Esqueça todo o trabalhão. Se antigamente para gravar uma música era necessário alugar estúdio, comprar muitas fitas e ainda ter despesas com a mixagem da faixa, hoje, a coisa é bem diferente.

O advento das interfaces que podem ser ligadas à porta USB ou em placas PCI ao computador permite que você registre seu trabalho de forma facilitada e possa não só ouvir o resultado, como (principalmente) divulgar o que gravou.

É um processo que pode ser tão intuitivo quanto pegar o gravador de fita cassete, ligar o microfone e mandar bala na canção. Entretanto, o resultado final que parecia alguém tocando no canto do banheiro é coisa do passado. O acabamento, graças à tecnologia, ficou mais profissional.

Tanto que muitos músicos profissionais já utilizam dispositivos que unem música e informática para trabalhar suas composições, estudar e gravar alguma idéia.

Rafael Bittencourt, guitarrista da banda de rock Angra, é um deles. O músico carrega sempre junto à guitarra uma espécie de placa de áudio externa para conectá-la ao computador.

"Tenho uma pequena interface, a M-Audio JamLab, que levo para todos os lugares. Com ela, eu gravo minhas idéias quando estou nos hotéis durante as turnês, esperando o avião no aeroporto. É só conectá-la ao computador, colocar o fone de ouvido e tocar", explica Bittencourt.

Além disso, o guitarrista conta que utiliza o Jam Lab para gravar exemplos para seus alunos. "Durante a aula posso tocar o som que quero ensinar e já gravá-lo no computador e passar no final da aula em cd para os meus alunos treinarem em casa", conta Bittencourt.

Liberdade de trabalho

Para ele, estas interfaces permitiram que o computador se transformasse em mais uma ferramenta de trabalho, que lhe dá mais liberdade de ação.

Liberdade de trabalho é também o que motiva o pianista, arranjador, compositor e multinstrumentista André Mehmari, que toca desde os 11 anos. Depois de trabalhar suas composições ao piano, Mehmari utiliza um teclado conectado ao seu Mac, por meio de uma interface Motu, para completar a orquestração da música utilizando softwares de edição.

"Poder levar o sons dos instrumentos para o computador de maneira rápida e digital, me possibilita mais intimidade na hora da execução da música. Muitas vezes no estúdio cheio de técnicos, fios, microfones não se consegue ter essa intimidade", afirma.

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Apaixonado pela tecnologia, o pianista gravou em 1999 um CD em que toca 24 instrumentos musicais diferentes. O CD foi todo feito em seu computador. "Gravo minhas músicas desde os 9 anos, quando utilizava minhas fitas cassetes, tenho dois iPods e envio muitos arquivos de MP3 para amigos. Mas entendo que a tecnologia não substitui as pessoas. Ela é um instrumento que influi na personalidade do artista, assim como outros instrumentos influenciaram em suas épocas", diz.

O técnico de som André Andrade conta que locutores também utilizam estas interfaces para gravar suas falas para comerciais ou vídeos sem se deslocar de um estúdio para o outro. "De casa mesmo, utilizando microfones profissionais, eles gravam os textos e, depois de converterem para MP3, os enviam por e-mail para as produtoras", explica.

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