Em Londres, o programador Ricardo Ferreira mostra sua pipa que faz fotos aéreas
Com um telefone celular amarrado a uma pipa, o programador Ricardo Ferreira realiza fotos aéreas desde 2005. Na época, depois de ler uma reportagem sobre a modalidade (chamada de Kite Aerial Photography, ou "fotografia aérea com pipa"), ficou fascinado pela ideia, começou a estudar o tema e também a desenvolver seu próprio equipamento.
A “câmera voadora” garantiu a Ricardo um lugar entre os dois vencedores brasileiros de um concurso global da Nokia. Eles se apresentarão em Londres, nesta quinta-feira (4), como parte de um projeto que propõe novas formas para o uso de smartphones. Como prêmio, eles ganharam a viagem para a cidade inglesa, onde vão expor seus trabalhos.
Os outros representantes nacionais são jovens de Pernambuco, de um grupo chamado Wouwlabs & Patifa, que inscreveram no concurso o projeto “Desenhe seu mundo” – a ideia é transformar qualquer fotografia tirada no celular em um desenho.
Programador Ricardo Ferreira vai expor suas fotos do N900 com uma pipa em Londres
O projeto de Ricardo Ferreira parece simples: basta conectar um aparelho celular a uma pipa e, com outro N900, controlar o voo do primeiro. Porém, a parte mais difícil de desenvolver o protótipo foi adquirir os equipamentos. “Comprar os componentes no Brasil extrapolaria muito o orçamento do projeto e importá-los levou tempo”, afirmou.
O que facilitou foi o sistema operacional Maemo, uma distribuição aberta baseada no kernel do Linux. A facilidade e ferramentas para desenvolver aplicativos sem ter de passar por aprovação, o sistema aberto e a comunidade do Maemo contribuíram para o andamento do projeto.
“Eu até poderia desenvolver meu sistema em algumas outras plataformas, mas tenho certeza de que não seria tão simples, rápido e fácil”, disse.
Apesar de receber verba do patrocinador do concurso para trazer o projeto para o mundo real, Ricardo encontrou obstáculos. “Tivemos um problema sério com os Correios. Parte do equipamento que adquiri voltou ao remetente e tive de desenvolver uma solução alternativa”.
Além disso, os fracos ventos em dias ensolarados e as chuvas nos momentos mais nublados nas cidades de Viçosa, em Minas Gerais, e Campinas, em São Paulo, atrapalharam os primeiros testes com fotos do N900.
Ricardo Ferreira também tentou fazer vídeos com o equipamento. “Como a câmera balança muito, não fica muito bom. É possível compensar e corrigir esse balanço de várias formas, mas no final você depende de ventos e pipa bem estáveis para ter um resultado satisfatório”, disse.
Agora, o objetivo final do programador é superar as temperaturas baixas de Londres para mostrar um novo ângulo da cidade. “A expectativa é de muito frio e neve. Mas pretendemos encarar o frio e tentar fazer fotos com o equipamento em algum parque, se o tempo permitir. Depois, vamos celebrar na festa”, concluiu.
