiro? Estrangeiros respondem

Gringos brincam com o jeito de o brasileiro de interagir no WhatsApp (aconteceu de verdade!) - Reprodução
Gringos brincam com o jeito de o brasileiro de interagir no WhatsApp (aconteceu de verdade!) Imagem: Reprodução

Bruna Souza Cruz

Do UOL, em São Paulo

08/05/2017 04h00

Quem nunca acordou com um "bom dia, grupo", uma frase motivacional ou um meme apitando no WhatsApp? O comportamento do brasileiro nos grupos já virou motivo de piada na internet-- e também de irritação para alguns usuários.

Você já teve a curiosidade de saber se os estrangeiros também ficam dando “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite”?

  • 50789
  • true
  • http://tecnologia.uol.com.br/enquetes/2017/05/08/voce-da-bom-dia-no-grupo-de-whatsapp.js

A resposta é: não! Pelo menos para vários deles.

Muitos não são tão sociáveis quanto nós nas redes sociais --embora, claro, existam muitos brasileiros que odeiam este comportamento e há até quem defenda que cada mensagem enviada seja cobrada, como pode acontecer com o SMS.

A francesa Natacha Lagier vive atualmente no Canadá e afirma que só usa o WhatsApp para enviar fotos suas para a família, já que está longe. "O que são realmente mensagens de ‘bom dia’?", disse ao ser perguntada sobre o tipo de mensagens que costumava receber de amigos e familiares.

Craig Stevenson, da Nova Zelândia, conta que costuma usar grupos no WhatsApp apenas para organizar e planejar eventos ou encontro com os amigos:

Não uso como bate-papo da mesma maneira [que vocês]. Se um grupo de amigos quer ver um filme, por exemplo, criamos um bate-papo só para isso. Uma vez que o evento acabou, o bate-papo em grupo é dissolvido e eu saio

A brasileira Marcela Souza vive na Itália e participa de alguns grupos com italianos. Segundo ela, é muito raro que seus contatos enviem diversas mensagens durante o dia. Eles costumam usar o aplicativo mais para combinar algo ou comunicar algo importante. “Vez ou outra eles enviam alguma piada, mas não é comum”, disse.

Agora, se tivesse uma régua para apontar os costumes dentro do aplicativo, Mateo Gómez, da Colômbia, ficaria bem no meio. Ele afirma que não costuma ficar cumprimentando as pessoas no WhatsApp, mas que usa muito para um bate-papo com amigos e parentes. "Nós usamos o WhatsApp mais do que o Facebook ou qualquer outro aplicativo. Grupo é o recurso mais usado”, explicou.

Já Arnold Ndlovu, da África do Sul, e Pranav Chaitanya, da Índia, parecem estar mais próximos de nós. Ambos costumam receber mensagens de amigos, contando sobre o dia, os planos para o fim de semana, etc.

Usamos igual vocês: cada pessoa do grupo diz 'bom dia' e 'boa noite' e ninguém se importa

Pranav Chaitanya

O haitiano Edy Benson Boileau vive no Brasil há quase dois anos e diz "fazer tudo" por ele. Ele conta que seus amigos e parentes usam o mensageiro como os brasileiros. "Eu uso para falar e para ver minha família e meus amigos e também para conversar no grupo (escola e outros). Mando mensagem escrita, áudios, piadas”, explicou.

Brasileiro é cordial

A doutora em sociologia Mariana Zanata Thibes, pesquisadora de temas ligados à sociabilidade virtual, acredita que o hábito de cumprimentar diariamente os participantes dos grupos do Whatsapp esteja relacionado com a motivação de manter e reforçar os laços familiares, de amizade, de coleguismo.

Ela ressalta que, apesar de parecer "coisa de brasileiro", existe um consenso de que a principal motivação para o uso das redes sociais em vários países do mundo seja a manutenção e o reforço dos vínculos já existentes, muito mais do que conhecer novas pessoas e fazer novas amizades.

No entanto, uma característica que talvez explique (já que não existem dados que comprovem) o comportamento dos brasileiros no aplicativo é que o uso da internet e dos smartphones ainda é uma novidade para boa parcela da população brasileira.

“O Whatsapp tem uma interface simples e feita para unir os grupos que já existem fora do mundo virtual, então, provavelmente isso atrai muitas pessoas que não se sentiam à vontade com o uso das novas tecnologias e cria um sentimento de inclusão”, explicou Thibes.

Quando você dá bom dia nos seus grupos e recebe as respostas, provavelmente isso desperta o sentimento de que você faz parte daqueles grupos, oferecendo a confirmação diária de que se possui vínculos de pertencimento e de que não se está sozinho

Além disso, há aquela característica tão disseminada sobre os brasileiros. "A cordialidade como um traço cultural específico do brasileiro, nesse caso específico do uso das redes sociais, poderia se manifestar, talvez, no fato de haver, sim, uma intenção de afeto e carinho por trás das mensagens enviadas diariamente para nossos grupos, que talvez não esteja presente no uso que os estrangeiros fazem das redes sociais”, considerou.