O escritor brasileiro Paulo Coelho, no lançamento do livro "O Aleph"
Em um texto no qual se manifesta contra o projeto de lei Sopa (contra a pirataria na internet), o escritor brasileiro Paulo Coelho afirma que, como autor, deveria estar defendendo a propriedade intelectual. Mas não está. Em seguida, escreve (em inglês) uma frase que pode soar estranha vinda de alguém que, como ele mesmo diz, ganha a vida vendendo livros: “Piratas do mundo, uni-vos e pirateiem tudo que escrevi”.
O texto sobre o Sopa inclui diversos trechos de um outro post, escrito em português em maio do ano passado, com título “Pirateiem meus livros”. O link para o material mais novo, que trata do projeto de lei norte-americano, foi divulgado no Twitter de Paulo Coelho, onde ele tem quase 3 milhões de seguidores:
1 min read: my thoughts on SOPA > bit.ly/A66Dgf
— Paulo Coelho (@paulocoelho) janeiro 20, 2012
Em sua visão, o Sopa pode ter um impacto negativo na internet. “Esse é o verdadeiro perigo, não só para os americanos, mas para todos nós, pois a lei – se aprovada – afetará todo o planeta.”
Embora tenham recebido o apoio da indústria cinematográfica de Hollywood e da indústria musical, o projeto enfrenta a oposição de associações que defendem a livre expressão, com o argumento de que essa lei permitirá ao governo americano fechar sites, inclusive no exterior, sem necessidade de levar a questão à Justiça. O Sopa permitiria ao Departamento de Justiça dos EUA investigar e desconectar qualquer pessoa ou empresa que possa ser acusada de publicar material com direitos de propriedade intelectual dentro e fora do país.
Depois de diversos protestos (a Wikipedia dos EUA, por exemplo, ficou fora do ar durante 24 horas), o Senado norte-americano adiou na sexta-feira (20) a votação prevista para terça-feira (24) sobre o projeto, em estudo no Congresso. Veja abaixo quem é a favor e quem é contra o projeto.
Todos querem ser lidos
Segundo Coelho, uma das vantagens da internet é ajudar na divulgação gratuita de um trabalho. “Quanto mais ouvimos uma música no rádio, mais queremos comprar o CD. É o mesmo com a literatura”, acredita. “Quanto mais as pessoas piratearem um livro, melhor. Se eles gostarem do começo, comprarão o livro no dia seguinte, porque não há nada mais cansativo do que ler longos textos na tela do computador.”
Pirateiem meus livros > bit.ly/lqNlOS (menos Luiza, que está no Canadá...)
— Paulo Coelho (@paulocoelho) janeiro 20, 2012
Como exemplo, ele afirma que foi lançado em 1999 na Rússia com tiragem de 3.000 exemplares. Em seguida, o país enfrentou uma crise de papel. O escritor, então, publicou uma edição pirata de “O Alquimista” em seu site e, no ano seguinte, com a crise resolvida, ele teria vendido 10 mil cópias. “Chegamos a 2002 com 1 milhão de cópias; hoje, tenho mais de 12 milhões de livros naquele país.”
“A pirataria é o seu primeiro contato com o trabalho do artista. Se a ideia for boa, você gostará de tê-la em sua casa; uma ideia consistente não precisa de proteção. O resto é ganância ou ignorância”, conclui o autor no texto escrito em português e depois adaptado para mostrar sua visão sobre o Sopa.