Microsoft pega popularidade ''emprestada'' do Skype para XBox e Windows Phone

Com a compra do Skype pela Microsoft por US$ 8,5 bilhões anunciada na manhã desta terça (10), surge a dúvida sobre como as duas empresas vão integrar seus produtos e serviços – e se isso beneficiará os consumidores. O console XBox e o sistema para celulares Windows Phone devem ser os primeiros a utilizar os recursos de chamadas pela internet da companhia recém-comprada, dizem analistas consultados pelo UOL Tecnologia.

Mais de 663 milhões usam o Skype no mundo: é uma das plataformas de comunicação na internet de maior sucesso atualmente. O serviço de chamadas gratuitas por voz e vídeo tem cerca de 170 milhões de usuários ativos mensalmente. O objetivo da Microsoft é utilizar essa “popularidade” do serviço em seus produtos.

Leif-Olof Wallin, vice-presidente de pesquisas do Gartner, vê uma boa sintonia entre as duas empresas. “O grande risco, no entanto, é que a Microsoft imponha muitos processos e governança ao Skype e acabe reduzindo a inovação e criatividade da empresa”, afirmou em e-mail ao UOL Tecnologia.

Estão na "linha de frente" do uso do Skype os consoles Xbox e Kinect, além da rede que conecta jogadores, a Xbox Live. Eles ganhariam um serviço de chat por voz e vídeo mais estável do que solução atual. Segundo Fernando Lima, analista de mercado software da IDC, foi esse diferencial da ferramenta Skype, que é “realizar chamadas de áudio e vídeo com ótima qualidade”, que pesou na aquisição.

Em seguida, vem o Windows Phone, sistema para celulares da Microsoft que ainda não deslanchou. Com o aplicativo de chamadas pela internet, a empresa teria melhores condições de competir com o FaceTime da Apple e o Google Voice.

Wallin destaca a marca do Skype e a presença forte no mercado como fatores que, integrados da forma correta, têm potencial para alavancar as plataformas da Microsoft. “O Xbox e Windows Phone podem atingir novos patamares”, explica.

É possível imaginar que a videoconferência do Skype seja integrada ao Windows Live Messenger, programa de mensagens instantâneas da Microsoft. O sistema operacional Windows e o pacote Office também entram nessa “fila”. “Com o passar do tempo, a integração com produtos Office provavelmente acontecerá”, projeta o analista do Gartner. O Outlook, principalmente, pode se transformar numa ferramenta mais completa de comunicação para profissionais com a adição das chamadas por vídeo e voz.

Numa mensagem publicada em seu blog oficial, o Skype garante que continuará dando suporte para produtos fora da plataforma Microsoft. Aplicativos para iPhone e Android, além da versão do programa para Mac, devem ser mantidos.

Menos opções de acesso

Augusto de Franco, consultor e articulador da Escola de Redes, diz que a compra pode ser favorável para as empresas, mas não para os usuários. “Quanto mais concentração há das redes, mais decisões unilaterais são tomadas”, explica.

Franco é a favor da maior diversidade de opções de serviços, pois dessa maneira os consumidores têm mais caminhos para interagir entre si. “Sob o pretexto que vão dar melhor atendimento aos clientes, essas companhias acabam por diminuir a interatividade entre eles. As empresas tentam cada vez mais criar formas de os usuários terem apenas um canal de acesso, uma plataforma única, um superorganismo de informação”, completa.

Já para o analista do Gartner, a negociação é positiva por trazer aos usuários do Skype um “dono responsável a longo prazo”.

Piadas no Twitter

O perfil de David Pogue, colunista de tecnologia do New York Times, reúne várias piadas de seguidores sobre o negócio entre Skype e Microsoft. A maioria delas demonstra a insastisfação dos usuários com a novidade.

“A Microsoft comprar o Skype é como o capitão do Titanic usar seus últimos momentos para mandar um S.O.S pedindo um rádio substituto”, brinca um dos seguidores de Pogue. “Microsoft Skype: a tela azul da morte da voz”, diz outro.

Outra brincadeira com os recorrentes bugs do Windows: “Para chamar, use Crtl + Alt + Del”, sugere um tuiteiro.

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