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Expansão do império Google pode transformar cidade californiana

Placa em frente à sede do Google, na Califórnia  - Marcio Jose Sanchez/AP
Placa em frente à sede do Google, na Califórnia Imagem: Marcio Jose Sanchez/AP

Rob Urban, Mark Bergen e Dina Bass

02/03/2018 17h44

(Bloomberg) -- Há muito mais gente dormindo do que trabalhando em San José e isso representa um desafio em termos de coleta de impostos para essa cidade da Califórnia, nos EUA. As autoridades têm esperanças de que a venda de uma enorme propriedade para o Google mude essa situação.

A empresa controladora do Google, a Alphabet, que já é a maior dona de propriedades do Vale do Silício, negocia a compra de 16 hectares de terra pertencentes à cidade para um novo campus perto do SAP Center e da estação de trem Diridon de San José. O projeto atrairia até 20.000 postos de trabalho para a cidade nos próximos 10 a 12 anos. E, ainda mais importante que isso, somaria milhares de unidades residenciais -- 15 a 20 por cento delas consideradas "acessíveis" -- a uma região onde faltam moradias.

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Esse é um acordo que pode transformar a maior cidade da área da Baía de São Francisco, que tem sido uma alternativa mais barata às cidades em expansão do Vale do Silício como Palo Alto ou Mountain View, sede do Google, perto dali. A perspectiva de chegada do Google a San José está gerando reações dos moradores, que temem que a multidão de novos trabalhadores torne as moradias ainda menos acessíveis, enquanto que os defensores afirmam que ela atrairá ainda mais desenvolvimento e levará à cidade uma nova fonte de crescimento na forma de um próspero centro tecnológico.

"Muitas vezes fomos a dama de honra, e não a noiva, das grandes empresas de tecnologia", disse o prefeito de San José, Sam Liccardo, em entrevista. "Somos a única grande cidade dos EUA com população diurna menor do que a população noturna."

A área da Baía de São Francisco liderou a Califórnia e o país em 2016 com um aumento de 5,2 por cento do produto interno bruto corrigido pela inflação, taxa de crescimento mais de três vezes superior à nacional. O Vale do Silício produziu quase 300.000 novos empregos nos últimos sete anos, enquanto o inventário de imóveis continua baixo, com crescimento de menos de 3 por cento ao ano, segundo índice produzido pelo Institute for Regional Studies.

Mais caro

A expansão elevou a mediana de preço de uma residência unifamiliar existente na área metropolitana de San José, que inclui partes do Vale do Silício, para US$ 1,27 milhão -- tornando-a a região mais cara do país, segundo a Associação Nacional de Agentes Imobiliários dos EUA (NAR, na sigla em inglês). O número de sem-teto está crescendo. Quem não trabalha com tecnologia, como trabalhadores terceirizados de segurança, funcionários de serviços alimentícios e jardineiros do Google, do Facebook, da Apple e de outras grandes empresas, muitas vezes leva duas horas ou mais na ida ou na volta entre o trabalho e o Vale Central da Califórnia, onde as moradias são mais acessíveis. 

A estação de Diridon é fundamental para o plano do Google, porque será expandida e adicionará linhas regionais e locais, incluindo o sistema público de transporte rápido da região (BART) para São Francisco, na tentativa de ajudar a resolver outro problema persistente e crescente da região: o trânsito.

Há em San José quem se oponha ao acordo do Google ou argumente que ele deveria incluir muito mais moradias, temendo que a chegada de muitos empregos com altos salários elevará ainda mais os preços dos imóveis.