Dilma busca ajuda para cabo Brasil-Europa, evitando conexões pelos EUA
BRUXELAS, 24 Fev (Reuters) - A presidente Dilma Rousseff aproveitou uma cúpula anual Brasil-União Europeia, nesta segunda-feira, para promover o projeto de construção de um cabo submarino de comunicações direta com a Europa, reduzindo assim a dependência brasileira em relação aos cabos norte-americanos, após relatos de que os EUA espionaram cidadãos e empresas do Brasil.
Dilma quer definir o financiamento para o projeto de 185 milhões de dólares, que pode ser implantado já no ano que vem, segundo autoridades do Brasil e da UE.
"Estamos trabalhando na arquitetura financeira de uma ligação de fibra óptica que seria uma conexão direta entre Brasil e Europa", disse um membro da delegação de Dilma que foi a Bruxelas para as reuniões com os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.
"A ligação por cabos de fibra ótica submarinos é uma questão importante para o Brasil. A ligação com a Europa significa uma diversificação das conexões que o Brasil tem com o resto do mundo, para nós será importante construir esse caminho estratégico", disse Dilma durante pronunciamento após as negociações, em Bruxelas.
"O Brasil fará todos os esforços nesse sentido e também a União Europeia me reiterou a mesma disposição", acrescentou.
No ano passado, Dilma adiou uma visita de Estado aos EUA, em protesto contra a vigilância que a Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA, na sigla em inglês) exercia sobre o celular e email dela.
A questão da espionagem, revelada pelo ex-técnico de inteligência Edward Snowden, também incomodou os europeus, pois também foi revelado que os EUA espionavam a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, e algumas instituições da UE.
O Brasil depende de cabos submarinos norte-americanos para a maior parte das suas comunicações com a Europa. O único cabo entre Europa e Brasil é antigo e usado apenas para comunicações de voz.
"No que diz respeito à questão cibernética, partilhamos de um interesse comum em um equilíbrio correto entre privacidade e abertura na Internet", disse o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, ao receber Dilma --mas sem citar diretamente o projeto do cabo submarino.
Pelos atuais planos, uma "joint venture" entre a Telebras e a espanhola IslaLink vai instalar os cabos. A Telebras terá uma participação de 35 por cento, a IslaLink poderá ficar com 45 por cento, e fundos de pensão europeus e brasileiros assumiriam o restante.
Uma fonte oficial disse que o controle geral do projeto deverá ser do Brasil, e que por isso os fundos de pensão brasileiros investirão mais que os europeus.
(Reportagem adicional de Anthony Boadle em Brasília)
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