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Como a tecnologia 5G promete transformar a sua vida

Juliana Carpanez

Do UOL, em São Paulo

17/07/2017 04h00

Próxima geração de telefonia celular, a tecnologia 5G deve ser lançada oficialmente em 2019 --esta é a data para a estreia comercial em alguns países. No Brasil, o lançamento está previsto para 2020, quando os usuários terão no celular uma conexão ultrarrápida. Velocidade de acesso é sem dúvida o principal chamariz, mas as possibilidades vão muito além: internet das coisas, vídeos em alta definição e realidade virtual, por exemplo.

“A quinta geração oferecerá nas plataformas portáteis a mesma qualidade de uma boa banda larga fixa. Pode-se falar em uma evolução do 4G, com uma percepção muito grande do que será esta mudança”, resume Sérgio Kern, diretor da SindiTelebrasil (Sindicado Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal).

Qual será a velocidade do 5G?

Neste momento de definições do novo padrão, fala-se em conexões que vão de 1 Gbps (gigabit por segundo) até 20 Gbps.

Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, explica que essas taxas máximas serão compartilhadas entre vários usuários. “Não se tem ainda uma velocidade estabelecida para os usuários. Um valor conservador seria 100 Mpbs [megabits por segundo]. Hoje, no Brasil, os valores típicos de 4G ficam em 12 Mbps”, compara.

Ou seja: o 5G terá velocidade ao menos oito vezes maior que o 4G.

Na prática, ficará muito mais rápido baixar no celular um filme de duas horas (1,5 GB): 21 minutos no 4G contra cerca de 2 minutos no 5G. Se o mesmo arquivo for de alta definição (4,5 GB), os tempos vão de uma hora e quatro minutos para pouco mais de seis minutos.

Isso deve popularizar vídeos de altíssima definição (4K) e realidade virtual. Usando óculos compatíveis com esta tecnologia, será possível acompanhar em tempo real um jogo de futebol como se você estivesse no estádio. Ou assistir ao vivo, em sua casa, todos os shows da turnê da sua banda favorita --sem o aperto da primeira fileira. Aumentarão também os recursos de realidade aumentada --aquela do jogo “Pokémon Go”--, em que informações digitais se sobrepõem ao mundo real.

Internet das coisas para quê?

A tecnologia 5G vai abrir as portas para a chamada internet das coisas (IOT, na sigla em inglês). Tratam-se de objetos conectados à internet, como hoje já conhecemos os aparelhos de TV e relógios inteligentes, que ganharão cada vez mais espaço em nosso cotidiano. Esses equipamentos dispensarão comandos dos usuários e conversarão entre eles, criando casas, prédios e cidades inteligentes.

Em um exemplo extremamente simples --as muitas possibilidades a serem criadas ainda são impensáveis--, a luz do quarto pode ir acendendo gradualmente até acordar o usuário. Quando isso acontecer, a lâmpada envia um comando para a cafeteira começar a funcionar. A empresa de tecnologia Ericsson estima que, em 2022, 70% dos objetos conectados (ou 1,5 bilhão de aparelhos) usarão redes de telefonia para conexão.

Também conectados à internet, os carros inteligentes serão diretamente impactados por esta nova tecnologia. Uma estimativa da Huawei aponta para mais segurança e eficiência, considerando que a latência (tempo de resposta entre os dados) é muito menor no 5G. A empresa exemplifica: um carro sem motorista a 100 km/h demora 1,4 metro para acionar o freio quando identifica um obstáculo. No 5G, essa reação se daria depois de 2,8 cm.

5G vai ser mais caro?

Ainda não há estimativa de quanto um plano 5G custará para o usuário. Mas é provável que seja mais caro que o 4G, como sempre acontece com a chegada de lançamentos (em uma comparação com hardware, o novo iPhone será sempre mais caro que o antecessor). As empresas de telefonia farão investimentos para implementar essa tecnologia e, possivelmente, os custos serão passados aos clientes.

Também será necessário trocar de aparelho para acessar a conexão ultrarrápida, pois se trata de uma nova frequência. Também foi assim com o 3G e o 4G.

Apesar das expectativas, é importante ter em mente que o lançamento do 5G não significa, necessariamente, acesso à nova tecnologia. O 4G chegou ao Brasil em 2013 e, em maio de 2017, esta tecnologia chamada de LTE estava presente em 31,5% das linhas móveis em atividade no país (76,3 milhões em um universo de 242,3 milhões).