Um sonho para muitos: estão criando um celular que funciona sem bateria
Uma das coisas que as pessoas mais detestam em smartphones é que eles não têm uma autonomia de energia muito duradoura. Não é que as baterias sejam pequenas --elas estão crescendo, mas o problema é que as telas touchscreen, maior fonte de drenagem desses aparelhos, está crescendo junto.
Enquanto isso, pesquisadores da Universidade de Washington inventaram um celular que não requer baterias. Mas antes de estourar fogos de artifício, lembramos que não se trata de um smartphone como os atuais.
O protótipo de telefone da pesquisa sequer tem uma tela, e seu projeto não parece ser de um celular com touchscreen, com múltiplas funções. Na verdade ele deve fazer apenas ligações, quando os primeiros celulares dos anos 90 já traziam pelo menos outros recursos, como SMS e agenda telefônica.
O telefone da pesquisa colhe os poucos microwatts de energia necessários para funcionar a partir de sinais de rádio ou de luz. O protótipo trabalha com 3,5 microwatts de energia. Para efeito de comparação, um processador ARM do tipo A9 (usado nos celulares iPhone 4S e do Galaxy S II há alguns anos) pode usar entre 500 e 2.000 mW, segundo Peter Warden, engenheiro da empresa Jetpac, adquirida pela Google em 2014.
Usando energia colhida de luz ambiente com uma minúscula célula solar, aproximadamente do tamanho de um grão de arroz, o dispositivo conseguiu se comunicar com uma estação-base a 15 metros de distância. Usando o programa Skype, os pesquisadores conseguiram receber chamadas, discar e pôr a ligação em modo de espera.
A equipe de cientistas da universidade eliminou uma etapa que consome muita energia na maioria das transmissões celulares modernas: a conversão dos sinais analógicos que transmitem o som para dados digitais compreensíveis por um telefone moderno.
Para isso, ele aproveita vibrações minúsculas no microfone ou alto-falante de um telefone que ocorrem quando uma pessoa fala ao telefone ou ouve uma chamada. Uma antena conectada ao microfone converte esse movimento em alterações em um sinal analógico de rádio emitido por uma estação-base para celular. Este processo codifica padrões de fala em sinais de rádio de uma forma que usa quase nenhuma energia.
Aparentemente o objetivo não é criar um aparelho inteiro que funcione assim, mas aplicar essa tecnologia aos futuros celulares para que estes gastem menos energia com chamadas de voz.
"Você poderia imaginar no futuro que todas as torres de celulares ou roteadores Wi-Fi poderiam vir com nossa tecnologia embutida nele", disse o coautor Vamsi Talla, ex-aluno de doutorado em engenharia elétrica da universidade. "E se cada casa tiver um roteador Wi-Fi, você poderia obter uma cobertura de celular sem bateria em todos os lugares".
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