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10/06/2010 - 10h05 / Atualizada 10/06/2010 - 10h23

Novos aplicativos para iPhone colocam você na música

DAVID POGUE
Do New York Times

As pessoas sempre dizem que um app phone –um iPhone ou Android, por exemplo– é como um cruzamento entre celular e notebook. Lamento, mas isso é tolice.

Um app phone é equipado de forma completamente diferente tanto de um celular quanto de um notebook. Ele tem tela de toque, entradas e saídas de áudio, GPS, sensor de inclinação, sensor de luz, sensor de proximidade, três tipos diferentes de conexões sem fio –é uma coisa completamente diferente. Não dá para traçar um gráfico em linha reta ligando um celular, um app phone e um laptop; é preciso um triângulo.

O resultado desta lista única de equipamentos é que um app phone pode rodar aplicativos (“apps”, pequenos programas de propósito dedicado) como o mundo nunca viu antes. Entre os 200 mil programas disponíveis para o iPhone, por exemplo, dois novos deixam isso bem claro. Ambos visam transformar sua voz de canto abaixo da média em algo profissional e incrível, ambos representam um cruzamento atraente de cultura pop e tecnologia popular, e ambos dependem das características singulares do iPhone para fazê-lo.

Ambos lhe proporcionarão mais satisfação e alegria criativa do que você poderia esperar de um celular.

Mix Me In2

Primeiro, vem aí o Mix Me In2 Taylor Swift, que deverá chegar à iTunes app store por volta de 20 de junho. (Nota cultural: Taylor Swift é a estrela pop de 20 anos que é considerada a cantora mais baixada pela Internet do mundo. Ela apresentará oficialmente o aplicativo em um Taylorfest de 13 horas em Nashville, neste domingo.)

Este aplicativo de US$ 3 vem com dois sucessos de Swift (“Love Story” e “You Belong With Me”). Quando você abre o programa e seleciona uma canção, você vê pequenos avatares animados, ao estilo Guitar Hero, com movimentos espasmódicos, da cantora e sua banda, e a gravação familiar tem início.

Mas agora vem a parte divertida. Você pode escolher um dos personagens –o baterista, o baixista, guitarrista, cantora, qualquer um– para abrir uma nova tela, onde você pode mexer na mixagem. Por exemplo, você pode reduzir o volume da voz de Taylor em relação à banda, ou excluí-la totalmente.

Você também pode ouvir aquele canal isolado, ou mesmo substituir o instrumento, mudando o violão para, digamos, uma guitarra ou teclado.

Para inspiração, você pode ouvir alguns remixes prontos, onde todas as decisões foram tomadas para você. Você pode experimentar “Love Story” em uma versão urbana, uma versão acústica de cafeteria, uma versão só de piano e assim por diante.

De fato, há até mesmo um botão para gravar. Você pode substituir a voz de Taylor pela sua, liderando um motim da banda dela sem nenhuma consequência legal. A empresa diz que você pode comprar um cabo especial para conectar uma guitarra, para que possa substituir aquele canal também.

Quando você tiver concluído sua mixagem, a empresa diz que você poderá postá-la online, seja em seu próprio site (mixmein.com) ou no de Taylor Swift. (Nenhuma dessas funções já está funcionando.) Mais canções de Swift estarão disponíveis por US$ 2 cada e a empresa diz que adicionará canções de outros grupos continuamente nos próximos meses.

Remixar canções pop comerciais não é algo inteiramente novo; ao longo dos anos, Nine Inch Nails, Beck e outros ofereceram álbuns em edições “faça sua própria mixagem”. Mas poder fazer isso direto no seu telefone é muito melhor do que em seu PC. O aplicativo Taylor é um passatempo fascinante quando você está preso em uma fila ou esperando o avião ou, considerando o público de Taylor Swift, esperando para que sua mãe venha lhe buscar.

O aplicativo Taylor Swift usa tecnologia interessante, mas eu admito que ele interessou bem mais minha filha de 11 anos do que eu. O novo aplicativo Glee, entretanto, é outra história.

“Glee”, é claro, é a série de TV sobre um coral pop de colégio, todos desajustados com ótimas vozes (e, aparentemente, arranjadores profissionais e engenheiros de gravação). A trama e humor da série são legais, mas são as interpretações de canções pop que a tornaram altamente popular.

Glee no iPhone

  • Divulgação

    Aplicativo vem com uma banda de apoio e vozes para três canções da série Glee; você pode comprar canções adicionais por US$ 1 cada

Glee

O aplicativo Glee (US$ 1) exagera tudo isso.

Ele vem com uma banda de apoio e vozes para três canções da série (“Rehab”, “Somebody to Love” e “You Keep Me Hanging On”); você pode comprar canções adicionais por US$ 1 cada, diretamente pelo aplicativo (“Imagine”, “Lean on Me”, “Can’t Fight This Feeling” e assim por diante.) São faixas absolutamente bonitas, excelentemente interpretadas. Elas só precisam de sua voz.

Até aqui, isto é apenas o Music Minus One em um telefone. A emoção tem início assim que você começa a cantar neste aplicativo. Você simplesmente não consegue soar mal. Ponto.

O programa utiliza uma versão gentil, especial, de um autoafinador, o efeito de gravação que aproxima suas notas do tom correto mais próximo. (A maioria dos cantores pop de hoje utiliza rotineiramente a autoafinação durante o processo de gravação.) Você também recebe um reverb generoso e outros efeitos; é uma versão high-tech de cantar no chuveiro.

Mas o aplicativo também multiplica você, duplica sua própria voz e faz seus clones cantarem outras notas. Agora você canta em uma rica harmonia a quatro vozes com você mesmo, sem nenhum esforço. Se você der conta de cantar por conta própria, você pode desativar todo o processamento e se virar sozinho.

O resultado é empolgante, independente de quão ruim você seja como cantor. É a realização da fantasia de ser um astro pop por um dólar, e todo mundo que experimenta vai à loucura.

Também há um aspecto social eufórico no aplicativo Glee; você pode exibir suas canções finalizadas via Facebook, Twitter, MySpace ou e-mail. Aparentemente, a Smule, a empresa por trás do aplicativo Glee, possui advogados mais liberais do que o pessoal do Mix Me In.

Se você conquistar 50 ou 100 fãs para uma certa gravação que tenha feito, você destrava novas canções sem precisar pagar por elas.

Você também pode ouvir gravações de outras pessoas ou –e aqui as coisas ficam ainda mais inebriantes– pode gravar em cima delas. A Internet está repleta de gravações do aplicativo Glee exibindo quartetos de pessoas que nunca se encontraram pessoalmente, mas que soam de forma excelente juntas.

I Am T-Pain

O fato de o aplicativo Glee ser um tamanho sucesso técnico, musical e cultural não causa surpresa. Sua criadora, a Smule (co-fundada por Ge Wang, um professor de música por computador de Stanford), também está por trás de dois outros sucessos anteriores do iPhone. Há o Ocarina, que transforma seu iPhone em um instrumento de sopro, completo com dedilhado, e I Am T-Pain, um aplicativo de autoafinação divertido, mas menos ambicioso.

Gravar suas próprias coisas tanto no Mix Me In quanto no Glee exige um iPhone, iPad ou iPod Touch de segunda geração ou posterior. Os modelos Touch e iPhone originais exigem um microfone externo, como aquele nos fones de ouvido da Apple.

O que ambos os aplicativos ensinam é que para soar como um astro pop, talento de canto não é necessariamente um pré-requisito. (Isso fica especialmente aparente quando, bem, você isola o canal de voz de Taylor Swift no aplicativo dela.) Com esses aplicativos, você agora conta com a mesma estrutura de apoio que os profissionais. Você recebe todos os benefícios do processamento de voz de última geração –até mesmo uma amostra da adoração pública– que vem com o estrelato.

A parte mais empolgante, entretanto, pode não ser o que esses aplicativos podem fazer por você e sua carreira de cantor; é o que os próprios app phones estão fazendo pela cultura. Eles estão combinando tecnologia e arte de novas formas malucas. Quando foi que US$ 1 já lhe comprou tanta felicidade?

Tradução: George El Khouri Andolfato

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