Ataques hackers pró-Wikileaks estão longe de representar uma 'ciberguerra', diz estudo

Da Redação

  • Philippe Hugue/AFP

    Hacker francês do grupo Degenerescience visita o Wikileaks num café em Lille, França

    Hacker francês do grupo Degenerescience visita o Wikileaks num café em Lille, França

Os ataques em retaliação aos provedores de serviços para o Wikileaks – como Visa, Mastercard, PayPal e Amazon – devem ser descritos como “cibervandalismo” e não como uma guerra virtual, afirma um estudo da Arbor Networks, empresa de segurança.

Os ataques DDoS, de negação de serviço, utilizam máquinas zumbis (controladas remotamente) para acessar um recurso de um servidor ao mesmo tempo. Essa sobrecarga de requisições num mesmo link faz com que ele pare de atendê-las, provocando a indisponibilidade do serviço. Ataques grandes e sofisticados operam numa faixa de links com 50 Gbps (gigabits por segundo), uma capacidade de banda muito alta, enquanto os ataques pró-Wikileaks não passaram da faixa dos 5 Gbps, segundo o estudo da Arbor.

Além disso, as empresas atacadas conseguiram filtrar rapidamente o tráfego gerado pelos hackers. “É rotina para ISPs [provedores de serviços de internet] de pequeno e médio porte ou grandes provedores de conteúdo e hospedagem bloquearem ataques com esse volume”, explica Craig Labovitz, cientista-chefe da Arbor Networks.

“Muitos dos voluntários que participaram dos ataques claramente não tinham ideia que as ferramentas utilizadas para isso não escondem seus endereços IP, nem que processadores de texto armazenam metadados incriminatórios nos ‘manifestos revolucionários’ publicados. Isso não é exatamente o trabalho de gênios maus do crime”, comenta Labovitz.

Para o cientista, a militarização da internet e do uso do DDoS como meio de protesto, censura e ataque político é motivo de preocupação. “Em geral, o DDoS alimentado pelo crescimento de adversários profissionais, redes botnets massivas e o crescimento de ferramentas de ataques sofisticadas são o perigo real para a rede e nossa crescente dependência da internet”, conclui o pesquisador.

Operação Payback

Um grupo conhecido como “Anônimos” organizou ataques contra sites que pararam de prestar serviços ao Wikileaks, depois que o site publicou milhares de relatórios diplomáticos dos EUA que causaram constrangimento entre Washington e uma série de aliados do país.

A campanha para vingar o WikiLeaks foi chamada de "Operation Payback" (Operação Troco) e conseguiu retirar do ar páginas das administradoras de cartões Visa, Mastercard, além do PayPal, governo sueco e holandês. O site da loja virtual da Amazon não conseguiu ser derrubado pelos ataques.

Em entrevista ao UOL Notícias, um membro do Anônimos afirmou que o grupo é grande e que não há nenhuma conexão entre seus membros na vida real. "Alguns de nós são advogados, alguns trabalham no McDonalds – há uma enorme variedade. A única coisa que temos em comum é um pouco de conhecimento técnico e um desejo de vingar o WikiLeaks", declarou o ativista, que não divulgou seu nome real.

O ativista reforçou ainda que o grupo não tem ligação com Julian Assange, criador do Wikileaks. "Nenhum de nós tem qualquer relação com Assange, não o conheço e nunca vou conhecer. Eu apenas aprecio o que ele está fazendo e dou apoio", disse.

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