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04/05/2010 - 17h52 / Atualizada 20/01/2011 - 11h13

''Bug da lentidão'' previsto para atingir a internet é alarme falso, dizem especialistas

ANA IKEDA | Do UOL Tecnologia

Lembra do bug do milênio, na passagem do ano de 1999 para 2000? Especialistas disseram que alguns computadores não conseguiriam fazer a mudança pois as datas eram representadas apenas pelos dois dígitos finais e voltariam para o ano de 1900. Pois bem, um novo bug estaria por vir e chegou a ser noticiado sem muito alarde pela imprensa americana nos últimos dias. A data seria esta quarta (5), dia em que 13 servidores que “traduzem” os pedidos de conexão de usuários a sites nos EUA passam a adotar um novo padrão de segurança, o DNSSEC (Domain Name System Security Extensions), o que poderia causar uma lentidão geral na internet.

Bug na internet

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    "No caso americano, o risco de uma pane geral é praticamente inexistente. O número de equipamentos de rede antigos, que poderiam rejeitar os pacotes de dados, é muito pequeno", afirma Frederico Neves, do NIC.br

Especialistas do ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and Numbers, órgão responsável pela preservação da estabilidade da internet no mundo) e do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), no entanto, tranquilizam os usuários. O risco de impactos na internet, tanto nos EUA como no Brasil, é mínimo.

Para entender o impacto do novo padrão de segurança, é preciso antes de tudo entender como funciona a internet que chega até o seu computador. Pense na internet como uma troca de cartas entre você e um amigo: é preciso que as informações cheguem até você pela carta, para só então você responder ao seu amigo. Essa troca de dados, na internet, é feita pelos “protocolos de comunicação”: o mais conhecido deles é o TCP/IP, que identificam a origem dos pedidos de conexão a sites e respondem com os dados da página.

Tanto os pedidos de envio como recebimento têm um tamanho padrão de arquivo (até 512 bytes). E cada endereço de internet, esse que você digita na barra do seu navegador, como www.uol.com.br, corresponde a um endereço IP diferente. São tantos que eles precisam de uma mínima organização, feita por um sistema de nome de domínio, mais conhecido como DNS.

Padrão mais seguro

Com o crescimento do número de golpes e endereços maliciosos, o DNS foi “melhorado”. O novo DNSSEC reduz o risco de manipulação de dados ou domínios forjados a partir de um sistema de resolução de nomes com um padrão de segurança mais rígido. O preço pago pelo padrão mais seguro é que a troca de dados dos protocolos de transporte fica mais pesada (até mesmo quatro vezes maior que 512 bytes).

Para grande parte dos usuários, isso não representa um problema. Mas para aqueles que possuem equipamentos de rede mais antigos, a resposta de dados “maior” poderá ser mal interpretada: firewalls, por exemplo, responsáveis pela segurança da rede, podem simplesmente bloquear o pacote de dados por ele estar "diferente" do padrão normalmente recebido, tornando impossível o acesso a alguns endereços.

Brasileiro pode ficar tranquilo

A adoção do DNSSEC vem acontecendo paulatinamente em todo o mundo, inclusive no Brasil. “O país é um dos líderes e já acumulou uma experiência considerável sobre o novo padrão”, explica Steve Crocker, um dos diretores do ICANN.

Nos EUA, a mudança para o padrão DNSSEC é liderada pelo ICANN, com auxílio do governo do país e a Verisign, e terá a primeira fase concluída nesta quarta (5).

Por aqui, o DNSSEC já está totalmente operante: o processo de adoção começou em junho de 2007 e  foi concluído em janeiro do ano passado, sem nenhum sinal de bug, conforme ressalta Frederico Neves, diretor de serviços e tecnologia do Nic.br. “No caso americano, o risco de uma pane geral é praticamente inexistente. O número de equipamentos de rede antigos, que poderiam rejeitar os pacotes de dados, é muito pequeno e eventuais problemas podem ser contornados facilmente pelo administradores de rede”, minimiza.

Crocker também tranqüiliza os usuários. “Doze, do total de treze servidores que traduzem o pedido de conexão, já estão fornecendo registros assinados em DNSSEC com chaves inertes ou “dummy”[que simulam trocas reais entre protocolos], que dão à comunidade bastante tempo para observar se haverá algum impacto. O décimo terceiro servidor será incluído amanhã e, apenas dois meses depois disso, é que a verdadeira chave passará a ser usada na raiz”, detalha o executivo.

Em suma, usuários da internet não irão perceber as mudanças e é muito pouco provável que tenham problemas para acessar sites nesta quarta.

Já administradores de rede que ficaram em dúvida sobre estarem preparados ou não para o novo padrão nos EUA, podem efetuar um teste, detalhado no site do DNS-OARC (Domain Name System Operations Analyses and Research Center). O teste exige o aplicativo dig, disponível para plataforma Windows (distribuição Bind) pelo link http://ftp.isc.org/isc/bind9/9.6-ESV/BIND9.6-ESV.zip.
 

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