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Tô nem aí! Musk diz que tuíte que custou US$ 20 milhões 'valeu a pena'

Helton Simões Gomes

Do UOL, em São Paulo

30/10/2018 12h02Atualizada em 11/02/2019 09h58

Se você tivesse publicado um tuíte que o fizesse ser processado pelas mais altas autoridades do seu país, afastado do conselho de diretores da empresa que você fundou e ainda lhe custasse US$ 20 milhões, como você se sentiria?

Elon Musk, CEO da Tesla, foi protagonista da situação descrita acima e possui uma opinião bastante peculiar:

Valeu a pena

Como é de costume, o bilionário recorreu a sua conta pessoal no Twitter para reclamar. Dessa vez, ele estava inconformado com a reação de alguns usuários ao seu comportamento na rede social:

No Twitter, as curtidas são raras e o criticismo é brutal

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A publicação gerou uma onda de réplicas. Um dos seguidores de Musk respondeu:

'Curtidas são raras' já deram 19 mil curtidas a você

Antes de continuar, uma atualização: o post em que Musk reclamava de não receber curtidas rendeu 169 mil curtidas. Continuando a conversa, o executivo respondeu:

No Insta, 10% dos seguidores curtem qualquer post tosco. No Twitter, bons posts recebem 1%

Outras pessoas respondem até que um usuário disparou:

E sobre aquele [tuíte] que custou US$ 20 milhões a você? Como foi o indicador de 'curtida' dele?

Eis que Musk rebateu:

Valeu a pena

O tweet polêmico de Musk foi publicado em 7 de agosto. Ele disse que estava considerando fazer da Tesla uma empresa pública após comprar por US$ 420 os papéis da empresa que são negociados na Bolsa. E também garantiu que já tinha fundos assegurados para a operação.

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Dias depois, veio à tona que o plano não passava de uma ideia, que ainda estava sendo alinhada com investidores e fundos de investimento. Ou seja, não havia "fundos assegurados" para a compra de ações.

A mensagem de Musk no Twitter chamou a atenção apenas das autoridades dos Estados Unidos. O Departamento de Justiça iniciou uma investigação preliminar. A SEC, xerife do mercado financeiro norte-americano e equivalente à CVM nos EUA, chegou a processar Musk e a Tesla na Justiça. Mas fechou um acordo em que exigiu a saída dele do conselho de diretores e o pagamento de US$ 20 milhões tanto por Musk quanto pela Tesla.

Entenda o caso

A SEC explica que Musk e alguns diretores da Tesla estavam, desde 2017, negociando com um fundo de investimento soberano um grande aporte para que a empresa construísse uma fábrica no Oriente Médio.

Em uma reunião em julho de 2018, Musk foi informado por um representante do fundo que a firma já havia adquirido 5% das ações da Tesla na Bolsa e tinha interesse de tornar a empresa privada. Só que não houve nenhuma sinalização do fundo de que o acordo estava fechado ou quais seriam as condições do negócio. 

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Ainda assim, cinco dias antes do fatídico tuíte, Musk enviou um email ao alto escalão da Tesla. O título da mensagem era "Oferta para tornar Tesla privada por US$ 420". Nela, Musk explicava que a estratégia de tirar a Tesla da Bolsa poderia impedir os "ataques difamatórios" de quem vendia ações da empresa a descoberto - operação de quem espera que os papéis caíam - e que resultam em "grande dano ao valor da marca".

Musk pediu que o assunto fosse levado à apreciação dos acionistas o mais rápido possível, porque a oferta expiraria em 30 dias. O cálculo do valor a ser pago por ação, de US$ 420, também foi feito por Musk. O preço acrescentaria um prêmio de 20% sobre o valor de fechamento daquele dia.

Só que, considerando essas premissas, o valor deveria ser de US$ 419. O executivo argumentou que decidira arredondar o valor porque descobrira recentemente a correspondência entre o número e a maconha e acreditava que sua namorada "acharia divertido, o que admitia não ser uma boa razão para pinçar um preço".

Além disso, o fundo, que estaria supostamente interessado em financiar o fechamento de capital da Tesla, só foi contatado em 10 de agosto, três dias após Musk ter publicado os tuítes.