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28/06/2011 - 12h27 / Atualizada 28/06/2011 - 12h42

Só investimento do governo em segurança pode conter hackers, dizem especialistas

Da redação

No sábado (25), o grupo de ciberativistas LulzSec, que reivindicou ataques a empresas como Sony e ao governo norte-americano, anunciou o fim das atividades nos EUA. Entretanto, o LulzSecBrazil, suposto braço brasileiro do grupo, não fez qualquer menção ao posicionamento da “filial” estrangeira e ainda declarou: “Com os mares agitados estamos a navegar marujos![sic]”. Diante desses últimos acontecimentos, especialistas ouvidos pelo UOL Tecnologia afirmam: enquanto houver motivação política e brechas óbvias de segurança, os episódios devem continuar se repetindo no Brasil.

“Enquanto o governo não investir em engenharia social, os ataques vão continuar. Seja do LulzSec ou de qualquer outro grupo”, afirmou Everson Denis, professor de TI e especialista em segurança de redes do Instituto Mauá de Tecnologia. Sandro Melo, coordenador do curso de redes da faculdade Bandtec e especialista em segurança forense, é da mesma opinião: “Falta foco do Governo em segurança. Se a postura não mudar, os problemas se tornarão ainda maiores. Esses grupos existem e vão sempre existir. Mantendo uma unidade, uma bandeira em comum ou não.”

Após os ataques contra os sites da Presidência, o Portal Brasil e a página da Receita Federal na madrugada de quarta-feira, 22, o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) negou que os sistemas sejam vulneráveis. Gilberto Paganotto, diretor superintendente do serviço, afirmou que nenhuma medida de segurança extra foi tomada após as ações dos hackers. “Mantemos nossa rotina normal, o que houve não muda nosso trabalho.” Segundo ele, as páginas saíram do ar por uma iniciativa de um técnico do Serpro, e não porque foram derrubadas.

A aparente unidade e o discurso alarmado pelo grupo LulzSecBrazil contra a corrupção governamental enfrentou divergências nos últimos dias. Embalados pela onda de ataques, outros grupos passaram a reivindicar a autoria de invasões. O próprio grupo LulzSecBrazil encontrou um concorrente quase idêntico, o LulzSec_BR. Os dois, pelo Twitter, trocaram mensagens acusando uns aos outros de impostores sem causa. Eles brigam pelo direito de representar, no Brasil, o grupo internacional já extinto.

Alheias a essa disputa, outras facções tentam pegar carona no destaque obtido pelo LulzSec – assim como acontece com aqueles que se dizem representantes brasileiros do grupo. O ataque de sábado contra a Assembleia Legislativa do Amazonas teve autoria reivindicada pelo Sophia Hacker Group 2011, enquanto uma ação contra a página da Brigada Militar no Rio Grande do Sul foi reivindicada por um grupo chamado Havittaja via Twitter.

Crime

Enquanto os bastidores da atividade hacker no Brasil esquentam, vem à tona um perigo eminente e que diz respeito a todos os brasileiros. Com ataques relativamente simples, os hackers conseguiram, no mínimo, suspender sites oficiais do governo. E o prejuízo, nesses casos, é de todos (veja abaixo os principais ataques a sites do brasil).

“O governo perde financeiramente e moralmente com os ataques. Mesmo que nenhum banco de dados seja alterado ou invadido, o simples fato de o sistema ficar fora do ar já demonstra uma fragilidade; algo que não é muito bom para a imagem de um país”, afirmou Denis, do Instituto Mauá de Tecnologia, defendendo que era possível evitar as ações. “Tanto que um banco, que recebe investimento massivo em segurança, dificilmente passa por situações de ataques”, compara.

Na opinião de Sandro Melo, o problema vai além de uma brecha no sistema e esbarra na falta de profissionais bem preparados para defesa. “O governo não foca na preparação das pessoas. Não adianta comprar a melhor ferramenta se não tem pessoas capacitadas para operá-las.”

Ao praticar uma invasão digital, os hackers comentem um crime e podem, de acordo com o código penal brasileiro, ser sentenciados a até cinco anos de prisão. A justiça entende que a ação contra sites do governo são atentados contra a segurança do serviço público e danos de propriedade alheia.

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