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29/02/2012 - 15h44 / Atualizada 29/02/2012 - 15h48

Com dinheiro 'preso', criador do Megaupload pede R$ 300 mil para despesas domésticas

Do UOL, em São Paulo
  • Casa de Kim Schmitz em Coatesville, perto de Auckland, na Nova Zelândia

    Casa de Kim Schmitz em Coatesville, perto de Auckland, na Nova Zelândia

Kim "Dotcom" Schmitz, criador do Megaupload, teve todas suas contas bancárias congeladas e muitos bens confiscados em janeiro, quando o FBI (polícia federal norte-americana) deflagrou uma operação contra o site de compartilhamento de arquivo e seus executivos. Depois de pagar fiança e sair da prisão, onde ficou por um mês, o excêntrico milionário pediu a um tribunal neozelandês que libere 220 mil dólares da Nova Zelândia (cerca de R$ 317 mil) de suas contas para despesas domésticas.

O tribunal New Zealand High liberou um pagamento de 32 mil dólares da Nova Zelândia (cerca de R$ 46 mil) para gastos imediatos. Ele também poderá usar um carro enquanto aguarda uma decisão final da Justiça, sobre a continuação ou não dessa ajuda financeira. Em janeiro, a Justiça da Nova Zelândia congelou o equivalente a R$ 15,6 milhões em bens do fundador do site.

O pedido feito nesta quarta-feira (23), segundo a agência de notícias Reuters, seria para pagar as babás de seus três filhos (a mulher dele está grávida), guarda-costas, funcionários de sua casa, conta de telefone, de luz e outras despesas com a mansão que fica em Coatesville, perto de Auckland (Nova Zelândia).  

A solicitação feita por advogados diz que Dotcom gasta por ano cerca de 600 mil dólares da Nova Zelândia (R$ 864 mil) para manter sua casa. Por mês, seriam 50 mil dólares da Nova Zelândia (cerca de R$ 72 mil) com babá, um assistente para uma criança autista, assistentes pessoais e quatro guarda-costas.

Além do dinheiro bloqueado e bens confiscados, o homem de 38 anos que nasceu na Alemanha e também tem cidadania finlandesa está proibido de usar a internet. Por isso, diz a Reuters, uma placa na porta de sua casa pede que os visitantes deixem seus telefones e computadores do lado de fora.

Extradição
Também nesta quarta, os Estados Unidos entraram com um pedido de extradição de Kim Dotcom – em sua defesa, ele afirma que sua empresa apenas armazenava arquivos. A Justiça local negou o pedido, afirmando que o bracelete eletrônico que o acusado precisa usar, além de outras restrições, impedem que ele fuja. Dotcom não pode ter helicóptero ou viajar a locais mais distantes que 80 km de sua casa na Nova Zelândia.

A acusação considera altas as chances de o acusado sumir, pelo fato de ele ter diferentes nacionalidades, fontes de lucro, acesso a vários meios de transporte e um histórico de fuga para não responder por crimes.

Os EUA tiraram o Megaupload do ar por considerar que o site faz parte de "uma organização delitiva responsável por uma enorme rede de pirataria virtual mundial" que causou mais de US$ 500 milhões em perdas ao transgredir os direitos de propriedade intelectual de companhias. Segundo autoridades, o serviço rendeu a seu fundador, somente em 2011, US$ 42 milhões.

O detalhamento da ação inclui lavagem de dinheiro e infrações graves de direitos autorais. A acusação diz ainda que o MegaUpload recompensava usuários -- o documento não detalha quanto -- que subiam para o site os programas mais baixados. Aqueles que faziam upload de conteúdos ilegais, como cópias de programas e DVDs de filmes populares, eram os mais bem pagos. A pena máxima pelos crimes é de 20 anos.

Dotcom tem residência fixa na Nova Zelândia e seu site era baseado em Hong Kong -- lá o serviço Megaupload está barrado desde 2009. Os serviços do Megaupload também tinham sido anteriormente bloqueados na Índia e na Malásia.

“Indústria do crime”
O FBI definiu os negócios de Kim Schmitz como “indústria do crime”. “Por mais de cinco anos, o site operou de forma ilegal reproduzindo e distribuindo cópias de trabalhos protegidos por direitos autorais, incluindo filmes – disponíveis no site antes do lançamento –, músicas, programas de TV, livros eletrônicos e softwares da área de negócios e entretenimento”, diz o órgão.

De acordo com o FBI, o modelo de negócios do site de compartilhamento de arquivos promovia o upload de cópias ilegais. Tanto é que o usuário era recompensado pelo site quando incluía arquivos que eram baixados muitas vezes. Além disso, o Megaupload pagava usuários para criação de sites com links que levavam para o serviço.

Conforme alegado no processo, os administradores do site não colaboraram na remoção de contas que infringiam direitos autorais, quando solicitados pelas autoridades. Para citar o “descaso” da empresa, o FBI comenta que quando solicitado, o site ia lá e removia apenas uma cópia, deixando disponível outras milhares de cópias do arquivo pirateado.

Milionário excêntrico
Kim Schmitz, que fez 38 anos na prisão, foi detido na mansão onde morava com a mulher grávida e os três filhos em Coatesville. Apesar de casado, o milionário era famoso por estar sempre rodeado de belas mulheres.

A casa onde ele foi preso está avaliada em US$ 30 milhões (cerca de R$ 52,7 milhões). Apesar de ter gasto cerca de R$ 5,7 milhões em uma reforma, a mansão não pertence a Dotcom: ele tentou comprá-la, mas não teve sucesso por causa de problemas na Justiça. Fez então um contrato de leasing com o proprietário.

Os policiais confiscaram ainda vários veículos de Dotcom, entre eles um Cadillac rosa de 1959 e um Rolls Royce Phantom -- este último avaliado em mais de US$ 400 mil (cerca de R$ 705 mil). Também foram confiscados jet skis.

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