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20/02/2012 - 15h07 / Atualizada 21/02/2012 - 10h12

Apple convida rede de TV ligada ao grupo Disney para conhecer suas fábricas na China

Do UOL, em São Paulo
  • Imagem da rede de TV ''ABC'' mostra redes que cercam prédios da Foxconn, colocadas após onda de suicídios de trabalhadores em 2010

    Imagem da rede de TV ''ABC'' mostra redes que cercam prédios da Foxconn, colocadas após onda de suicídios de trabalhadores em 2010

A rede de televisão “ABC” vai veicular com exclusividade nesta terça (21) uma reportagem que mostra o interior de uma fábrica de produtos da Apple na China, do grupo Foxconn. As empresas têm enfrentado críticas sobre as más condições de trabalho de funcionários da linha de montagem de iPads e iPhones. A “ABC” é ligada ao grupo Disney, do qual Steve Jobs, cofundador da Apple, era o maior acionista.

O convite da Apple foi uma grande surpresa, escreveu no site da rede de televisão Bill Weir, apresentador do programa “Nightline”, que gravou a reportagem. Em outras ocasiões, o apresentador afirma ter pedido entrevistas à Apple sobre a fabricação de seus produtos, mas elas foram todas negadas.

Entre as razões possíveis da escolha da “ABC” pela fabricante, brincou Weir, estaria o fato de a rede de televisão pertencer à Disney Corporation, da qual Steve Jobs, cofundador da Apple morto em outubro de 2011, era o maior acionista (agora, sua família detém as ações). Além disso, o CEO da Disney, Bob Iger, é membro da cúpula de diretores da Apple.

“Eles gostam do Nightline”, ironizou Weir, porque os motivos anteriores, segundo ele, não teriam influenciado a reportagem para que fosse menos negativa sobre a fábrica.

Weir conta que foi levado por representantes da Apple e Foxconn a seis linhas de produção nas cidades de Shenzhen e Chengdu, sempre acompanhado de pelo menos seis pessoas enquanto fazia o tour na fábrica e dormitórios.

Jovens na Foxconn trabalham mais de 10 horas por dia, seis dias por semana

 

Exploração

Nesta segunda (20), a montadora de eletrônicos Foxconn anunciou um aumento salarial entre 16 e 25% para trabalhadores de suas fábricas de iPads e iPhones, da Apple. Em um comunicado oficial, a Foxconn afirmou que pagava por mês a trabalhadores do nível júnior o equivalente a 1.800 yuan (ou cerca de US$ 290) e que aumentará o salário para acima de 2.200 yuan (US$ 349) caso ele passe em um exame técnico.

O anúncio do aumento salarial ocorre logo após duras críticas de entidades de direitos humanos e trabalho internacionais que alegam que as fábricas chinesas de produtos como o iPhone e iPad exploram os trabalhadores, com salários baixos e jornadas de mais de 14 horas diárias. A Apple chegou a anunciar que investigaria as denúncias.

Após uma reportagem publicada em janeiro pelo “New York Times”, intitulada “Na China, custos humanos são incorporados ao iPad” e em que o jornal menciona uma série de fatos que denotam os maus tratos a trabalhadores da Foxconn, a Apple rebateu a denúncia, dizendo que se preocupa com cada trabalhador de sua rede de fornecedores mundial”.

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