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Como combater o desconforto provocado pelos fones de ouvido

Fone 50/50, da Skullcandy, vem com cabo colorido revestido por tecido e controle de volume - Divulgação
Fone 50/50, da Skullcandy, vem com cabo colorido revestido por tecido e controle de volume Imagem: Divulgação

DAVID POGUE

Do The New York Times

22/10/2010 13h32

Você tem problemas para fazer com que os fones earbuds do iPod permaneçam no seu ouvido? E qualquer exercício que você faça, por menor que seja, faz com que esses fones caiam das suas orelhas?

Você padece de uma ansiedade enorme por ser o único na sala que não consegue fazer algo tão simples como usar fones earbuds?

Bem, você não é o único. Assim como milhares de outros norte-americanos, você sofre da síndrome de deficiência de cartilagem para earbuds (ECDS, na sigla em inglês). Uma pesquisa no Google com a expressão em inglês “can't wear earbuds” (“não posso/pode usar earbuds”) gera 93.800 resultados, mas quando eu perguntei aos meus seguidores no Twitter quem mais tinha esse problema, uma quantidade enorme de gente se manifestou (sim, este é o tipo de pesquisa rigorosamente científica que eu faço).

Quem tem orelhas pequenas poderá descobrir que esses fones earbuds de tamanho único simplesmente não cabem nos seus ouvidos. Eles são muitos grandes – ou as orelhas do usuário são muito pequenas – para proporcionar um uso satisfatório.

Mas os indivíduos bem dotados no que se refere à cartilagem das orelhas também podem sofrer de ECDS. Se as orelhas forem muito grandes, esses discos de plásticos simplesmente caem.

Ou, assim como eu, o indivíduo pode ter nascido sem o antítrago, aquela pequena saliência cartilaginosas que mantém os earbuds no lugar (eu desconhecia completamente esta minha terrível deformidade até a invenção do iPod).

Felizmente, existe esperança. O tratamento vem em todos os formatos, tamanhos, designs e materiais. De fato, esses fones earbuds alternativos podem atrair até mesmo aquelas pessoas que têm orelhas normais, porque, convenhamos, os fones earbuds padrões podem ser desconfortáveis. Eles têm três características que diferem das suas orelhas: são duros, perfeitamente arredondados e de tamanho único.

Eis aqui as quatro categorias de soluções para a ECDS:

PRENDEDORES DE EARBUDS: a primeira abordagem é adicionar algo aos seus fones earbuds para fazer com que eles se prendam de maneira mais eficaz às orelhas e sejam mais confortáveis. Um acessório como, por exemplo, o EarBudis (US$ 10/R$ 16,75), que são ganchos de borracha usados sobre a orelha que são afixados aos fones earbuds padrão da Apple.

Eles mantém os earbuds no lugar, mas nada ajudam quanto ao tamanho e a dureza do material desses fones. Se os fones earbuds não eram confortáveis antes, eles não se tornarão confortáveis agora.

  • Divulgação

    Com custo aproximado de US$ 20, os Yurbuds são funis curvos de silicone que prendem-se aos fones

O Comply Woomps (US$ 20/R$ 33,50 por dois pares) é um conjunto de extensões estreitas e cilíndricas de espuma para os seus earbuds. Novamente, a ideia é afixar o aparelho mais firmemente ao canal auricular do consumidor sem obrigá-lo a comprar novos fones earbuds. Infelizmente, embora a espuma segure o dispositivo no lugar, ela logo se torna desconfortável.

O Yurbuds (US$ 20) consiste de funis curvos de silicone que prendem-se aos fones earbuds. Eles tornam os earbuds mais macios, aumentam a sua aderência e melhoram a qualidade do áudio. O consumidor tem que mandar uma foto da orelha para a companhia que fabrica o aparelho a fim de que este venha no tamanho exato. O Yurbuds funciona muito bem. No entanto, para os indivíduos desprovidos de antítrago, nem mesmo os Yurbuds proporcionam uma garantia total contra quedas.

FONES EM FORMATO DE GANCHO: Uma outra solução são os fones em formato de gancho. Mas eles podem atrapalhar o uso de óculos.

O Philips SHQ3000 (US$ 16/R$ 26,80) é um fone earbuds à prova d'água e de cor laranja brilhante. O usuário pode correr com ele na chuva, lavá-lo em uma pia e suar à vontade sem que o aparelho sofra um curto circuito. Esse fone vem com um prendedor para a roupa do usuário (um dispositivo que reduz a tensão sobre o cabo), um estojo de transporte e encaixes confortáveis de borracha para as orelhas em todos os tamanhos. Pena que o som produzido seja meio abafado.

Os fones earbuds MDR J10 da Sony são ainda mais baratos: US$ 8 (R$ 13,40). É verdade que eles são feitos de plástico de qualidade inferior. Mas eles se prendem muito bem às orelhas, colocando os pequenos auto falantes integrados no lugar correto sem assistência da cartllagem. O som é surpreendentemente claro e rico; quem não conhecesse o seu preço jamais adivinharia que o aparelho custa apenas US$ 8 (eu imaginaria um preço mínimo de US$ 11).

A Sony também fabrica o MDR AS20J (US$ 13/R$ 21,78), cujo “gancho” de borracha preta não é simplesmente colocado sobre a orelha – ele tem um formato oval, de forma que as suas bordas acompanham toda a orelha. Esse design é ideal para os indivíduos destituídos de antítragos. Na verdade, este dispositivo ficará no lugar certo mesmo se você não tiver o antítragos, a fossa escafóide, a concha e o lóbulo da orelha. O som é pelo menos tão bom quanto os dos fones earbuds do próprio iPod.

  • MDR AS20J (US$ 13/R$ 21,78),

    O MDR AS20J, da Sony, tem um suporte para a orelha

Já o fone Bang & Olufsen (US$ 160/R$ 268) tem muito menos sucesso. É claro que ele tem estilo, e ajusta-se de três maneiras: o gancho abre-se e fecha-se, o earbud desliza para cima ou para baixo e gira para dentro ou para fora. Mas os earbuds – ou auto falantes – propriamente ditos são discos redondos e duros como os do iPod, de forma que não são confortáveis. Eles também exigem muitos ajustes para que fiquem no lugar.

FAIXAS DE CABEÇA (Headbands): o sucesso da Sony com plástico barato continua com o MDR AS35W (US$ 20/R$ 33,50). O dispositivo consiste de uma faixa dobrável que dobra os earbuds de forma que estes encaixem-se nas orelhas. Incrivelmente leves (e de aparência barata), eles são incrivelmente confortáveis, e ficariam no lugar certo mesmo se o usuário não tivesse orelhas.

IN-EAR: os audiófilos rejeitam os fones earbuds tradicionais não porque estes caem das orelhas, mas sim porque eles são baratos e não apresentam um som muito bom. Esse tipo de usuário prefere os fones do tipo in-ear, cujas bordas de borracha ou espuma encaixam-se dentro do canal do ouvido.

O design faz mais do que prevenir a queda do aparelho. Ele também bloqueia os sons externos, proporcionando um pouco de redução de ruídos em, por exemplo, viagens de avião (e tornando-os mais perigosos para quem faz corridas ou anda de bicicleta). E, ao selar o ouvido, eles proporcionam um som de qualidade bem melhor.

Cada tipo vem com encaixes diferentes: cones de silicone, cilindros de espuma e assim por diante. O que o usuário deseja é ser capaz de encontrar um encaixe que possa ser utilizado confortavelmente durante várias horas e que ainda assim mantenha as orelhas acusticamente seladas.

Os fones do tipo in-ear podem custar mais do que o próprio aparelho reprodutor de músicas – mas isso não é nenhum empecilho para os audiófilos. O que ocorre é algo semelhante ao que fazem aqueles fotógrafos que compram uma lente mais cara do que a câmera.

Há aparelhos de todos os preços. A Skullcandy possui uma linha inteira de fones in-ear baratos, como o 50/50 (US$ 45/R$ 75,38). Eles vêm com um cabo colorido revestido por tecido, controle de volume no cabo, três tamanhos de encaixes auriculares e até mesmo um microfone para uso com o iPhone ou o iPod Touch. Infelizmente, a qualidade do som não chega nem perto daquela proporcionada pelos modelos in-ear mais caros.

Ao criar o seu Metal Remix Remote (US$ 70/ R$ 117,25), a V-Moda não mediu esforços para manter o aparelho na cabeça do usuário. Ele vem com encaixes de quatro tamanhos diferentes, um prendedor para a camisa e até mesmo ganchos opcionais para serem usados sobre as orelhas (esses ganchos possuem “tecnologia Active Flex”, que, até onde eu posso dizer, significa que eles são um pouco dobráveis). A única coisa que faria com esses fones earbuds permanecessem presos mais firmemente às orelhas seria cola SuperGlue.

Estes fones também vêm com controle de volume no cabo.

O Etymotics HF3 (US$ 180/ R$ 301,50) também traz controles, e um microfone, no cabo. Ele vem com vários encaixes e é possível pagar US$ 100 (R$ 167,50) extras para a obtenção de encaixes mais personalizados, que são fabricados com o formato exato da orelha do usuário.

O meu favorito é o Klipsch x10i. É verdade que eles custam US$ 350 (R$ 586,25), mas o som reproduzido é simplesmente fantástico. Com a controle de volume pela metade , o som deste aparelho tem uma altura igual a de outros earbuds regulados para potência máxima. Ele vem acompanhado de cinco encaixes, controles de cabo e um prendedor para camisa. Os encaixes são ovais, e, portanto, são extremamente confortáveis.

Na Internet, as pessoas falam sobre o som maravilhoso do fone in-ear Shure SE 535 (US$ 450/ R$ 753,75). Ele inclui controles de volume no cabo e várias modalidades de encaixes. Os primeiros centímetros do cabo são dobráveis, de forma que ele pode ser ajustado sobre as orelhas. E este fone vem em uma maravilhosa caixa de alumínio.

Esses fones vêm com “Triple High-Definition MicroDrivers”. O que quer que isso signifique, esse acessório ocupa um pequeno espaço, do tamanho de um feijão, no qual deveria ficar o antítragos.

Se você também sofre de ECDS, as soluções existem. Se o que atrapalha é uma deformidade da orelha, os fones da Sony são muito baratos e têm uma qualidade de som surpreendente. Se o problema for o desconforto com a dureza do material, e os encaixes redondos, pode-se usar o Yurbuds ou modelos in-ear como o Skullcandy, o V-Moda e o Klipsch. Com isso, a população que tinha problemas com fones earbuds poderá andar de cabeça erguida, por ter finalmente superado a sua deficiência e se integrado ao grupo dos usuários normais.