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Samsung não mexe em time que está ganhando: S9 é S8 com câmera melhor

Slow Motion Samsung S9 - Divulgação - Divulgação
Não é uma grande novidade, mas gravar vídeos em câmera lenta vai despertar o seu "youtuber interior"
Imagem: Divulgação

Márcio Padrão

Do UOL*, em Barcelona

26/02/2018 04h00

Os novos S9 e S9+ lançados neste domingo (25) mostram que a Samsung preferiu seguir a linha do "não se mexe em time que está ganhando". Os dois smartphones trazem poucas novidades em relação aos modelos anteriores --tão poucas que o Galaxy S9+ é quase igual ao Note 8, lançado pela empresa há sete meses. Mesmo assim, os aparelhos coreanos fazem frente aos iPhones 8 e X, mas sem dar um grande salto em inovação.

Ambos os modelos da família S9 têm as mesmas telas Amoled e praticamente o mesmo design do S8, com uma pequena (mas muito bem-vinda) mudança na posição do sensor de digital, agora posicionado embaixo das câmeras traseiras.

As dimensões também são um pouco maiores. E nem precisava mexer nisso para superar a concorrência: o melhor celular da Apple, o iPhone X, usa tela de Oled.

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A maior novidade fica por conta do sistema de câmeras, que traz recursos de inteligência artificial, e que desponta como uma das principais tendências na World Mobile Congress em 2018: a LG anunciou no mesmo dia um celular com este tipo de recurso e a Motorola lançou um assim no ano passado. A inteligência artificial reconhece objetos e indica conteúdo relacionado a ele.

Outro uso é feito pela assistente virtual do S9. A Bixby é capaz de identificar e traduzir placas, livros e menus, por exemplo (coisa que o Google Tradutor já faz há algum tempo). Nos testes feitos durante o evento da Samsung na WMC, achei a interface da assistente confusa e nem sempre eficaz em dar bons resultados.

As câmeras também reduzem automaticamente a abertura em ambientes muito iluminados e expandem em locais mais escuros. O resultado é um desempenho 30% melhor em fotos com baixa luminosidade - um quesito que a Samsung apanhava dos iPhones. A abertura da lente traseira principal pode ser controlada mecanicamente, se você tiver as manhas de fotógrafo profissional.

O S9 Plus tem duas câmeras traseiras, que funciona como a segunda câmera do Note 8 e é capaz de aproximar a imagem duas vezes mais do que a lente principal. Essa câmera é usada no modo "Live Focus", para dar aquele efeito borrado no fundo dos retratos, como faz o iPhone X. A câmera frontal é a mesma dos anos anteriores, com 8 MP e foco automático.

No S9 comum, essa função "Selective Focus" é bem mais simples e não é configurável, ela borra a imagem no ponto da tela que você tocar. Na Live Focus do S9 Plus rola uma barrinha de ajuste, que dá um efeito mais preciso e personalizado.

Legal, mas...

Dois outros recursos também foram bastante alardeados no lançamento dos celulares: emojis 3D e gravação de vídeos em câmera lenta. Nenhum dos dois é exatamente novidade, embora sejam bem feitos e tenham lá suas diferenças em relação ao que é feito por smartphones da concorrência.

Os novos S9 e S9 Plus usam recursos de realidade aumentada para mapear os rostos dos usuários e criar emojis que são "a sua cara". Você pode personalizar os bonecos e usar em aplicativos como Whatsapp e Facebook. Na hora de usar, os emoji são meio travados e confusos. A boca do boneco fica meio mole, o que é bem esquisito. E senti falta de mais opções de personalização (e umas roupas mais bonitinhas)...

Samsung S9 entrada P2 - Márcio Padrão/UOL - Márcio Padrão/UOL
Pode relaxar: os novos Galaxy aceitam o mesmo fone de ouvido de sempre, mas oferecem som 40% mais alto.
Imagem: Márcio Padrão/UOL

Eles não são iguais aos Animoji da Apple, mas na prática é tudo bem parecido --e vai fazer sucesso, ainda mais quando a parceria com a Disney liberar avatares com uniformes de heróis Marvel ou de Star Wars.

É divertido imaginar como vai ser a conversa entre o cocô da Apple e o Mickey da Samsung nas redes sociais.

Outra função divertida é a de câmera lenta, que já existia no S8, mas foi bastante aprimorada nos novos aparelhos. Os vídeos em câmera lenta do S8 (e do iPhone X) capturam 240 quadros por segundo (fps), enquanto o S9 quadruplica esse número e faz gravações em câmera lenta em 960 fps.

Mais uma vez, é uma função legal, mas que não é novidade: o Xperia XZ Premium, da Sony, faz o mesmo e foi lançado em junho do ano passado.

O aplicativo da câmera passou por uma boa reformulação e ficou parecido com a que o iPhone usa desde sempre. Mesmo sem ser original, é uma mudança bem vinda: agora você alterna entre os vários modos de foto e vídeo deslizando o dedo sobre a tela, com a diferença que nos Galaxys você faz isso na parte de cima e não embaixo, como nos celulares da Apple.

De fato, as semelhanças entre o Note 8 e o S9 Plus são muitas, desde as dimensões e tamanho da tela (6,3 polegadas no Note 8 e 6,2 polegadas no S9 Plus) até o acabamento. Mas o novo celular ganha na câmera, nos recursos de vídeo e na bateria, que com 3.500 mAh é maior do que a do Note 8, de 3.300 mAh.

Ou seja, temos um celular potente, que vai para as cabeças do mercado, mas que não vai entrar para a história como ponto de revolução na indústria (talvez, não marque nem a história da Samsung). 

Líder do mercado

Após o fiasco do Galaxy S5 --que de tão mal recebido levou o principal designer do celular, Chang Dong-hoon, a pedir demissão da empresa --os coreanos acertaram o caminho com o S6. Foi ali, com o S6 Edge, que a empresa descobriu o vidro curvado, o que gerou a tela infinita. A base dos telefones atuais também estava presente: a bateria removível e a entrada microUSB foram descartadas.

O Galaxy Note 7, com suas baterias explosivas e recall global, quase botou tudo a perder. Mas o problema ali não era de conceito, e sim, na técnica adotada para emplacar uma bateria maior. As telas curvas, o design elegante, a aplicação de materiais nobres nunca saíram de cena.

Com o S8, a empresa coreana reconquistou a confiança e a preferência do consumidor. Segundo a consultoria Gartner, no quarto trimestre de 2017 a Samsung tinha a liderança do mercado global de smartphones, com 18,2%, seguida de perto pela Apple, com 17,9% do mercado. (Com colaboração de Bruno Romani e Pablo Raphael)

* O repórter viajou a convite da Motorola