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Cientistas criaram um tecido robótico que é capaz de se consertar sozinho

Feito de metal líquido, o robô T-1000 chamou a atenção em "O Exterminador do Futuro 2" - Reprodução
Feito de metal líquido, o robô T-1000 chamou a atenção em "O Exterminador do Futuro 2" Imagem: Reprodução

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL Tecnologia

01/06/2018 04h00

É bastante provável que você tenha assistido ao filme "O Exterminador do Futuro 2", quando os protagonistas enfrentam um robô feito de metal líquido e, aparentemente, imune a danos.

Pois um grupo de cientistas da Carnegie  Mellon University, nos Estados Unidos, desenvolveu um composto que é uma espécie de elastômero metálico capaz de se autorreparar - ideia que lembra o vilãozão do filme.

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Uma vez danificado, esse material é capaz de criar novas conexões elétricas que funcionam como substitutas para as áreas afetadas.

Esse comportamento é similar ao visto em tecidos nervosos de seres vivos, que criam novas conexões para "driblar" áreas danificadas. Isso é chamado de neuroplasticidade, a capacidade do sistema nervoso de mudar, se adaptar e se moldar tanto em termos funcionais quanto estruturais quando é sujeito a novas experiências.

Não à toa, essa característica inspirou a criação deste tecido robótico. "Eu sempre fui fascinado pela neuroplasticidade e a forma com a qual neurônios podem formar novas redes sinápticas para 'driblar' tecido doente ou danificado. Apesar de ainda não conseguirmos imitar a neuroplasticidade aqui, esse processo foi uma importante fonte de inspiração para desenvolver e entender o nosso material", afirma Carmel Majidi, que lidera a pesquisa.

Serve para quê?

Esse novo material é feito de uma espécie de borracha macia de silício, que possui gotas microscópicas de uma liga metálica de gálio e irídio.

Em temperatura ambiente, essas gotas são líquidas. Definir circuitos nesse material envolve furar essas pequenas bolhas, que acabam se unindo em uma linha capaz de conduzir eletricidade.

Esse comportamento se repete quando o tecido é danificado. Com mais dessas gotas danificadas, elas formam um outro caminho, de maneira a se unirem e manterem uma conexão que permita a passagem de eletricidade.

As possíveis aplicações para materiais do tipo são as mais variadas possíveis. Uma delas seria a criação de tecidos nervosos artificiais, que poderiam ser usados em robôs para interagir de maneira segura com humanos. Ou ainda servir de revestimento para robôs que atuem em situações extremas, seria uma espécie de pele capaz de se regenerar.

Uma outra aplicação mais prática seria usar esses materiais na construção de gadgets, como celulares e relógios, que passariam a ser mais resistentes a danos.

Por ora, as pesquisas continuam e não há data prevista para um uso prático. O estudo sobre esse tipo de material pode ser visto na íntegra (em inglês) no site da revista Nature