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Histórico de briga de patentes revela encontro de Jobs com Samsung antes de ação judicial

Steve Jobs, cofundador da Apple morto em 2011, fez reunião com Samsung antes do lançamento do smartphone Galaxy S, segundo fontes - Reprodução
Steve Jobs, cofundador da Apple morto em 2011, fez reunião com Samsung antes do lançamento do smartphone Galaxy S, segundo fontes Imagem: Reprodução

Dan Levine e Poornima Gupta

Em San Francisco

27/08/2012 12h09Atualizada em 27/08/2012 13h42

Em agosto de 2010, poucos meses depois que a Samsung Electronics lançou seu celular inteligente Galaxy, uma equipe de advogados da Apple foi à Coreia do Sul.

Steve Jobs, o cofundador da companhia, morto em 2011, já havia dito a executivos da Samsung, em uma reunião semanas antes, que considerava o Galaxy S, baseado no sistema operacional Google Android, como cópia ilegal do iPhone. Mas dado o forte relacionamento de negócios entre as duas empresas --a Samsung é um dos principais fornecedores da Apple-- uma solução negociada parecia provável.

Os advogados da Apple foram muito diretos. O segundo slide de sua apresentação afirmava que o Android havia sido criado para levar empresas a imitar o design e a estratégia de produto do iPhone.

Mas a reunião não correu bem, de acordo com uma pessoa que conhece bem o caso. Os advogados da Samsung se irritaram com a acusação de cópia, e mencionaram diversas patentes da empresa que alegaram estar sendo usadas pela Apple sem autorização.

A reunião revelou um desacordo fundamental entre as companhias e preparou o terreno para uma amarga disputa de patentes em múltiplos países, que resultou na sexta-feira no veredicto de que a Samsung violou patentes da Apple. O júri concedeu 1,05 bilhão de dólares em indenização à Apple, e o montante pode ser triplicado porque o júri considerou que a Samsung agiu deliberadamente.

A Samsung agora enfrenta uma dispendiosa proibição à venda de seus principais celulares inteligentes e tablets. As ações da Samsung --a maior empresa mundial de tecnologia por receita-- caíram em mais de sete por cento nesta segunda-feira, no maior recuo percentual em quatro anos, o que reduziu em 12 bilhões de dólares a capitalização de mercado da empresa.

A Samsung anunciou que recorrerá da decisão, e as batalhas mundiais de patentes entre as companhias estão longe de acabar. Mas por enquanto, ao menos, a decisão de um caso que era visto como crucial promete reordenar o balanço competitivo do setor.

A vasta maioria dos processos de patentes são decididos por acordo antes de chegarem ao tribunal, especialmente entre concorrentes. Mas neste caso havia muito em jogo, e as empresas divergiam na interpretação de questões legais complexas.

Quando chegou o julgamento, os advogados da Samsung se equivocaram ao calcular que um veredicto em favor da Apple prejudicaria a livre concorrência no mercado. O júri, presidido por um homem que detém uma patente, se deixou convencer pelos apelos da Apple pela proteção à inovação. Para os jurados, não parece ter havido muita dúvida.

Um porta-voz da Samsung em Seul não quis comentar de imediato.