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26/02/2010 - 14h26 / Atualizada 28/02/2012 - 18h09

Tendência clara em projetores de bolso

DAVID POGUE
The New York Times
  • Reprodução

    Para o colunista David Pogue, os projetores de bolso serão tendência neste ano

Toda nova tecnologia segue um certo ciclo. Quando surge uma nova categoria — o videocassete, o tocador de MP3, o netbook — os primeiros modelos são rudimentares, caros e com energia insuficiente para sua operação. Vários meses depois, outras empresas entram correndo no mercado, derrubando os preços e aumentando a qualidade. Poucos anos depois, o videocassete, o tocador de MP3 ou netbook chegam à sua forma final, com apenas aprimoramentos menores nos anos por vir.

No ano passado, o mundo arregalou seus olhos coletivos enquanto testemunhava o surgimento do projetor pico: um dispositivo minúsculo, do tamanho de um celular, capaz de projetar suas fotos, vídeos ou documentos de PowerPoint em uma tela ou parede. Uma parede pequena, na verdade — a maior imagem tem 1,2 a 1,5 metro na diagonal, e apenas em um quarto escuro.

Mesmo assim, as possibilidades são irresistíveis. Em um voo, você não está condenado a assistir seu filme em uma tela de 3 polegadas do iPod; você pode usar o assento da frente ou até mesmo o teto como tela. Em um camping, você pode rever as fotos do dia na parede de sua barraca. No elevador, é possível fazer uma apresentação improvisada de PowerPoint para um grande investidor. Em casa, na cama, você pode apagar as luzes, apontar o aparelho para o alto e desfrutar de uma grande imagem brilhante no teto.

Bem, estamos em 2010 e é hora da segunda onda de projetores pico.

Há duas tendências pico a observar em 2010: celulares com projetores integrados e projetores que usam lasers para melhor nitidez e brilho. Nos Estados Unidos, o LG Expo é o primeiro do primeiro tipo, e o Aaxa L1 é o primeiro do segundo.

  • Reprodução

    O celular LG Expo vem com um picoprojetor acoplado à parte traseira do aparelho

O projetor-celular da LG
Bem, eu não sei que executivo da LG concordou em lançar o Expo, mas vamos torcer para que considere mais gratificante trabalhar, digamos, em uma granja. Eu não me recordo de um telefone mais frustrante. Ele supostamente deveria ser um telefone de negócios rodando Windows Mobile 6.5 (isso mesmo, uh-oh). Dentro, é uma bela máquina: US$ 200 após desconto com contrato da AT&T, teclado que desliza para fora com o polegar (grande, mas chato e escorregadio), Wi-Fi, Bluetooth, GPS, câmera com foco automático de 5 megapixels, trabalha com documentos do Microsoft Office.

Infelizmente, o telefone interessante está preso atrás de uma tela de toque que empaca mais do que um burro com oscilações de humor. Você tenta rolar uma lista arrastando se dedo pela tela, mas nada se move. Três, quatro, cinco vezes. Então você aperta um pouco mais forte e agora a lista se move, mas tão logo você ergue o dedo, ela volta para onde estava!

A frustração é aumentada pelo design do programa; muitos dos elementos na tela são minúsculos demais para que você ativar com seu dedo. Então o que fez a LG? Ela dá uma caneta stylus.

Uma stylus? O que é isso, 1996?

Pior, não há lugar para guardar a caneta — nenhum pequeno silo, bolso ou encaixe onde possa colocá-la, como nos tempos do velho PalmPilot. Você perderá a caneta em três dias, mas não importará muito, porque a essa altura você já terá atirado o telefone pela janela.

Há um leitor de impressão digital abaixo da câmera, fornecendo “segurança biométrica” (boa sorte para descobrir como funciona, já que o manual nem mesmo a menciona). Mas você também pode passar seu dedo por ele para rolar a tela.

Mas mesmo isso não funciona direito. Aperte de modo muito leve e nada é registrado; aperte mais forte, e você acaba clicando, ativando uma função que não desejava.

Tudo bem, eu sei. Quem se importa, quando esta coisa tem um projetor integrado?

Na verdade, não é integrado. É um acessório de US$ 180. Você retira a tampa da bateria e a substitui pelo aparato do projetor, uma corcova quadrada do tamanho de um biscoito.

Um alerta terrível enche a tela do telefone: “Você pode mudar o layout da tela com pressão da tecla câmera a qualquer momento. Enquanto o projetor pico estiver ligado, função câmera não funciona.” Belo trabalho de linguagem, LG.

Você pode projetar qualquer coisa que estiver na tela do telefone: seu e-mail, o menu Iniciar, o teclado de discagem — ou, mais provavelmente, filmes, fotos e slides de PowerPoint.

O projetor conta com apenas 5 lumens — metade do brilho dos atuais projetores pico, e uma fração dos 2 mil lumens de um projetor de mesa. Ainda assim, em uma sala escura, é suficiente para propiciar uma imagem de 1,2 metro na parede — se você puder se afastar o suficiente. Mas você não conseguirá, porque independente do que faça com o ajuste de foco, a imagem do Expo fica fora de foco se você recuar cerca de 1 metro. Logo, a imagem com clareza máxima tem apenas cerca de 75 centímetros na diagonal.

Na Ásia, eles não precisam de projetores conectados; eles já possuem telefones projetores integrados. A corcova conectada da LG tem “tecnologia tapa-buraco” estampada por toda parte.

(Por que a indústria de eletrônicos acha que apenas os “consumidores” querem produtos elegantes, fáceis de usar, e que os profissionais podem ficar com detrito feio, mal acabado? Em algum nível, executivos também não podem ser considerados pessoas?)

Picoprojetor dedicado
A outra notícia pico é mais feliz. O L1 da Aaxa, que parece um celular robusto, é o primeiro projetor pico do mundo a incorporar lasers — vermelho, verde e azul — em vez de lâmpada ou LED habitual.

  • Divulgação

    Picoprojetores como o Aaxa L1 usam laser para oferecer melhor nitidez e brilho nas imagens

Os lasers deste projetor oferecem três vantagens sobre seus rivais. Primeiro, maior luminosidade — 20 lumens em vez de 10. Segundo, mais cores saturadas e mais riqueza de nuances. A aparência de fotos e vídeos é fantástica.

Terceiro, a luz laser está sempre no foco, independente da distância, mesmo se a “tela” for esférica ou curvada.

Custando US$ 600, o Aaxa é duas vezes mais caro que seus concorrentes. Mas ele pode fornecer duas vezes mais prazer e utilidade.

Por exemplo, a imagem do Aaxa tem melhor resolução: 800 X 600 pixels, em vez de 640 X 480 de projetores anteriores. Seu altofalante também é mais potente (alguns concorrentes nem mesmo possuem altofalante).

Mais importante, ele pode projetar a partir de quase qualquer fonte. Os cabos RCA e S-video incluídos permitem que você projete a partir de um aparelho de DVD, TiVo ou câmera de vídeo. O cabo VGA incluído permite projeção a partir do laptop ou computador. A Aaxa diz que um cabo de US$ 20 para iPod/iPhone será lançado em breve.

Dá até mesmo para plugar um pen drive repleto de músicas, filmes e até mesmo documentos do Word, PDF e PowerPoint. A propósito, há um flash de tela em branco toda vez que você muda slides do PowerPoint, mas você será o único no elevador capaz de fazer uma apresentação.

Há alguns probleminhas. Primeiro, o L1 reconhece apenas certos formatos de vídeo (AVI, ASF, WMV, MPG). (Tamanho máximo: 720 X 576 pixels para a maioria dos formatos, apenas 320 X 240 para WMV.) Converter seus filmes pode ser uma dor de cabeça.

Também espere alguma perturbação ao conectar seu laptop, como replugar o cabo e mudar a resolução da tela de seu laptop. O programa do projetor também não é um exemplo de simplicidade; você aperta botões iluminados no L1 para navegar por uma lista desajeitada de comandos e arquivos tipo DOS.

Finalmente, apesar da imagem do L1 ser grande e brilhante, ela é um pouco — qual o termo técnico? — cintilante. De perto, a imagem parece estar sendo projetada em um tela de cinema feita de pequenas contas de vidro. A empresa chama isso de “speckling” (manchamento) e diz que é resultado da interação entre os três lasers. Ela pretende minimizar o efeito em futuros modelos.

Ambos os novos produtos pico — o LG Expo e o Aaxa — estão no prazo correto. Eles são avanços na evolução em andamento de um dispositivo. Mas uma coisa é certa: os projetores pico têm um futuro muito brilhante, de alta resolução.

Tradução: George El Khouri Andolfato

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