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Você consegue ficar um mês inteiro fora das redes sociais? Eu (quase) consegui

Viciada em Twitter e Instagram, Juliana ficou um mês fora das redes sociais - Flávio Florido/UOL
Viciada em Twitter e Instagram, Juliana ficou um mês fora das redes sociais Imagem: Flávio Florido/UOL

JULIANA CARPANEZ||Do UOL Tecnologia

09/09/2011 07h00

Juliana, 32 anos, editora do UOL Tecnologia, viciada em Twitter e em Instagram. Usuária de Facebook – só porque não tem mais como ficar fora -- e ex-dependente do Orkut. Com perfil de quem checa redes sociais antes de dormir, ao acordar, esperando o elevador, quando almoça sozinha, em toda e qualquer fila e também de quem acompanhava suas timelines no trânsito (até me convencer dos perigos deste hábito), decidi que abandonaria meus perfis virtuais durante um mês. Inteiro.

A ideia principal era saber quão difícil seria essa experiência. Além disso, queria ver se realmente conseguiria ficar um mês sem meu “eu virtual”, do que eu mais sentiria mais falta, do que eu não sentiria falta alguma e o que eu perderia estando fora dos sites de relacionamento – considerando que hoje muita gente convida para a festa de aniversário via Facebook. Ficou definido que, além das redes sociais, eu também não poderia postar, ler ou responder comentários de meu blog pessoal. Isso porque a grande maioria das pessoas com quem interajo nesse site eu conheço somente via internet.

Clique nos dias do calendário abaixo para conferir como foi a experiência

 
   

Balanço
O mais difícil foram os curtos espaços de tempo que eu geralmente correria para checar o Twitter ou Instagram. Por exemplo: aquele momento de esperar o elevador, de aguardar na fila, de se distrair enquanto a propaganda come solta na TV. Também percebi que muitos fatos pequenos deixam de ter graça se não serão postados – como a nova pose linda do gato. Ou o comentário sobre “A Fazenda 4”. Inclusive, para que assistir programas desse tipo se não vou ler o que tuíta @mauriciostycer ou compartilhar opiniões maldosas sobre aqueles que aparecem na telinha?

Achei que ficaria bastante ansiosa perdendo tudo o que acontece nas redes sociais (onde na maior parte do tempo não acontece nada, sejamos honestos). Mas maior do que isso foi a angústia de achar que estava deixando os amigos – mesmo que “apenas” os amigos virtuais – falando sozinhos. E se alguém perguntou e não respondi? Convidaram e não vi? Elogiaram e não agradeci? Criticaram e não rebati? Vesti a carapuça da mal-educada.

Por outro lado, o fato de eu ter um motivo para o sumiço me tirou dos ombros a obrigação de cuidar dos perfis, respondendo, postando, perguntando, interagindo, curtindo e compartilhando – e isso porque nem cultivo beringelas em “Farmville”!

Ao ficar longe dos Facebooks da vida você também evita perder duas horas, quando não mais, navegando de perfil em perfil até chegar ao álbum da prima daquele colega da terceira série. Mas não se iluda: o tempo gasto inutilmente nos sites de relacionamento não será revertido em uma pós-graduação ou em aulas de pilates. Ele será gasto inutilmente em outra coisa, como programas de TV ou em sites em que eu raramente entro. Pelo menos foi o que aconteceu no meu caso.

Escorregões
Durante o mês, escorreguei algumas vezes. Li comentários do meu blog pessoal que chegaram em minha caixa de e-mail. Também entrei (de cabeça) no Twitter uma vez e, em outra situação, vi fotos no Instagram alheio. No caso do microblog, eu só reparei na mancada dias depois, quando alguém me avisou: curiosa sobre a morte da namorada de um jogador de futebol, xeretei muito no perfil dele e no dela. Em relação ao Instagram, fui ver fotos do vestido de uma noiva que conheço. Perdoada, né?

Mesmo para os não adeptos aos sites de relacionamento, é praticamente impossível ficar imune a eles. Essas páginas estão completamente interligadas a muito daquilo que fazemos na internet: as buscas online empurram o usuário para esses sites quando se procura por pessoas, claro, mas também nas buscas por qualquer outro assunto. Exemplo é a página oficial dos “pôneis malditos”, que fica dentro do Facebook.

Mas e aí?
Apesar dos escorregões, acho que acostumei a ficar fora das redes sociais durante o mês de agosto. Mas realmente não queria ter de viver sem elas: fiquei feliz com a possibilidade de voltar a usar meus perfis, de atualizar meu blog, de almoçar com os amigos do Twitter. Me adaptei a ficar sem esses sites, mas neste início de setembro já me acostumei de volta com eles.

Oficialmente, o que perdi em um mês foram dez mensagens no Twitter, seis solicitações de amizade, três mensagens e dez notificações no Facebook, algumas poucas novidades no Instagram e 27 comentários em meu blog pessoal (sete deles ficaram pendentes por dias). É claro que dá para viver sem isso. Mas eu não quero, não.