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12/09/2006 - 14h36

WiMax pode ter impacto em telefonia, banda larga e TV; entenda a tecnologia

Da Redação, em São Paulo
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O WiMax virou centro de uma acirrada disputa entre órgãos reguladores, governo e setor privado no Brasil. E não é à toa —a tecnologia, capaz de levar sinais de Internet em alta velocidade pelo ar e extinguir os cabos, pode abrir novas fronteiras para a Web, a telefonia e até para a transmissão de sinais de TV.

Imagine ônibus que circulem pela cidade conectados à Web sem fio e prestem serviços sociais. Telefones sem fio de grande alcance que conversem com qualquer lugar do mundo a poucos centavos por minuto. Ou então caixinhas portáteis de TV por assinatura ou banda larga que recebem o sinal onde quer que você esteja, independente de cabos. Estes são apenas alguns dos serviços possíveis com a nova tecnologia.

O primeiro setor em que o WiMax deve mostrar suas cartas é o de banda larga. Estudo da consultoria Frost & Sullivan revela que a tecnologia tem o potencial de levar Internet em alta velocidade a aproximadamente 2,8 milhões de brasileiros até 2010. Deste total, cerca de 45% estariam concentrados na região Sudeste do país. O número equivale a 65% das conexões de Internet rápida atualmente instaladas no país —4,364 milhões, segundo dados de pesquisa divulgada pela IDC Brasil em junho deste ano.

"É o mercado que mais tem potencial para crescer", afirma Alex Zago, líder de pesquisa da Frost & Sullivan no Brasil. Segundo ele, os novos players deste mercado tendem a oferecer pacotes com serviços que vão além ao acesso à Internet, como a telefonia sobre IP.

Além disso, a entrada do WiMax tende a tornar o mercado de banda larga mais competitivo. "Atualmente o acesso à banda larga custa em média de R$ 70 a R$ 80. Se novos operadores oferecerem acesso via WiMax por um preço semelhante, eles teriam uma vantagem competitiva [a portabilidade], e as teles poderiam tentar defender seu mercado abaixando o preço", diz Zago.

Mas o consultor alerta: se as teles comprarem as licenças de WiMax, essa redução de preço tende a não acontecer. "Na prática, a penetração [da banda larga] vai continuar baixíssima, assim como vemos no mercado de TV por assinatura", diz.

WiMax em duas versões
Versão turbinada do Wi-Fi, o WiMax tem dois padrões: o fixo ou "nomádico", e o móvel.

O WiMax fixo, padrão IEEE 802.16d, é o que teve o processo de licitação suspenso pelo TCU (Tribunal de Contas da União) no último dia 04/09. Com ele, o usuário teria acesso à Internet a partir de um notebook, por exemplo, em qualquer ponto de um raio de até 50 quilômetros de uma antena ou ERB (Estação Rádio-Base). Ele opera nas freqüências de 3,5 GHz e 10,5 GHz, licenciadas pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), e também em 5,8 GHz.

Já o WiMax móvel, padrão IEEE 802.16e, permite o acesso à Internet mesmo em movimento, em velocidades de até 100 Km/h. Isso porque ele consegue comutar sinais entre antenas. No Brasil, a tecnologia deve operar na faixa de 2,5 GHz . Segundo Eduardo Prado, consultor especializado em WiMax e tecnologias sem fio, essa freqüência tem um alcance maior, e permitiria o surgimento de serviços de TV móvel —seria possível, por exemplo, que equipamentos móveis de TV recebessem sinais digitais via banda larga mesmo em movimento.

Prado explica que a faixa de 2,5 GHz já está 100% pronta para a TV Digital, enquanto a faixa de 3,5 GHz é estreita demais para comportar vários canais de TV. Segundo ele, será viável transmitir streaming de vídeo na freqüência de 3,5 GHz, mas por unicast —um stream de vídeo para cada cliente que desejar assistir ao conteúdo. Em TV, o ideal é a transmissão broadcast, como na TV por assinatura comum.

Segundo o consultor, o custo do modem WiMax —cerca de US$ 500— ainda é muito alto para um usuário doméstico. A tecnologia deve começar mesmo pelo mercado corporativo. Mas até 2009, o cenário será outro: "O mercado espera que esse modem caia para US$ 100, o que já permite aplicações residenciais", diz.

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