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01/05/2008 - 10h28

Esqueça o LCD e o plasma; chegou a hora do Oled

David Pogue
A vida tecnológica moderna está cheia de dilemas antigos, questões que parecem jamais desaparecer. Mac ou Windows? Desligar o computador toda noite ou deixá-lo "dormindo"? Plasma ou LCD?

Felizmente, esta última pergunta em breve terá uma resposta. Existe um televisor novo na área, e a sua imagem é tão impressionante que faz com que, perto dele, as imagens de plasma e LCD pareçam-se com desenhos rupestres.

TVs OLED
Crédito
TV Oled tem tela de 11" e custa US$ 2.500
MAIS FOTOS: ÁLBUM DO MÊS
Trata-se do diodo orgânico emissor de luz, ou Oled (sigla do inglês Organic Light-Emitting Diode). Esta tecnologia já ilumina alegremente há uns dois anos as telas de certos modelos de telefones celulares e aparelhos de música, mas a Sony é a primeira companhia a oferecê-la em uma tela de televisão.

É o televisor XEL-1, que só está disponível em lojas SonyStyle. A qualidade da imagem é tão incrível que a Sony deveria incluir um amortecedor para os queixos caídos.

Em uma loja da rede Best Buy, eu fiz um pequeno teste. Coloquei o XEL-1 ao lado de aparelhos de plasma e LCD de última geração— todos conectados à mesma fonte de sinal de vídeo para facilitar a comparação—, e registrei as reações de consumidores e funcionários. Para definir a nova imagem eles usaram adjetivos como "impressionante", "surpreendente", "incrível" (duas vezes) e "maravilhoso (cinco vezes).

Eles têm razão. A imagem do XEL-1 é tão colorida, vibrante, rica, real e cheia de contrastes que faz a gente perder o fôlego. É como olhar uma paisagem por uma janela. Uma janela sem vidraças.

Mencionem qualquer problema inerente ao plasma ou ao LCD— falta de nitidez das imagens em movimento, iluminação desigual ao longo da tela, pretos que não são bem pretos, brancos que não são bem brancos, ângulo de visão limitado, cores não muito reais, brilhos que ficam enfraquecidos em salas muito claras, efeito screen-door quando o telespectador está próximo à tela. Neste novo televisor esses problemas foram resolvidos.

Teoricamente o plasma deveria proporcionar pretos mais escuros do que o LCD, mas o Oled supera ambos. Perto deste televisor, até mesmo os pretos da adorada tela de plasma Pioneer Kuro— e kuro de fato significa preto em japonês— dá a impressão de ser um cinza bem escuro. Os pretos no televisor Oled da Sony são azeviche. Preto absoluto. Preto de buraco negro.

(Se você entende de tecnologia de televisão e está tendo aquela sensação distinta de deja vu, parabéns. Tudo isto de fato soa exatamente como as descrições dos protótipos de televisores SED feitas anos atrás pela Toshiba e a Canon. Infelizmente aquela tecnologia de imagem igualmente impressionante não chegou às lojas).

Para deixar os consumidores babando ainda mais, a tela do XEL-1 tem apenas três milímetros de espessura. Se eles fizessem um laptop com uma tela tão fina assim, o MacBook Air ficaria parecendo uma mala.

O motivo: em uma tela Oled, cada pixel gera a sua própria luz; não há necessidade de volumosos dispositivos de luzes de fundo, como, por exemplo, nos aparelhos LCD (nos laboratórios existem telas Oled tão finas que dá para enrolá-las).

Finalmente, o Oled consome menos eletricidade do que o plasma ou o LCD.

Desvantagens

Então, se este aparelho é tão incrível, por que é que todos não estão correndo como loucos para comprar um?

Porque, ainda que o XEL-1 seja o maior televisor Oled que se pode comprar atualmente, ele tem uma tela de apenas 11 polegadas (aproximadamente 28 centímetros, em diagonal). Não, o número acima não foi um erro de digitação. O tamanho é menor do que o da tela do seu laptop.

Ah, e ele custa US$ 2.500.

Vários fatores estão em jogo aqui. Primeiro, as telas Oled ainda são muito difíceis de se fabricar, e neste estágio inicial, este tamanho é o máximo que a Sony pode colocar no mercado com confiabilidade. Segundo, é claro, há o fator representado pelo desejo do consumidor de ser o primeiro a adotar a nova tecnologia; a Sony cobra tão caro porque pode. Qualquer consumidor que tenha dinheiro e veja este aparelho procurará desesperadamente comprar um.

Se você sente-se tentado a juntar-se ao clube dos primeiros a adotar o Oled, tome cuidado com alguns detalhes. Primeiro, por mais que isto seja surpreendente, o XEL-1 não é de fato um televisor de alta definição.

Ele aceita sinais de alta definição, mas não exibe toda a resolução inerente a esses sinais. Na verdade, ele tem apenas 960 x 540 pixels; você precisaria de quatro dessas telas para contar com o número de pixels de uma tela de alta definição de 1080 pixels.

Mas eis aqui o que é chocante: em vez de reclamarem de como a imagem é grosseira, as pessoas ficam admiradas em constatar como a imagem do XEL-1 é mais nítida do que a dos aparelhos de plasma ou LCD de alta definição.

Isso se deve em parte ao fato de os pixels serem bem menores no XEL-1 do que em um mastodonte de 50 polegadas (1,27 metro). É impossível enxergar pixels individuais mesmo colando o nariz à tela.

Não dá para deixar de suspeitar que talvez o número de pixels não seja aquela medida fundamental e definitiva do desempenho de televisores, conforme os fabricantes nos querem fazer acreditar.

Assim como o número de megapixels pouco tem a ver com a qualidade das fotos de uma câmera digital, talvez a clareza aparente de uma imagem de televisão dependa mais de outros fatores.

De qualquer forma, ninguém jamais reclamará da falta de nitidez e resolução do XEL-1.

Como "televisor de mesa" (o eufemismo usado pela Sony para classificar o aparelho), o XEL-1 vem com uma base plana. A tela paira acima desta base, suspensa por um braço cromado do lado direito.

Este desenho é elegante e compacto, e permite que a tela possa ser inclinada 70 graus para frente ou para trás. Porém, a tela não gira em torno do seu eixo vertical. Se você quiser mostrá-la a uma pessoa que estiver por perto, terá que girar toda a base do aparelho. Ou talvez não, já que é possível apenas aproveitar o ângulo de visão de quase 90 graus.

E a tela tampouco pode ser removida da base, de forma a ser suspensa ou colocada na parede— uma idéia que ocorre a muita gente. Afinal, é na base que você conecta o fio de alimentação e as fontes de vídeo.

A parte anterior do painel oferece entradas para cabo coaxial, dois cabos HDMI, uma saída para headphone/áudio digital e um encaixe para cartão de memória (para a exibição de fotos do cartão de memória de uma câmera Sony).

Não há entradas do tipo vídeo componente nem conexões analógicos para aparelhos como vídeo cassetes (se você está gastando US$ 2.500 em um televisor de 11 polegadas, é bem provável que já esteja bem além do patamar do vídeo-cassete).

Uma outra preocupação: até recentemente, o Oled tinha a reputação de contar com uma vida curta. A Sony, no entanto, afirma que a tela do XEL-1 funcionará perfeitamente durante 30 mil horas. Isso equivale a oito horas vendo televisão— ou a assistir ao conjunto completo da Edição Especial Ampliada em DVD de "O Senhor dos Anéis"— durante dez anos. Não há como saber com certeza se esta promessa da Sony se materializará. Volte aqui em 2018 para uma atualização.

O manual do usuário, por outro lado, adverte que as telas Oled podem ficar com marcas— como ocorre nos televisores de plasma— caso deixe-se uma imagem estática na tela durante muito tempo.

Controle remoto e afins

O XEL-1 vem com um controle remoto muito bonito e compacto, mas sem iluminação própria. E não é possível controlar nenhum outro aparelho com ele. Na base há botões para controlar o volume, a entrada de sinais e ligar e desligar o aparelho. As legendas desses botões ficam iluminadas quando o televisor está ligado, e desaparecem na superfície negra quando ele é desligado, algo que achei muito legal.

O televisor vem também com um livreto engraçado, intitulado "Instruções para Operação". Ele é cheio de avisos hilariantes como "Não instale o televisor de cabeça para baixo", "Não jogue nenhum objeto contra o televisor" e "Não instale o televisor em um local no qual os insetos possam entrar".

(Algumas das advertências dizem respeito a impossibilidades físicas. Por exemplo, "Não coloque objetos sobre o televisor" - o que seria possível equilibrar sobre uma lâmina de 3 milímetros? Ou este: "Ajuste o volume para não incomodar os vizinhos". O auto-falante do televisor é tão pequeno que ele só poderia incomodar um vizinho se este tentasse engoli-lo).

Mas talvez o excesso de cuidados da Sony seja compreensível. Afinal, o XEL-1 é o primeiro e único aparelho do gênero.

É evidente que, como este preço salgado e o pequeno tamanho, o XEL-1 não aparecerá tão cedo em home theaters e bares nos quais os fregueses assistem a jogos esportivos. Em vez disso, pense no XEL-1 como sendo um carro conceitual que você pode de fato comprar.

Enquanto isso, a Sony demonstrou um protótipo de uma versão de 27 polegadas (68,6 centímetros), e outras companhias estão trabalhando nos seus próprios aparelhos Oled. Não, hoje você provavelmente não pode comprar, e nem compraria se pudesse, um televisor de 11 polegadas por US$ 2.500. Mas mesmo que você não adquira o XEL-1, ele pelo menos lhe mostra como será o futuro próximo da era plasma-LCD: maravilhoso.
Mais
HowStuffWorks: Entenda como funcionam os Oleds

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