Além da ameaça, os hackers publicaram uma série de críticas ao serviço de barcas
Hackers do grupo "Anonymous" promoveram nesta terça-feira (6) um ataque contra o site da concessionária Barcas S/A, responsável pelo transporte de barcas e catamarãs na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Há quatro dias, o preço da passagem passou de R$ 2,80 para R$ 4,50, dando origem a protestos.
O grupo - que é contra o aumento de mais de 60% no valor das tarifas - aproveitou o espaço destinado às notícias publicadas pela assessoria da empresa para divulgar uma ameaça: "E quanto a vocês das barcas, estamos com acesso aos seus sistemas e estamos encontrando coisas interessantes. Aguarde o wikileaks".
A mensagem esteve no ar até que a página virtual fosse derrubada pela própria equipe técnica da concessionária, por motivos de segurança. No último sábado (3), hackers já tinham vazado dados pessoais dos deputados estaduais que votaram a favor do reajuste das tarifas das barcas e catamarãs. A autoria do ataque também foi reivindicada pelo grupo "Anonymous".
Além da ameaça, a mensagem dos hackers apresentava uma série de críticas às condições do serviço oferecido pela Barcas S/A. A concessionária ainda não se pronunciou sobre o ataque.
"Bancos rasgados, pedados do teto despencado, banheiros sujos, insetos, ferrugem, coletes sem data de fabricação ou validade e extintores de incêndio em falta. Esse é o conjunto de 'vantagens' que a Barcas S.A oferece em troca do aumento de 60,7% no valor da passagem. E quando a população protesta, é coagida pela polícia ou são ameaçados com multas milionárias".
O "Anonymous" referia-se a uma liminar concedida à concessionária, na última quarta-feira (29), que impede o PSOL de organizar ou participar de manifestações contra o aumento de passagens. Caso não obedeça a ordem, o partido poderá pagar uma multa de R$ 5 milhões.
No dia seguinte ao posicionamento da Justiça, cerca de 300 pessoas promoveram um protesto em frente à estação das barcas em Niterói, na região metropolitana do Estado. Policiais do Batalhão de Choque foram ao local para acompanhar a movimentação dos manifestantes.
O PSOL qualificou como "cerceamento dos direitos democráticos" a atitude das Barcas S/A de tentar impedir um partido político de exercer seu direito de protestar.
"É inadmissível que um partido corra o risco de ser multado em R$ 5 milhões por se indignar contra uma afronta à população, enquanto a Barcas S/A, que vem castigando seus usuários com um serviço de péssima qualidade, não seja penalizada pelas autoridades estaduais", disse a presidente do PSOL-RJ, deputada estadual Janira Rocha, ao comentar a decisão.