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Pais confiariam a vida dos filhos à inteligência artificial, diz pesquisa

Jovens pais confiam na tecnologia para tratamentos médicos - Getty Images/iStockphoto
Jovens pais confiam na tecnologia para tratamentos médicos Imagem: Getty Images/iStockphoto

Rodrigo Trindade

Do UOL, em São Paulo

19/07/2018 04h00

Em uma situação médica, você confiaria a vida do seu filho a um robô com inteligência artificial? Parece coisa de filme, mas segundo uma pesquisa do Instituto de Engenheiros e Eletricistas Eletrônicos, alguns grupos de pais não teriam problemas com isso. 

A pesquisa foi feita com pais brasileiros, chineses, indianos, britânicos e americanos nascidos nos anos 1980 e 1990 e concluiu que a maioria tem um índice elevado de confiança nos usos médicos de robôs. Índia e China, em especial, são bem adeptos ao uso da tecnologia para cuidados de saúde. O Brasil está no meio-termo, enquanto Estados Unidos e Reino Unido são um pouco mais céticos.

Após consultar 2 mil pais com entre 20 e 36 anos, com pelo menos um filho de oito anos ou menos, a entidade filtrou qual a opinião dos entrevistados em nove categorias diferentes.

Entre elas está a confiança da maioria em robôs-cirurgiões. Dos 2 mil pais, 62% (60% no Brasil) provavelmente permitiriam que seus filhos fossem operados por uma máquina dotada de inteligência artificial. Neste caso específico, 55% dos papais britânicos e americanos são contrários à ideia.

O estudo mostra que médicos que trabalham em conjunto com ferramentas de inteligência artificial são bem valorizados na opinião pública. Em situações de vida ou morte dos filhos ou de seus próprios pais, a confiança dos pais na combinação doutor + robô é grande. Para o tratamento dos filhos em uma situação crítica, somente 15% dos pais rejeitam a parceria – 50% acreditam parcialmente nela e 35% quase totalmente –, enquanto 18% não gostariam desse tipo de tratamento com seus próprios pais.

"Quando buscamos tratamentos, normalmente vamos atrás de uma 'segunda opinião'. Com inteligência artificial, você pode receber um 'bilhão de opiniões'", disse Karen Panetta, reitora de engenharia na Tufts University, em uma explicação sobre os pontos positivos da consulta à inteligência artificial em casos médicos.

Quanto à criação dos filhos, a maioria dos pais entrevistados se mostrou favorável ao uso de dispositivos vestíveis que sirvam para analisar sinais de saúde. Os papais gostam dessa ideia especialmente quando os filhos chegarem à adolescência e só 9% deles (15% no Brasil) são contrários a ela.

Eles também confiam bastante em diagnósticos originados de análises feitas por programas de computador. Só 14% desacreditam em máquinas que apontam qual a doença o filho tem, enquanto 30% tem alguma confiança e 56% confiança total.

Os brasileiros estão bem alinhados com a média global, inclusive 60% deles confiariam em um robô de conversa, chamado de chatbot, para conversar com seus filhos sobre os sintomas. Tecnologias de reconhecimento facial também são bem vistas, já que 64% dos brasileiros se sentiriam bastante confortáveis em deixar os filhos passarem por uma avaliação desse tipo - o pediatra do futuro está bem cotado.

Outra crença dos pais é que a tecnologia ajudará a erradicar o câncer durante a geração de seus filhos.

“A inteligência artificial pode ser treinada para fazer diagnósticos que se equiparam ou superam médicos humanos em vários casos. Conforme os dados sobre doenças crescem, as inteligências artificiais serão cada vez mais capazes de detectar cânceres e até precursores deles. Este detalhe, combinado com um monitoramento regular por sensores, pode permitir tratamentos que podem reverter um câncer antes que ele comece”, opinou Tom Coughlin, especialista da IEEE e presidente de uma empresa de armazenamento de dados.

Criados em meio à massificação da internet e companheiros de um computador durante quase toda a vida adulta, não é de se estranhar que os pais tenham toda essa confiança na tecnologia. O monitoramento de sinais de saúde por meio de dispositivos vestíveis, cada vez mais populares e acessíveis, é outro fator que colabora para esse cenário de ampla aceitação da inteligência artificial no meio médico.

Isso culmina na preferência por um robô cuidador em vez dos filhos, uma vez que os pais chegarem à terceira idade.

70% deles acreditam que a inteligência artificial cumprirá esse papel. No Brasil, 61% dos entrevistados apostam que as máquinas realizarão essa tarefa, enquanto na China só 6% das pessoas consultadas esperam ser cuidadas pelos filhos quando tiverem uma idade mais avançada.