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Como ter o Windows no iPad - e com a internet mais rápida que você já viu

David Pogue

Do New York Times

24/02/2012 10h18

Você provavelmente está pagando algo como US$ 60 por mês por Internet de alta velocidade. Eu estou pagando US$ 5 mensais, e a minha conexão é mil vezes mais rápida.

O seu iPad não reproduz vídeos em Flash na Web. O meu faz isso.

A sua cópia do Windows precisa de constantes atualizações, consertos e proteção contra vírus e spywares. Já a minha está sempre limpa e atualizada.

Não, eu não sou nenhum tipo de elitista tecnológico. Você também pode usufruir disso. Tudo o que é necessário fazer é comprar um serviço radical para o iPad chamado OnLive Desktop Plus.

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    O OnLive Desktop dá ao iPad a cara do Windows

Estamos falando de um pequeno aplicativo, de apenas 5 megabytes. Quando o abrimos, vemos um área de trabalho Windows 7 comum, bem na tela do iPad. As últimas versões integrais de Word, Excel, PowerPoint, Internet Explorer e Adobe Reader estão instaladas e prontas para uso. Não é necessário instalação, números de série, e não há nenhum balão que aparece de repente pedindo ao usuário que atualize isso ou aquilo. Essa pode ser a versão menos irritante do Windows que nós já usamos.

Isso é notável – mas o mais incrível é aquilo que se passa por detrás dos bastidores. O PC que coordena a sua experiência de Windows no iPad é, na verdade, uma “fazenda” de computadores instalados em um dos três centros de dados a milhares de quilômetros de distância. Toda vez que damos um toque na tela, percorremos uma lista ou digitamos no teclado de tela, nós estamos enviando sinais para esses computadores distantes. A imagem na tela é mandada de volta para o nosso iPad com uma lacuna de tempo surpreendentemente pequena.

Existe uma quantidade insana de tecnologia por trás desse aplicativo – segundo o fundador da companhia, foram necessários dez anos para elaborá-lo (ele é um veterano da equipe original do QuickTime da Apple e das equipes da WebTV e da Xbox da Microsoft). O OnLive Desktop baseia-se no negócio original da companhia, um serviço que permite que os usuários joguem videogames sofisticados em Macintosh ou em computadores Windows de pouca potência, como os netbooks.

A versão gratuita do serviço OnLive Desktop foi lançada em janeiro. Ela traz os programas Word, Excel e PowerPoint, alguns aplicativos básicos para Windows ( como Paint, Media Player, Notepad e Calculadora), e memória de 2 gigabytes.

Vários aplicativos nos fornecem versões simplificadas do Office para o iPad. Mas o OnLive Desktop fornece o pacote completo Windows Office. No Word, acesso a recursos complexos como o acompanhamento de mudanças em arquivos e padrões tipográficos de ponta. No PowerPoint, podemos fazer apresentações de slides com o iPad sem perder nenhum recurso útil como fade, zoom e animações.

Graças ao próprio add-on Touch Park da Microsoft, tudo isso funciona com movimentos dos dedos sobre a tela. Podemos abrir dois dedos sobre ela para fazer um zoom nos documentos do Office. E também há um incrível sistema de reconhecimento de texto manuscrito e conversão para texto padrão (embora um teclado Bluetooth funcione melhor). E também dá para fazer rolagem por listas na tela.

Em vez de clicar o mouse sobre imagens, pode-se simplesmente dar um toque na tela, embora uma caneta especial funcione melhor do que a ponta do dedo; muitos dos controles do Windows são muito diminutos para que se possa fazer essa operação de maneira precisa com o dedo (em um PC Windows de verdade, poderíamos abrir o Painel de Controle para aumentar o tamanho dos controles para serem usados em toque de tela – mas o PC simulado do OnLive não conta com o Painel de Controle, algo que é um dos poucos pontos negativos do aplicativo).

O OnLive Desktop é enxuto e muito bom. E rápido. Em que PC é possível abrir o Word em um segundo? Mas a única maneira de inserir e retirar arquivos do OnLive Desktop é usando uma pasta Documentos na área de trabalho. Para acessá-la, é preciso que se visite o website do OnLive em um PC de verdade.

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    O aplicativo traz as últimas versões integrais e prontas para uso de Word, Excel, PowerPoint, Internet Explorer e Adobe Reader

A novidade atual é o novo serviço, chamado OnLive Desktop Plus. Ele não é gratuito – custa US$ 5 por mês – mas traz Adobe Reader, Internet Explorer e uma conexão de 1 gigabit por segundo com a Internet.

Não, isso não foi nenhum erro de digitação. E “Internet de 1 gigabit” significa a conexão mais rápida que você já usou na vida – no seu iPad. Isso significa uma velocidade 500 ou 1.000 vezes maior do que provavelmente se consegue em casa. Ou seja, é possível fazer download de um arquivo de 20 megabytes antes de erguermos o dedo da tela.

A mesma velocidade é obtida em ambas as direções. E possível fazer o upload de um arquivo de 30 megabytes em um segundo. E, lembre-se, você está usando um computador Windows de ponta, de forma que é possível reproduzir qualquer tipo de vídeo encontrado online. O OnLive Desktop Plus transforma o iPad fazendo com que ele deixe de ser um tablet incapaz de reproduzir Flash e transforme-se no melhor reprodutor de Flash que já usamos. E, sim, isso inclui os vídeos do Hulu.com, que sem esse recurso não poderiam ser vistos no iPad.

A versão Plus da conexão de Internet faz uma diferença enorme. Agora podemos usar o DropBox para transferir arquivos para o iPad a partir de outros equipamentos, como Macs e PCs. (segundo a companhia, é por isso que o serviço Plus ainda oferece apenas 2 gigabytes de espaço para os nossos arquivos. Ela deduz que agora nós contamos com a Internet inteira como memória). O usuário pode acessar o Gmail, o Yahoo Mail, e-mails corporativos Exchange e outras contas online – de uma forma incrivelmente rápida.

Mas você pode esta se perguntando: para que uma conexão de 1 gigabit do lado do OnLive, se a conexão bem mais lenta do meu lado é o gargalo do processo?

O segredo é que o OnLive não envia para você todos os dados da sua sessão de navegação na Web. Ele só manda um fluxo de vídeo do tamanho da tela do seu iPad, e nada mais. Por exemplo, se você estiver assistindo a um vídeo de alta definição, o OnLive reduz os dados a apenas aquilo que o iPad é capaz de exibir. Se você empurrar o vídeo para fora da tela, o OnLive para de enviar esses dados.

O OnLive (gratuito) e o OnLive Plus (US$ 5 por mês) são dois passos brilhantemente executados rumo ao há muito prometido mundo da computação do tipo “thin client”, no qual nós podemos utilizar computadores baratos e de pouca potência para executar programas online. Mas os próximos planos da companhia são ainda mais empolgantes.

Por exemplo, ela pretende desenvolver um terceiro serviço, chamado OnLive Pro (US$ 10 por mês), que permitirá ao usuário executar o programa Windows que desejar. Photoshop, Firefox, Autodesk, jogos – qualquer coisa.

A companhia ainda não sabe como isso funcionará. De alguma forma, nós teremos que provar que atualmente somos donos do software que está sendo executado nos servidores dela. Mas será incrível quando pudermos executar qualquer programa Windows no nosso iPad.

E não apenas no iPad. A companhia está trabalhando também no sentido de possibilitar o uso do OnLive em tablets Android, iPhones, iPod Touches, Macs, PCs e até mesmo televisores.

Subitamente os fãs do Mac contarão com todo o universo do Windows e todos os seus programas – sem as penalidades em termo de velocidade e memória que caracterizam programas como o Parallels e o VVWare. E ninguém terá que se preocupar com vírus, spywares ou atualizações de software; os PCs virtuais OnLive sempre funcionam maravilhosamente.

De fato, tudo isso é tão bom que parece quase uma ingratidão apontar as falhas. Mas vamos lá.

O intervalo entre o toque do dedo e a resposta da tela é geralmente pequeno. Mas quando pintamos ou usamos o reconhecimento de escrita, esse intervalo é irritante.

Como estamos assistindo de fato a um video stream, às vezes presenciamos problemas típicos como blocos de textos de baixa resolução que rapidamente ficam nítidos.

O pessoal do OnLive diz que o seu serviço funciona muito bem por meio de conexões de telefone celular 4G (como aquela fornecida pela LTE MiFi) – mas as conexões 3G e os hot spots Wi-Fi sofríveis de hotéis são muito lentos para serem satisfatórios. O OnLive quer que haja do nosso lado da conexão pelo menos 2 megabits por segundo.

Finalmente, é preciso conectar-se novamente ao OnLive toda vez que quisermos usá-lo, mesmo se tivermos apenas dado uma saída rápida para um outro aplicativo iPad (os técnicos do OnLive dizem que consertarão esse problema).

Mesmo assim, o OnLive é a melhor propaganda já vista para a computação em nuvem. Esta é uma tecnologia fantástica e extremamente refinada. Ela abre um universo de software e de potência que estava além de tudo o que se podia imaginar para o iPad. E o esforço consiste apenas em dar alguns toques de tela.