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29/07/2010 - 07h00 / Atualizada 29/07/2010 - 15h40

Vítima de ciberbullying enfrenta os próprios traumas ao ajudar jovens via chat

FERNANDA CALGARO||Para o UOL Tecnologia
De Londres
  • Fernanda Calgaro/UOL

    Matthew Brown, 15, passou de vítima de ciberbullying a um dos voluntários do CyberMentors

Há três anos, o adolescente britânico Matthew William Brown, 15, passou a ser vítima de intimidação praticada por alguém que, até então, considerava seu melhor amigo. Hoje ele é um dos voluntários do projeto CyberMentors, em que jovens orientam via chat outros jovens vítimas do mesmo problema. Ajudar, ele afirma, torna mais fácil superar seus próprios traumas.

"A troca é muito grande. Acabamos aprendendo com o outro também." Há dois anos como voluntário, o jovem inglês conta que já inverteu os papéis e acabou pedindo conselhos a alguém que havia entrado no chat em busca de ajuda. Isso foi num momento em que bateu a tristeza, no aniversário da morte de seu avô.

O que é

Ciberbullying é a intimidação virtual realizada por meio de ações intencionalmente hostis e repetidas, cometidas por alguém de hierarquia superior, como um colega de escola mais popular.

O prefixo ciber deve-se ao fato de essas ações serem realizadas via telefone celular (mensagens de texto) ou internet (redes sociais).

Prestes a começar o último ano do colégio (no Reino Unido, o ano letivo terá início em setembro), Matthew ainda não recobrou direito a confiança abalada há três anos, quando começou a receber ameaças em cartazes e também por e-mail.

Até hoje, Matthew, que ainda estuda na mesma escola, não entende o que levou seu então melhor amigo a fazer isso. "Numa hora, ele estava me dando conselhos sobre uma menina da escola que eu estava a fim. Na outra, estava espalhando cartazes pelo bairro convocando os moradores para um 'espancamento brutal' e tirando sarro do meu peso."

Assustado, Matthew procurou os pais, que tomaram providências para que os cartazes fossem removidos da vizinhança onde vivem, na cidade de Cambridge, a cerca de 80 km de Londres. No entanto, as ameaças começaram a chegar por e-mail. "Era a página inteira, com centenas de linhas iguais, me insultando."

A escola disse que tomaria a frente do caso, mas pouco fez, diz Matthew. "Conversaram com o menino e ele só parou depois de um tempo."

Desde então, o adolescente ficou mais reservado e não tinha mais tantas amizades. "Eu achei que ninguém gostasse de mim. Na verdade, só fui me dar conta de que tenho mais amigos do que imaginava recentemente [no dia 23 de julho], quando, na festa do encerramento das aulas, várias pessoas vieram falar comigo", conta, feliz da vida. "Meu último ano na escola promete." Tomara.

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