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Canais caem, e empresas retiram anúncios após nova política do YouTube

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Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

24/11/2017 16h14

O Google divulgou na última quarta-feira (22) que estava reforçando sua política para impedir que vídeos inapropriados chegassem ao público infantil - fato que estava se tornando frequente na plataforma. Mas as mudanças podem ter provocado efeitos colaterais como queda de canais famosos e o temor dos anunciantes.

"Nos últimos meses, notamos uma tendência crescente em torno do conteúdo no YouTube que tenta se passar por familiar, mas não é claramente. Embora alguns desses vídeos possam ser adequados para adultos, outros são completamente inaceitáveis, então estamos trabalhando para removê-los do YouTube", disse a empresa no blog do YouTube na ocasião.

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A empresa refere-se a vídeos de pegadinhas que usam personagens conhecidos das crianças, como Peppa Pig e Homem-Aranha, mas que ao longo do vídeo apresentava situações envolvendo sexo e violência, como um tipo de pegadinha ou "isca" para ganhar audiência.

No entanto, na madrugada desta sexta-feira (24) canais famosos do YouTube foram removidos e permaneceram assim durante algumas horas, como o do apresentador Conan O’Brien (5,2 milhões de inscritos), da cantora Miley Cyrus (10,4 milhões) e o Desce a Letra, do youtuber brasileiro Cauê Moura (5 milhões). Nenhum deles aparentemente trazia algum vídeo que se encaixasse nos parâmetros negativos para crianças.

O youtuber Damiani, do canal Damianizando, comentou no Twitter que as quedas momentâneas tinham a ver com os novos algoritmos do YouTube contra os vídeos de pegadinhas para crianças. 

Procurado pela reportagem, o Google Brasil respondeu: "Estamos cientes do problema com alguns canais na última madrugada. Os canais foram reativados e estamos investigando o ocorrido".

Anúncios sob xeque

Houve mais problemas com as empresas que anunciam na plataforma. Grandes companhias do exterior, como as confeiteiras Mars e Cadbury, o supermercado Lidl, Deutsche Bank e a Adidas retiraram seus anúncios após saberem que estes eram exibidos em vídeos contendo pedofilia.

De acordo com reportagens da "BBC News" e do "The Times", estima-se que dezenas de milhares de contas predatórias burlavam mecanismos de proteção do YouTube por faixa etária para deixar comentários indecentes em vídeos de crianças.

Os vídeos continham jovens com poucas roupas e alguns desses vídeos eram publicados pelos pedófilos, enquanto outros eram inocentemente postados por jovens. Mas todos eram alvo de pedófilos nos comentários.

Alguns dos moderadores voluntários do YouTube disseram à "BBC" que poderia haver "entre 50 mil a 100 mil contas predatórias ativas ainda na plataforma", enquanto outra disse ao "Times" que existem "pelo menos 50 mil predadores ativos" no site .

Sobre isso, o Google Brasil respondeu: "Não deveriam haver anúncios neste conteúdo e estamos trabalhando para consertar isso, urgentemente. No decorrer do último ano, temos trabalhado para assegurar que o YouTube seja um lugar seguro para as marcas. Fizemos mudanças significativas em produto, política, execução e controles, e continuaremos a melhorá-los".

A nova política do YouTube

  • Controle de conteúdo mais rígido, usando tecnologia de aprendizado de máquina e ferramentas automatizadas para bloquear conteúdo "com menores que podem estar ameaçando uma criança, mesmo que essa não seja a intenção do remetente" e "conteúdo com personagens de entretenimento familiar, mas contendo temas maduros ou humor adulto"
     
  • Desmonetizando coisas inapropriadas para crianças, que não ganharão pelos anúncios exibidos
     
  • Bloqueando comentários inapropriados em vídeos com menores de idade, tentando assim frear as hordas de "haters" e seus comentários terríveis
     
  • Fornecer orientação para criadores que criem conteúdos familiares, para impedir que quem faz conteúdo decente não cometa deslizes, seja de propósito ou não
     
  • Envolvendo-se e aprendendo com especialistas, para que bom conteúdo adulto não seja analisado sob os mesmos critérios que os do filtro para crianças. Por exemplo, diz o YouTube, "um adulto vestido como um personagem familiar popular pode ser conteúdo questionável para algumas audiências, mas também pode ser destinado a adultos gravados em uma convenção de quadrinhos"