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17/06/2010 - 15h25 / Atualizada 17/06/2010 - 15h58

Papel sobreviverá ao ''furacão iPad'' ainda por um bom tempo, afirmam especialistas

ANA IKEDA E JULIANA CARPANEZ | Do UOL Tecnologia

Apesar do enorme frisson causado pelo iPad, tablet da Apple, o papel ainda deve ter vida longa frente à essa e outras inovações tecnológicas que virão por aí. Essa foi a conclusão dos especialistas das áreas de mídia e editoração diante da pergunta “O iPad vai matar o papel”, em palestra no info@trends, evento realizado nesta quinta (17) em São Paulo.

“A afirmação de que o iPad vai acabar com o papel é muito radical. A relação que uma pessoa tem com o papel é bem diferente da que tem com um iPad: o tablet da Apple é tratado como um filho, é frágil”, brincou Fabiana Zanni, diretora de mídia digital da Editora Abril.

Já para Sérgio Herz, diretor de operações da Livraria Cultura, os dispositivos eletrônicos acabam desempenhando justamente a função de  estimular a venda dos livros em papel. “No Japão, por exemplo, algumas editoras começaram a lançar primeiro publicações em formatos para celular. As vendas desses mesmos livros impressos, em vez de cair, aumentam. Enquanto você espera vender 20 mil exemplares, acabam saindo 50 mil”, exemplificou o executivo.

A questão da morte ou não do papel reflete na realidade uma crise de modelo de negócio das grandes empresas de mídia. Suzana Singer, ombudswoman da Folha de S. Paulo, lembra que “grande parte das mídias online ainda não tem como se sustentar apenas com o aporte publicitário e sem a ajuda dos meios impressos”. Isso leva a crer que o papel ainda deve sobreviver às novas tecnologias, até que novos modelos de negócios consigam substitui-lo totalmente.

Coexistência

Jimmy Wales, cofundador do Wikipedia, que mais cedo abriu o evento com o painel "O poder do conteúdo gerado (e moderado) pelo usuário", também julga precipitada a afirmação de que o tablet vai acabar com os meios impressos. “É um erro dizer que o iPad causará a morte do papel”, afirmou Wales. Segundo ele, essa comparação equivale a dizer que a invenção da lâmpada eliminaria definitivamente o uso das velas – “ainda muito importantes para os jantares românticos”, brincou.

  • Divulgação/Info@trends

    Jimmy Wales, cofundador da Wikipedia, durante palestra em São Paulo nesta quinta-feira (17)

“Há um mercado em que os dois itens competem. Mas o iPad não vai acabar com os livros tão cedo. Tenho um Kindle e adoro meu Kindle. Mas na praia, não há problemas em levar um livro que ficará sujo de areia, enquanto no caso do eletrônico existe uma preocupação”, comparou.

Ele acredita que o lançamento do iPad terá um impacto positivo nos países em desenvolvimento, quando tiver início a comercialização dos “clones” do ultraportátil da Apple. “Muitas pessoas dessas nações terão seu primeiro contato com a internet via smartphone. Mas elas merecem uma medalha de ouro se conseguirem ler a Wikipedia naquela telinha. No tablet não é tão ruim e esse computador pode ter preços acessíveis.”
 

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