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Sua voz pode ser a próxima tecnologia tão poderosa quanto o smartphone

Sua voz poderá ser o centro de todos os objetos tecnológicos no futuro - Getty Images/iStockphoto
Sua voz poderá ser o centro de todos os objetos tecnológicos no futuro Imagem: Getty Images/iStockphoto

Gabriel Francisco Ribeiro

Do UOL, em São Paulo

24/06/2018 04h00

Muito se fala sobre qual será a tecnologia que irá substituir os celulares no futuro. Alguns candidatos já se apresentaram nos últimos tempos, como óculos ou relógios inteligentes. E se eu te disser que o que pode mudar tudo na indústria tecnológica é a sua voz?

Não, não estou falando nada de ligações ou afins. A sua voz, na verdade, pode vir a ser a mais poderosa das tecnologias no futuro. Pelo menos para Brad Abrams, gerente de produto do Google Assistente. Em entrevista exclusiva ao UOL Tecnologia, ele avisa: estamos vendo só o começo do que a tecnologia de falar com objetos poderá fazer.

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“Estamos bem no começo dessa geração de entender a fala humana. Se você olhar todo o passado, nós sempre ensinamos humanos a interagir com computador do jeito que as máquinas precisavam. Agora é a primeira vez que nós estamos tentando ensinar computadores a interagir da maneira que os humanos querem”, afirmou Abrams, em passagem por São Paulo para o evento Google for Brasil.

Por enquanto, temos presentes em dispositivos assistentes virtuais como Google Assistente, Siri (Apple), Alexa (Amazon), Cortana (Microsoft) e Bixby (Samsung) – nem todos ainda funcionam em português, contudo. Você já pode pedir uma infinidade de coisas em voz alta para assistentes fazerem, mas o que está por vir será a grande mudança no setor.

Os assistentes inicialmente funcionavam apenas com o próprio sistema do celular, mas ultimamente as chamadas “ações” começaram a ganhar importância tanto para o Google quanto para a Apple. Elas ligam os assistentes a aplicativos de terceiros, o que fará a nossa voz ser capaz de fazer muito mais coisas com os dispositivos. E não imagine que você só fale com o celular: qualquer objeto poderá servir para isso - a ideia é conhecida como internet das coisas.

“O que mais estou animado é com a 'ambient computing' ('computação ambiental'). Agora você está interagindo com esse dispositivo, aquela tela grande, esse laptop. Acho que no futuro seria você só dizer ‘hey, que horas são’ e o sistema escolhe que dispositivo é o melhor para responder”, opina o gerente do Google.

Assistentes são o primeiro sistema operacional que realmente expande o sistema para diferentes dispositivos e deixa eles funcionarem muito bem juntos. Eu acho que esse é provavelmente o futuro, mais do que dizer que o futuro é algum dispositivo em particular

E, claro, qualquer dispositivo poderá controlar tudo – seu celular, por exemplo, não precisará ser a “central de controle”. Até o seu relógio ou sua TV poderão controlar, por meio da sua voz, a luz da sua casa, o ar-condicionado, outros aparelhos... O principal é que a tecnologia é muito usada por crianças – esse é o primeiro indício de que o futuro está aí.

“Minhas crianças também são as que mais usam o assistente na minha casa. Nós todos crescemos treinados a usar teclados, touch e as crianças estão sendo treinadas a 'ok, o computador simplesmente entende o que eu digo'. Elas esperam que o assistente entenda o que falam”, aponta. 

Desafio é deixar a conversa natural

O grande desafio é deixar a conversa com o Assistente cada vez mais natural. Atualmente, ao conversar com os assistentes virtuais, acabamos esbarrando um pouco no fato de dispositivos terem algumas limitações. Isso, contudo, vem mudando.

O Google, por exemplo, anunciou que não será mais necessário falar “hey Google” a cada nova interação em uma conversa contínua com o assistente. Além disso, ele passará a entender o contexto da frase e diferentes perguntas em uma sentença. O problema é alcançar o nível de uma conversa similar a outro humano – e uma ligação telefônica feita por um assistente da companhia já assustou.

“Só neste ano fizemos transcrição ficar em um nível parecido com a transcrição humana. Agora o próximo desafio que temos que entender é pegar aquele texto e entender o que você quis dizer com aquilo. Tem o exemplo da pizza, as pessoas pedem de diferentes jeitos, com diferentes palavras. Temos que ensinar computadores a entenderem isso”, diz Brad Abrams.

Assistente aceitará pagamentos no Brasil

No evento realizado no Brasil, o Google anunciou novidades do assistente para o Brasil. Entre elas, possibilidade de notícias serem lidas pelo Google Assistente, dúvidas sobre a Copa tiradas por voz e uma terceira mais avançada: a possibilidade de fazer pagamentos pelo aplicativo.

Pela funcionalidade, o usuário poderá, no início, pedir uma pizza no iFood, solicitar um carro na 99 ou comprar uma entrada de cinema no Ingresso.com, por exemplo. A funcionalidade chegará em breve para alguns aplicativos de terceiros, mas no futuro qualquer aplicativo poderá adicionar essa ação ao Assistente.

“Você pode falar ‘hey google, peça para o iFood pedir uma pizza’ e primeiro o assistente reconhece o que você diz, que você mencionou o iFood, e aí o iFood tem uma ação que passa informação. Você terá que confirmar por código ou digital, mas pode mudar isso”, explica Abrams.

Nos Estados Unidos, essa ferramenta já existe. Nas compras, o usuário poderá escolher entre cadastrar o cartão de crédito no aplicativo em que fará a compra ou na carteira do Google – a companhia enviará os dados do seu cartão de forma criptografada para o recebedor final, de forma que ele não tenha seus dados.