Bem se sabe que a falsificação costuma lesar o usuário — e a regra vale também para o nicho de armazenamento portátil de dados. A novidade é que, segundo o gerente de produtos da Sony, Ricardo Filó, cartões de memória falsos podem até explodir dentro dos equipamentos em casos extremos.
A Sony é uma das principais envolvidas na produção de cartões de memória, e é quem detém a patente do popular Memory Stick.
Como medida para tentar conscientizar os usuários sobre os problemas que um cartão falso pode criar, a empresa colocou no ar um
site que explica a questão da pirataria destes produtos.
O
UOL Tecnologia conversou com Filó sobre os prejuízos que o uso de componentes falsos pode gerar.
UOL Tecnologia - Quais os riscos que alguém que opte por cartões de memória falsos corre?
Ricardo Filó - Um dos principais problemas é quanto à integridade das informações gravadas no cartão. Os dados podem ser corrompidos, podem sumir. Não há segurança.
UOL- Além da perda dos dados, há outros problemas?
Filó - A taxa de transferência pode variar também. Um cartão falso pode levar muito tempo para armazenar informações, já que não há a garantia da qualidade do equipamento.
UOL- Podem ocorrer problemas de ordem física, como danos ao aparelho que recebe o cartão?
Filó - Sim. Algumas memórias podem apresentar curto circuito na conexão e isso pode danificar o equipamento. Além disso, em casos extremos, um cartão falso em contato com um equipamento pode até mesmo pegar fogo dentro do equipamento.
UOL- Há casos documentados disso?
Filó - No Brasil, pelo que eu saiba, não. Mas ouvi falar que já ocorreu este tipo de problema em outros países. São casos muito raros, mas que podem acontecer. Já o caso de curto é mais comum. Infelizmente, a Sony não tem estudos específicos sobre o assunto, pois começamos a analisar o problema recentemente.
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O engenheiro eletrônico André Jaccon é especializado em testes de hardware. Consultor técnico e diretor da Blue Systems, empresa que trabalha com soluções Open Source para o mundo corporativo, ele é também um dos coordenadores dos testes realizados pela revista "PC Magazine Brasil", parceira do
UOL Tecnologia.
Jaccon já avaliou todos os tipos de mídias para armazenamento de dados. Na entrevista a seguir, ele fala sobre os problemas causados por cartões falsificados.
UOL Tecnologia - Cartões de memória falsificados podem ser prejudiciais aos equipamentos?
André Jaccon - O maior contratempo que um usuário pode ter com relação a uma mídia falsa é a integridades dos dados. Eles podem ser corrompidos ou perdidos para sempre.
UOL - Mas eles podem causar danos físicos ao aparelho?
Jaccon - Dificilmente. Cartões de memória não passam de mídias de armazenamento, os quais funcionam de modo magnético, não mecânico. Sendo assim, o máximo que pode ocorrer é o usuário perder os dados mesmo.
UOL - É comum, por exemplo, cartões falsos armazenarem menos do que o prometido?
Jaccon - Pode ocorrer, sim. Mas nunca fiquei sabendo de algo do tipo. No meu dia-a-dia, já tive contato com mídias falsas e de má qualidade, mas nunca encontrei alguma que "roube" no espaço prometido.
UOL - É possível um cartão falso causar curto-circuito no aparelho e ocasionar um incêndio?
Jaccon - Como a operação do armazenamento dos dados é realizada de forma completamente magnética, isso não pode ocorrer. Nunca ouvi falar em cartão-bomba.
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