Papel de controle no ambiente online cabe aos pais, alertam educadores

ANA IKEDA | Do UOL Tecnologia

Apesar de a escola ter papel fundamental na orientação das crianças, isso não exime os pais da sua responsabilidade em criar os padrões éticos que irão ajudar os filhos a ficarem a salvo no ambiente online, alertam educadores consultados pelo UOL Tecnologia.

“O papel de contenção, vale lembrar, não é exclusivo da escola. Cabe aos pais impor limites: se eles se preocupam com o que os filhos vão comer, vestir, aprender na escola, por que não com o que fazem na internet?”, questiona a diretora pedagógica da escola Móbile, Cleuza Vilas Boas.

Para Cleuza, não vale a desculpa de que a proibição do uso de certas ferramentas online pode excluir a criança de um determinado círculo de amigos. “Muitas vezes ouvimos dos pais dizerem que não podem proibir, por exemplo, que o filho entre numa rede social na web, porque todos os outros amigos dele já fazem parte dela. Eles têm medo que seus filhos fiquem estigmatizados. Mas a que preço eles farão parte de um grupo?”

Essa advertência é reforçada pelo diretor do colégio Vértice, Adílson Garcia. “Os pais têm de usar o bom senso. O controle dentro de casa é muito importante e não adianta fingir que o perigo não existe”, adverte.

Safernet: dicas para os pais

Proibir não educa e não previne, pois há grandes chances de o filho conseguir burlar. É importante ter um trabalho de conscientização
Pais que não sabem mexer no computador devem pedir ajuda aos filhos e navegar junto com eles. Para ver o tipo de conteúdo que eles acessam
Procurar saber quem são os amigos virtuais do filho, o que ele acessa e os horários
Ensinar os filhos a não divulgar informações pessoais como telefone, endereço e detalhes do cotidiano da família
Manter um diálogo permanente e estabelecer uma relação de confiança, pois, só assim, os filhos contarão aos pais quando algo lhes incomodar na web

“Os pais precisam estar muito atentos, presentes na hora que o filho estiver usando o computador, acompanhar quem são seus amigos, quais são seus interesses, mas principalmente conversar muito com ele”, diz Regina Albuquerque, mãe de duas pré-adolescentes. (Confira ao lado dicas da Safernet, uma ONG que cuida dos direitos humanos na internet, para os pais)

Há sempre a recomendação básica de deixar o computador em um local de uso comum na casa, e não no quarto da criança. Para Garcia, do Vértice, nada da criança ficar com o PC isolado. “Orientamos que mesmo em casa, para usar a internet, as crianças peçam para seus pais acompanhá-las”.

Ciberbullying: preocupação crescente
Outro tema recorrente é o ciberbullying, a intimidação virtual, seja em redes sociais, e-mails ou mensagens de celular, feita por meio de ações intencionalmente hostis e repetidas (conheça o especial do UOL Tecnologia sobre o assunto).

“Não orientamos apenas os casos que chegam até nós de agressões pela internet. Fazemos dinâmicas em grupo, mostrando uma série de situações, para que os alunos também se coloquem no lugar de quem sofre o ciberbullying. Além disso, mostramos as consequências judiciais que o ato pode trazer”, afirma o diretor do Vértice.

Para o diretor, o ciberbullying é uma praga, pois conta com uma ampla plateia online. “O que fazemos é trazer casos reais noticiados na mídia para discutir com os alunos. Numa das ocasiões, representamos um julgamento de um caso de difamação de um professor numa rede social, para que os alunos pudessem enxergar as consequências dessa agressão na internet.”

O bullying na internet é um dos principais medos de Regina, mãe de Carolina, de 12 anos, e Luisa, de 11. “Primeiro, vem a orientação para que isso nunca parta delas. E se a ameaça vier de algum colega, falo para me avisarem sobre o que está acontecendo, em vez de ficarem com medo ”, comenta.

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