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Robôs com inteligência artificial desenvolvem rivalidade por conta própria

Experimento mostrou a formação de grupos de robôs mais fechado e preconceituosos - Getty Images/iStockphoto
Experimento mostrou a formação de grupos de robôs mais fechado e preconceituosos Imagem: Getty Images/iStockphoto

Rodrigo Lara

Colaboração para o UOL Tecnologia

13/09/2018 04h00

Rivalidade entre grupos e indivíduos parece não ser um fenômeno humano (ou até mesmo animal). O resultado de um estudo realizado em parceria entre a Universidade de Cardiff, no País de Gales, e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, causou espanto ao revelar que robôs são capazes de desenvolver, por conta própria, rivalidades quando estão trabalhando juntos.

A pesquisa aponta que desenvolver rivalidades, e até preconceitos, em relação a outros indivíduos é algo que não requer um alto nível de capacidade cognitiva e pode ser facilmente demonstrado por máquinas com inteligência artificial.

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Para um robô demonstrar esse tipo de comportamento bastaria apenas ele identificar, copiar e aprender esse comportamento de uma outra máquina. Não seria novidade se considerarmos que robôs tendem a se tornar com o tempo uma espécie de reflexo dos seres humanos, o que pode resultar em máquinas que exibam alguns comportamentos típicos de humanos, como racismo.

A questão é que, neste caso, a rivalidade surgiu em grupos de inteligência artificial sem influência externa.

O teste em si envolveu uma espécie de jogo, no qual cada uma das inteligências artificiais envolvidas era separada em grupos e teria que decidir se faria uma "doação" para alguém de dentro do seu grupo ou para um indivíduo de um outro grupo.

Cada um desses indivíduos virtuais possuía uma reputação e uma estratégia para fazer a tal doação. O que se viu, após milhares de simulações, é que cada indivíduo passou a copiar a postura de terceiros, sejam eles pertencentes ao seu grupo ou não.

Conforme essas simulações eram feitas, o preconceito contra indivíduos "externos" passou a aumentar, criando grupos de inteligência artificial cada vez mais fechados.

Nossas simulações mostraram que o preconceito é uma poderosa força da natureza e, por meio da evolução, ele pode facilmente se tornar incentivado em populações virtuais, em detrimento de uma relação mais abrangente com os outros

Roger Whitaker, professor da Universidade de Cardiff

Ele também aponta que uma consequência da existência de rivalidade entre grupos de indivíduos é a criação de novos grupos preconceituosos, até mesmo como forma de proteção. "Isso resulta em uma população dividida. E esse preconceito generalizado é difícil de ser revertido", diz.

Outro alerta que o estudo deixa é que esse pode ser um problema real quando falamos sobre a proliferação de máquinas autônomas. "É possível que essas máquinas sejam suscetíveis a esse comportamento que vemos na população humana".

Como forma de evitar isso, Whitaker aponta que a "miscigenação" das populações é a melhor opção. "Com o maior número de subpopulações, há alianças de grupos que não são preconceituosos e eles podem cooperar sem serem explorados. Isso também atenua sua condição de minoria, o que diminui as chances do preconceito assumir o controle. Isso, porém, requer circunstâncias nas quais os indivíduos envolvidos têm uma disposição maior no sentido de interagir com quem não está em seu grupo.

É uma conclusão que aponta algo que nós humanos sabemos bem: conviver e respeitar as diferenças é o antídoto mais eficiente contra o preconceito.