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Facebook pode pagar multa milionária por brincar de Big Brother na internet

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Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

19/02/2018 15h36Atualizada em 31/05/2020 00h41

Não é só você, brasileiro, que está incomodado com o interesse do Facebook em obter nossos dados pessoais. Entre outros países, a Bélgica também; na sexta (16), a Justiça belga decidiu que a empresa quebrou as leis de privacidade, implantando tecnologias como cookies e plug-ins para acompanhar seus usuários em toda a web.

Isso quer dizer que se você estivesse logado no Facebook, a empresa ainda poderia saber, por meio dos recursos descritos acima, em que sites você estava navegando. A rede social faz isso para saber o que você anda buscando na internet, e de posse de seus interesses, te oferecer publicidade segmentada dentro do Facebook.

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Segundo a notícia do portal de tecnologia "Techcrunch", o tribunal considerou que a companhia de Mark Zuckerberg não conseguiu deixar suficientemente claro como a atividade digital das pessoas estava sendo usada.

O Facebook vai encarar multas de até 100 milhões de euros (R$ 420 milhões), mais uma taxa de 250 mil euros por dia (R$ 1,05 milhão) se não cumprir a decisão. Esta, por sinal, é de primeira instância, então o Facebook disse que vai recorrer.

"Os cookies e os pixels que usamos são tecnologias padrão do setor e permitem que centenas de milhares de empresas desenvolvam seus negócios e alcancem clientes em toda a União Europeia", disse o vice-presidente de políticas públicas da Facebook na Europa, Richard Allan, em um comunicado.

"Nós exigimos a qualquer empresa que use nossas tecnologias que fornecer informações claras aos usuários finais, e damos às pessoas o direito de optar por não ter dados coletados em sites e aplicativos além do Facebook que usam isso ?para anúncios", completou.

Este processo de privacidade contra o Facebook vem desde 2015, quando o órgão de vigilância da vida privada da Bélgica trouxe uma ação civil contra a empresa por seu rastreamento quase invisível de não usuários via plugins sociais e outros.

O órgão investigou e gerou um relatório que critica muitas áreas das práticas de gerenciamento de dados do Facebook.

"Guerras cibernéticas"

Esse não é o único puxão de orelha que o Facebook sofreu na Europa nos últimos dias. No último final de semana, o Facebook, o Google e a Microsoft foram tema de atenção por representantes internacionais na Conferência de Segurança de Munique.

O apelo para estabelecer padrões, como os que orientam conflitos armados segundo as Convenções de Genebra, reflete uma maior conscientização da ameaça representada pelos ataques cibernéticos, enquanto os EUA continuam investigando iniciativas russas para interferir na política americana.

"Estamos testemunhando, de forma mais ou menos disfarçada, guerras cibernéticas entre estados", disse o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na sexta-feira. Governos e empresas precisam "estabelecer pelo menos alguns protocolos básicos" para não correr o risco de "uma ameaça existencial para a humanidade" à medida que as armas tecnológicas se tornam mais poderosas, disse ele.