"Pai, a internet aqui é uma droga"
A afirmação da estudante Jana Ambani, 26 anos, poderia ter sido dita em qualquer cidade brasileira, onde nem sempre é fácil e estável navegar na web usando uma rede mobile. A garota em questão, no entanto, proferiu a reclamação do alto da mais luxuosa residência de Mumbai, um prédio de 23 andares com vista para o Mar das Arábias, residência de Mukesh Dhirubhai Ambani, homem mais rico da Índia, com uma fortuna pessoal estimada em U$$ 46 bilhões.
A reclamação de Jana serviu de estopim para uma transformação digital que tornou a Índia o país que mais inclui pessoas na internet em todo o mundo, fenômeno que está transformando negócios de companhias internacionais como Google, Amazon e Walmart.com no país indiano e permitindo o florescimento de uma rede de startups que já é a terceira maior do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
A partir das queixas de sua filha, Mukesh Ambani, cuja riqueza foi herdada do pai, um pioneiro na exploração de petróleo no país, decidiu fundar a Jio, palavra que significa "vida" no idioma hindi, empresa de telefonia que instalou 2 milhões de antenas pelo país e cujos investimentos na expansão da rede 4G devem superar US$ 35 bilhões até o final deste ano.
Para muitos analistas que acompanham o crescimento da Jio, os investimentos podem não se justificar, já que será difícil gerar, em receitas, todo o montante aplicado em redes mobile no país. De acordo com Ambani, sua companhia vai monetizar a rede por meio de contratos de banda larga, serviços de conteúdo, serviços financeiros e publicidade digital.