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25/06/2011 - 13h20 / Atualizada 12/08/2011 - 16h38

Grupo hacker é desorganizado e obcecado com a mídia, diz jornal britânico

Da Redação
  • 'Guardian' teve acesso a conversa sigilosa entre grupo hacker LulzSec

    'Guardian' teve acesso a conversa sigilosa entre grupo hacker LulzSec

O jornal britânico “Guardian” divulgou nesta sexta-feira (24) ter obtido acesso a uma conversa sigilosa entre membros do grupo hacker LulzSec realizada via sistema de bate-papo IRC (o mesmo utilizado pelo UOL Tecnologia na entrevista com um participante brasileiro da organização). A análise do conteúdo, afirma a publicação, mostra um grupo desorganizado e obcecado com a cobertura da mídia.

Esses hackers apareceram pela primeira vez em maio, dizendo ter o objetivo de expor brechas na segurança de sistemas. No Twitter, eles se declararam responsáveis por ataques recentes a empresas de videogame como Sony e Nintendo, às redes de televisão americanas Fox e PBS e a órgãos governamentais americanos como a CIA (agência de inteligência americana) e o FBI (polícia federal), além do serviço público de saúde britânico, o NHS. O braço brasileiro do grupo, o LulzSecBrazil, reivindica os diversos ataques realizados nesta semana contra sites do governo.

Após analisar as conversas privadas, o “Guardian” afirmou que o LulzSec não é um grupo grande, como pode parecer: seriam de seis a oito membros no braço internacional.

Um membro identificado como Sabu -- possivelmente um consultor de segurança na faixa dos 30 anos – controlaria as ações estrangeiras. Outro participante, identificado como Kayla, seria o responsável por uma grande rede de máquinas infectadas, usadas nos ataques de negação de serviço (quando esses computadores zumbis são direcionados a um mesmo site, simultaneamente, fazendo com que saiam do ar). Já Topiary teria a missão de gerenciar a imagem do LulzSec, incluindo o perfil no Twitter.  

Imagem
“Eles são obcecados com a cobertura da mídia, especialmente em jornais, trocando imagens do que foi publicado no ‘Wall Street Journal’ e outros jornais impressos”, diz o “Guardian”.   

O LulzSec passa uma imagem jovial e exibe um perfil de diversão em suas ações, mas Sabu é bastante sério -- a publicação britânica o descreve como “dominador e às vezes quase um pai”. Apesar de coordenar o LulzSec, Sabu aparentemente não participa das atividades do grupo. Mas lembra os demais participantes, com frequência, sobre os perigos de serem rastreados pelas autoridades.

Em uma ocasião, por exemplo, um membro do grupo iniciou uma espécie de “perguntas e respostas” no site Reddit, para interagir com o público. A brincadeira, descreve o “Guardian”, causou a ira de Sabu. “Vocês criaram uma seção de perguntas e respostas no Reditt? Vou até suas casas matar vocês. Se vocês criaram isso, não entendem o que estamos fazendo aqui. Pensei que isso era senso comum... Chega de aparições públicas sem que sejam organizadas por nós.”

Discórdia
A iniciativa do Reditt, organizadas por um participante sem que os demais membros soubessem ou concordassem, não foi a única desse tipo. Kayla (responsável pela rede de computadores zumbis) foi acusado de dar códigos de um voucher roubado da Amazon para alguém de fora do grupo – o que poderia levar as autoridades a descobrir mais detalhes sobre as ações do grupo. Sabu também condenou essa atitude.

Alguns dos membros discordaram dos ataques de 3 de junho, quando o LulzSec atacou um site ligado ao FBI. Por conta disso, dois participantes ficaram nervosos e saíram, com medo do que o governo norte-americano poderia fazer.

Motivação
“A LulzSec e o Anonymous acabaram de declarar guerra aberta contra todos os governos, bancos e grandes corporações do mundo. Eles estão convocando todos os hackers do mundo para se unirem ao propósito. O objetivo é expor corrupção e segredos obscuros“, diz um documento divulgado em parceria entre os grupos. A ação para derrubar os sites do governo brasileiro faz parte dessa mesma operação AntiSec – investida contra páginas de governos de todo o mundo.

Na quarta-feira (22), o UOL Tecnologia conversou com um dos representantes do braço local do LulzSec. Em entrevista realizada via sistema de bate-papo IRC, o hacker identificado apenas como bile_day afirmou que o objetivo das ações é “mostrar a podridão que está encubada no Governo”. Estamos reunindo documentos obtidos nas investidas que fizemos e iremos colocá-los a disposição para que todos os brasileiros vejam e se juntem a nós”, afirmou.

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