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16/12/2009 - 20h01

Telefones sem fio residenciais e outros eletrônicos passarão por teste de radiação

MARINA GOMES | Para o UOL Tecnologia

A partir deste mês, telefones sem fio residenciais, roteadores e MP3 players passarão pelo teste de absorção de energia —conhecido com SAR— antes de irem para o mercado. O teste mede o índice de exposição à radiofrequência de aparelhos eletrônicos, principalmente celulares.

De acordo com a Anatel, esses aparelhos até hoje não precisavam passar pelo teste de absorção de energia (SAR), mas este mês passou a valer uma nova resolução que estabelece que todo emissor de radiação eletromagnética entre 300 MHz e 6000 MHz que fique até 20 cm de distância do corpo deve passar pela verificação. "Como a maioria desses telefones é fabricada por multinacionais, acredito que já estejam dentro da norma de até 2 watts/kg, mas vamos exigir isso a partir de agora para a certificação", afirma Itamar Barreto Paes, gerente de Certificação da Anatel.

O professor Hugo Enrique Hernandez Figueroa, da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp faz um alerta sobre a radiação eletromagnética advinda dos telefones sem fios residenciais de potência muito alta. "O alcance de certos modelos chega a 10 km. Minha recomendação é que eles também sejam usados com extrema parcimônia, pois alguns trabalham com potências muito maiores às dos celulares", diz.

Celulares

Até agora, apenas os celulares passavam pelos testes. Neste ano, pesquisadores da Unicamp e do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) desenvolveram o primeiro software nacional para analisar a taxa de absorção de energia pelo corpo ao ultizarem o celular. O nível não pode ser superior a 2 watts/kg.

Por trás do programa estão dois anos de estudos intensos e cálculos complicados. Para dizer se o celular está em conformidade com a norma da Anatel, o software simula o aumento de temperatura causado pelo aparelho telefônico em uma cabeça-padrão de adulto.

Como ainda pouco se sabe sobre os efeitos de longo prazo do uso de celulares, os cientistas analisam a influência da radiação eletromagnética no corpo de uma forma bastante objetiva: pelo aumento da temperatura da região.

Para se ter uma idéia, após uma hora de uso do celular colado à orelha há um aumento de mais ou menos 1ºC. Hipoteticamente, após três horas ao telefone, a temperatura na cabeça de uma pessoa normal subiria para 39ºC. "Não é difícil imaginar um quadro de dor de cabeça e mal-estar causado por esse superaquecimento", conta Hugo Enrique Hernandez Figueroa, professor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp que coordenou as pesquisas do novo software.

Figueroa sugere como margem segura ligações de até 15 minutos. "Se mantiver o telefone distante apenas dois centímetros da orelha, isso já proporciona uma queda drástica do efeito da radiação sobre o corpo e esse efeito é nulo se utilizarmos o telefone no viva voz ou com fones de ouvido", recomenda.

O que é SAR?

O limite de 2 watts/kg da SAR foi estabelecida pela Anatel seguindo normas mundiais e, de acordo com experimentos da bióloga e geneticista do Laboratório de Citogenética e Cultivo Celular do Hospital da Mulher da Unicamp, Juliana Heirich, é uma margem segura. "Nas nossas pesquisas desenvolvemos uma fonte que produzia um tipo similar de campo eletromagnético e observamos que o nível de radiação só causou danos nos cromossomos quando a radiação atingiu aproximadamente 20 watts/kg (dez vezes mais)", diz.
Pelos testes realizados, todos os celulares estavam cerca de 40% abaixo do limite, variando entre 1,5 e 1,6 watts/kg.

Mesmo assim, a geneticista faz uma ressalva. "Muito pouco se sabe, entretanto, sobre a questão cumulativa dessa radiação ao longo de muitos anos. A melhor saída, portanto, é a atitude preventiva", diz.

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