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09/05/2011 - 06h57 / Atualizada 22/05/2015 - 13h09

UOL Tecnologia vai às ruas e testa se preço influencia na qualidade do GPS

Por RODRIGO VITULLI*

Os aparelhos GPS há muito deixaram de ser itens de luxo e estão cada vez mais acessíveis. Algumas marcas tradicionais permanecem como líderes de mercado enquanto novos aparelhos, mais baratos e populares, ganham espaço entre novos adeptos da tecnologia. Mas a pergunta que sempre aparece na hora de comprar um aparelho GPS é “o preço faz diferença?” Para responder a pergunta, o UOL Tecnologia preparou um comparativo prático entre três modelos bem diferentes entre si, tanto na navegação, design e, principalmente, no preço. Confira a seguir:

Seu GPS já deixou você na mão? Opine

O princípio do teste foi bem simples. Três motoristas saíram de carro rumo a um destino em comum, completamente desconhecido por eles. Cada carro foi equipado com um modelo de GPS: um top de linha, um popular, e um aplicativo para celular. O horário da partida foi exatamente o mesmo, mas o da chegada... O resultado está no vídeo acima. Você apostaria em qual modelo?

Conheça os modelos de GPS usados no teste

Top de linha Aplicativos para celular GPS ''genérico''
Preço médio: R$ 1.000 De R$ 5 a R$ 80 R$ 200
Foi usado o modelo TomTom 630, com navegação via satélites. Possui software de navegação e mapas próprios. Como recursos adicionais, informa trânsito em tempo real (desde que conectado a um outro dispositivo com conexão à internet) Há aplicativos que se conectam a servidores externos e utilizam a rede 3G para acessar os mapas. Há também os que trazem os mapas com a aplicação. Utilizamos os dois: Nav4D (cerca de R$ 5) e Sygic Aura (cerca de R$ 64). A maioria dos GPS para celular baseia a localização em dados de satélites de antenas Eles costumam ter o preço abaixo do convencional, ser fabricados por empresas pouco conhecidas e vendidos com software de navegação sem licença. O mesmo ocorre com os mapas, baixados pela web. Ao adquirir esse tipo de modelo, o consumidor paga basicamente pelo hardware

Confira a seguir a opinião dos motoristas sobre os modelos testados

  • Reprodução

    Rodrigo Vitulli testou um GPS top de linha


Rodrigo Vitulli: chegou em primeiro, mas não conseguiu voltar para casa

O TomTom 630 faz bonito no design do hardware e do software. Não teve dificuldades em achar o endereço da praça e indicou a rota mais curta. Também foi bastante eficiente em encontrar os satélites de navegação. Os mapas e as indicações do navegador foram igualmente claros, assim como a localização dos radares de velocidade (apesar de ter ignorado alguns deles no percurso).

Já nas ruas do bairro da Lapa, onde se localizava o destino do trajeto, o TomTom 630 teve dificuldade em indicar a direção com antecedência, obrigando o motorista a deduzir o caminho correto olhando o traçado no mapa eletrônico.

Um defeito grave: apesar de ter encontrado facilmente a Avenida Brigadeiro Faria Lima (endereço do UOL em São Paulo), o TomTom 630 não conseguiu localizar a numeração requisitada. A avenida em questão é bastante extensa, e a falha teria confundido completamente um motorista que não conhecesse o local.

  • Reprodução

    Juliana Carpanez testou um aplicativo de R$ 5


Juliana Carpanez: aplicativos baratos podem sair caro

A versão mais barata do Nav4D custa US$ 2,99 (cerca de R$ 5) na loja de aplicativos da Apple e roda no iPhone – apesar do preço baixo da ferramenta, ela exige aparelhos caros e também conexão 3G. Ou seja: o aplicativo é barato em relação aos outros, mas demanda uma infraestrutura que pode pesar no bolso. Nos testes do UOL Tecnologia ele apresentou o pior desempenho, confundindo a motorista, que muitas vezes teve de decidir quase “no escuro” onde virar.

As indicações visuais não são claras e as ordens faladas (somente em inglês) são dadas em cima da hora, muitas vezes impossibilitando sua execução. O Nav4D também deu comandos errados, para virar em ruas proibidas e fazer conversões idem. Vale, no máximo, os R$ 5 cobrados.

Aplicativo (bem) mais caro e um pouco mais eficiente é o Sygic Aura, que custa US$ 39,99 (cerca de R$ 64) na App Store -- essa alternativa não foi exibida no vídeo acima. Ele fala português e dá instruções com muito mais antecedência que o Nav4D – em alguns casos, narra até duas ações na sequência, como “vire à esquerda e, depois, vire levemente à direita”.

O ponto negativo é que, mesmo programado para traçar a rota mais rápida, o Sygic Aura pode levar o motorista para passear – um problema quando se mora em uma cidade de trânsito como São Paulo. Junte a isso a sugestão de uma conversão inexistente e o que se tem é um usuário que chegará irritado a seu destino. Quando não atrasado (a previsão de 6h56 transformou-se em 7h25, em um dia de rodízio, somados um erro do navegador e um da motorista). Pelo menos com o Sygic Aura o consumo de dados é quase nulo, já que os mapas são incorporados no aplicativo.

  • Reprodução

    Ana Ikeda testou um GPS 'genérico', de R$ 200


Ana Ikeda: GPS “genérico” errou a entrada da rotatória

O desempenho do aparelho GPS “genérico” não deixou a desejar, mas teve alguns “engasgos”. O primeiro deles foi logo ao sair da garagem do prédio: ele ficou mudo. Sem saber qual via pegar, optei pelo caminho mais óbvio e a rota foi recalculada – rapidamente, o que é um ponto positivo do aparelho. As indicações de qual rua pegar foram feitas no tempo adequado – outros aparelhos avisam um tanto “em cima da hora” sobre a conversão.

A falha mais grave do aparelho aconteceu numa rotatória já na metade do caminho. Ele avisou que a Rua Duarte da Costa era a quarta saída... quando, na verdade, já era a primeira. Mas, novamente, a rota foi recalculada a tempo do caminho ser corrigido, sem ter de parar o carro.  

Vale o investimento de R$ 200, desde que o usuário esteja disposto a viver “fora da lei” e ter mais trabalho para atualizar os mapas “piratas”.

Cuidado com os GPS ''genéricos''

O modelo “genérico” utilizado nos teste do UOL Tecnologia foi adquirido na Santa Ifigênia, rua de São Paulo também conhecida pelo comércio informal de eletrônicos. A marca que supostamente teria fabricado ou importado o aparelho não tem um site oficial, serviço de atendimento ao consumidor, garantia, suporte para compras de mapas ou assistência técnica. Na maioria dos casos, esse tipo de aparelho vem com mapas e sistemas operacionais piratas e não tem licença para operar.

“Os consumidores não têm qualquer tipo de suporte ao adquirir um produto dessa categoria; nem poderão recorrer a algum órgão federal caso ele apresente algum defeito. Isso sem contar o fato da dificuldade de atualização dos mapas, travamento do sistema operacional. O consumidor paga basicamente o hardware, que também não é de boa qualidade”, diz Eduardo Freitas, editor da revista “InfoGeo”.

Comumente achado em sites de internet e fóruns, os mapas e aplicativos piratas podem ser instalados em aparelhos PND (Portable Navigation Device, equipamentos portáteis de navegação, em tradução livre) e smartphones, que funcionam como computadores.

“Não incentivamos a pirataria. Pelo contrario, sempre recomendamos que as pessoas registrem seus softwares para assim terem opção de atualizações futuras. Nossa comunidade não hospeda mapas ou navegadores no servidor próprio; apenas disponibiliza links externos de terceiros para downloads”, diz o administrador de um site sobre GPS que preferiu não ter sua identidade divulgada.

Entenda como funciona o GPS

Criado pelos EUA para fins militares, o GPS (Global Position System) é constituído de 24 satélites artificiais em órbita, lançados ao longo de 50 anos. Na década de 80, o então presidente dos EUA, Ronald Reagan, assinou um decreto tornando o sinal emitido pelos satélites disponíveis a qualquer civil e receptível por aparelhos domésticos.

  • Getty Images

    Acima, imagem representativa. Global Position System é constituído de 24 satélites artificiais

Os satélites do GPS são cuidadosamente sincronizados e enviam sinais que indicam sua localização periodicamente. Estes sinais são calculados pelos receptores GPS (os aparelhos testados pelo UOL, por exemplo), que os interpretam e calculam as coordenadas com base no tempo de viagem do sinal do satélite até o receptor.  É por esse motivo que quanto mais satélites o aparelho de GPS conseguir captar, mas precisa será a localização estimada. A quantidade mínima necessária para que o calculo seja realizado é de três satélites.

Além do GPS, criado e sustentado pelos Estados Unidos, existe o sistema Glonass (russo), o Galileo (europeu) e o Compass (chinês); os três últimos ainda em desenvolvimento. Segundo o engenheiro e professor da escola politécnica da USP Nicola Getschko, as outras nações optaram por desenvolver um sistema próprio como medida preventiva: “Caso os EUA resolvam interromper ou alterar o sinal por qualquer motivo, seja ele uma guerra ou não, como, aliás, já aconteceu, os usuários ficariam desamparados. Por isso é estratégico que outras nações também invistam  em sistemas distintos como medida preventiva”. 

Com os chamados A-GPS ou GPS assistidos ocorre o mesmo procedimento, porém auxiliados pelo sinal emitido pelas operadoras por meio das torres de comunicação. A transmissão é feita pela rede de dados e, por isso, o ideal é que o usuário tenha um plano 3G.

* Colaboraram Ana Ikeda e Juliana Carpanez

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