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Campus Party 2012

Notícias, fotos e vídeos sobre o acampamento para fãs de tecnologia, realizado de 6 a 12 de fevereiro em São Paulo

  • Imagem: Willians Valente/UOL

11/02/2012 - 06h01 / Atualizada 11/02/2012 - 14h39

Deficientes físicos fazem críticas à acessibilidade na Campus Party 2012

Juliana Carpanez
Do UOL, em São Paulo
  • O cadeirante Flávio Tamura, 33, não conseguiu jogar por conta da altura dos computadores

    O cadeirante Flávio Tamura, 33, não conseguiu jogar por conta da altura dos computadores

Fã de “Starcraft II” e “Counter Strike”, o técnico de software Flávio Tamura, 33, disse não ter conseguido jogar em um grande estande da Campus Party 2012, que tinha como principal atrativo os games. Isso porque o visitante  – que foi todos os dias nesta quinta edição do evento em São Paulo – é cadeirante, e os computadores ficavam a uma altura inacessível para ele. “Vim para jogar e não consegui. Eles estão expostos para as pessoas jogarem em pé”, afirmou. Tamura avaliou para o UOL Tecnologia a adaptação do espaço.

Em nota, a organização informou ter projetado as diferentes áreas para que os campuseiros e visitantes tenham facilidade de orientação e locomoção.

Tamura, que não está acampado no Centro de Convenções Anhembi, também reclamou dos obstáculos no chão, principalmente por conta de cabos de conexão. No final de uma rampa (na parte de baixo), relatou, um desses obstáculos poderia derrubar um cadeirante mais desatento.  

Em resposta, a organização informou: “Em todos os acessos às zonas Expo, Arena e camping há total acessibilidade para campuseiros e visitantes portadores de necessidades especiais, como rampas e lombadas sobre os fios, sinalização de alterações realizadas no piso, bem como maior espaço entre as mesas e cadeiras localizadas próximas aos palcos".

A nota continua. "Todos os palcos da Arena possuem rampas de acordo com as normas da ABNT, norma também implementada nos estantes localizados na Zona Expo. A organização orientou todos os expositores com relação à infraestrutura e acessibilidade. Eventuais incorreções nas rampas de estandes localizadas na Zona Expo têm sido monitoradas pela organização, que solicita imediatamente ao expositor responsável pela área adequação às normas da ABNT."

Outra queixa do cadeirante é em relação aos banheiros para deficientes. Um deles não tem pia. O outro (este com pia) compartilha a mesma entrada para as mulheres e para pessoas com necessidades especiais. Por isso, contou, de dentro do seu banheiro era possível ver o que acontecia na área comum reservada às mulheres. “Hoje está mais limpo, mas ontem em cima da pia tinha rodo, saco de lixo e saco com lixo”, disse na quinta-feira (9).

Em resposta, a organização afirmou que "a produção disponibilizou banheiros especiais com assentos e acessos adequados, com toda infraestrutura necessária para uso e higiene dos campuseiros e visitantes com dificuldade de locomoção".

Deficiência visual
O deficiente visual Lucas Gil Nadolskis, 17, faz coro em relação à falta de limpeza do banheiro. Acompanhado do tio Victor Gil Neto, 44, o estudante conta que o espaço reservado a pessoas com necessidades especiais estava bastante sujo. "Não estava sendo usado só por deficientes", relatou. Assim como Tamura, Nadolskis disse ter encontrado alguns obstáculos para circular no Anhembi. Nada, no entanto, que comprometesse o passeio. “O espaço poderia estar mais adaptado, mas são coisas tranquilas”, garantiu.

  • Leandro Moares/UOL

    Lucas Gil Nadolskis (foto), de São Paulo, visitou a Campus Party 2012 com seu tio Victor Gil Neto

Lucas Radaelli, 20, também é deficiente visual e disse não ter encontrado problemas para se locomover no evento porque está acompanhado de um amigo, que o leva para onde quer. Caso contrário, o estudante e consultor de acessibilidade e usabilidade acredita que teria dificuldades para andar pelo Anhembi, mesmo acompanhado do cão-guia Tinny.

“Seria muito fácil eu me perder, porque não há pontos de referência. Na rua, por exemplo, identifico poste, calçada. Aqui é tudo muito parecido, o chão é igual em diversas áreas, seria muito fácil eu me confundir”, explicou ao UOL Tecnologia por telefone.

Ele também encontrou dificuldade ao levar seu cachorro para fazer xixi. Nessas ocasiões, tentava sair do pavilhão usando uma porta lateral, para que não tivesse de dar uma volta “gigantesca”. “Alguns seguranças foram muito solícitos, ligavam para pedir autorização e deixavam. Outros diziam que eu teria de sair pela outra porta”, relata.

Para ele, a melhor forma de auxiliar um deficiente visual nesse tipo de evento seria disponibilizar um acompanhante. “Meu cachorro é inteligente, mas não saberia me levar ao estande do UOL ou do Firefox, por exemplo”, brinca. No seu caso, conta, a melhor experiência do evento é a possibilidade de conhecer pessoas. “Já conversei com muita gente.”

  • Rodrigo Paiva/UOL

    Para Lucas Radaelli, 20, o melhor do evento é conhecer gente. Na foto, ele e seu cão-guia, Tinny

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