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Google admite não ter política de privacidade perfeita, mas diz ser transparente

Bob Boorstin, diretor de políticas públicas do Google, durante evento da empresa - Divulgação
Bob Boorstin, diretor de políticas públicas do Google, durante evento da empresa Imagem: Divulgação

Ana Ikeda*

Do UOL, em Santiago (Chile)

04/05/2012 12h48

Estar conectado à internet é abrir mão de um bem precioso: a privacidade. Nem todo usuário presta atenção nos "acordos" que faz na internet -- mais conhecidos como termos de uso -- quando começa a utilizar redes sociais, serviços de e-mail ou simplesmente acessa um site. As empresas, por sua vez, também nem sempre se esforçam para tornar claro aos usuários de seus serviços que dados capturam e qual uso farão deles. 

"Acredito que a questão real na web é a transparência a respeito de que dados você está coletando. Isso é o que realmente importa. O usuário tem que saber o que o Google, Facebook ou qualquer um está coletando. Quando você visita um site do governo ou um site de uma empresa de saúde, algum dado está sendo capturado", defende Bob Boorstin, diretor de políticas públicas do Google em Washington (EUA). A afirmação foi feita nesta semana durante um evento em Santiago, Chile, para a imprensa latino-americana.

Nesse cenário, Boorstin defende que o Google tentou simplificar o "acordo" que mantém com os usuários de seus 60 serviços, unificando vários termos de uso em uma única política. A mudança feita em março deste ano causou polêmica, com críticas diretas do governo americano, entidades de defesa do consumidor e grupos de advogados. "O Google criou um painel de controle, no qual o usuário pode ver e ajustar o que permite à empresa coletar, além de permitir que ele remova seus dados", explica.

É importante lembrar que estamos falando da captura de informações -- muitas delas sensíveis -- que são compartilhadas pelas empresas de internet com terceiros, caso o usuário mais desatento não opte nas configurações de privacidade para impedir esse tipo de uso. Esses dados são utilizados, principalmente, na oferta de publicidade "direcionada" e valem muito dinheiro para as empresas. E nenhum centavo para os usuários. 

A defesa do Google diante da questão é que pelo menos a companhia tentou deixar mais claro o que coleta, prática não muito popular no setor. "Essas políticas não são perfeitas, nenhum sistema é perfeito, especialmente na web. Mas somos mais transparentes que qualquer outra empresa na web", argumenta Boorstin.

"As pessoas fazem uma troca quando ficam online. Oferecemos um serviço e você sabe, dentro da sua cabeça, que está nos dando alguma coisa", diz o representante do Google. Ao menos, deveria saber: a falta do hábito em ler termos de serviço, que contêm obrigatoriamente informações detalhadas sobre o uso que a companhia fará das informações dos usuários, continuará sendo usada como escudo contra as críticas à prática.

Por mais entediante ou demorado que seja, o usuário tem obrigação de ler o termo de uso quando adere a um serviço, explicou ao UOL Tecnologia Renato Opice Blum, advogado especialista em Direito Eletrônico. “No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor obriga as empresas a fornecerem informações claras e objetivas sobre produtos e serviços ofertados. O Termo de Uso faz isso, ainda que em um calhamaço de páginas.”

Veja abaixo alguns exemplos de serviços populares na internet:

* A repórter viajou a convite do Google