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08/02/2007 - 07h02

Navegador GPS ajuda motoristas "perdidos" no trânsito

Daniel Pinheiro

do UOL Tecnologia
A sensação de segurança é a mais procurada por quem compra um navegador GPS. Ela justifica o investimento de cerca de R$ 2.000 para as pessoas que se acham "perdidas" no trânsito.

"Confesso que comprei um navegador porque tive umas experiências meio ruins ao me perder em áreas de São Paulo que não conhecia. Fiquei um tempo sem carro, e quando comprei um novo, resolvi que não andaria sem um GPS", diz o analista de sistemas Igor Medeiros.

"Cansei de me perder. Agora eu sei que, usando o navegador, eu vou acabar chegando no lugar. É claro que ele não é 100%, mesmo com ele eu já me meti em algumas roubadas, como uma vez que estava indo para Jundiaí à noite e sob chuva, para um lugar que eu não conhecia", conta Medeiros. "Eu fui seguindo as instruções e percebi que em um determinado ponto elas me mandavam para ruas que estavam fechadas ou que nem existiam mais. O mapa estava desatualizado e foi muito difícil chegar ao meu destino."

O contato com o navegador GPS em outros países também serve de estímulo para a adoção do aparelho em terras brasileiras. É o caso do analista de suporte Marco Aurélio dos Santos Pontes. "Conheci a tecnologia no Canadá e gostei muito. Como também não sou muito bom em achar lugares e tampouco gosto de ficar perdido, resolvi utilizá-la no Brasil também."

O fato de mudar para uma cidade desconhecida em razão do trabalho também pesou na decisão de Pontes, que não tem apenas um, mas dois navegadores GPS —um é um PND (sigla em inglês para Dispositivo Portátil de Navegação), aparelho específico para navegação; o outro, um PocketPC equipado com antenas GPS e software de navegação. "Moro em Hortolândia, cidade que fica próxima à Campinas, e não conheço quase nada de nenhuma das duas, e o GPS acaba ajudando bastante na hora de me encontrar".

Mas não é só a usuários finais que o navegador GPS tem mostrado o caminho. Os aparelhos já começaram a chegar em grandes empresas, como cooperativas de táxi e locadoras de automóveis.

"Descobrimos que muitos clientes não alugam um carro quando viajam porque se sentem desconfortáveis e inseguros para dirigirem em uma cidade que não as suas", diz Luiz Antonio Cabral, diretor de franquias e marketing da Avis. "Depois de alguns estudos, percebemos que o navegador GPS poderia ser uma ferramenta que diminuísse esse desconforto."

O serviço é cobrado à parte, e custa R$ 10 a mais na diária dos veículos. Cabral espera ter cerca de 3.000 aparelhos disponíveis no primeiro aniversário da adoção da tecnologia. "Estamos testando bem o serviço em todas as cidades em que temos loja. Logo os aparelhos estarão disponíveis para os clientes de Minas Gerais, do interior de São Paulo e de Florianópolis."

Um terço da frota
Além das locadoras, outro setor tem tirado vantagem dos navegadores: as frotas de táxi. A cooperativa paulistana UseTáxi, por exemplo, já tem cerca de um terço da sua frota de 300 veículos equipados com os aparelhos de dois fabricantes.

"O GPS é uma ferramenta muito mais prática que os mapas de papel", diz Edevaldino Gomes da Silva, diretor operacional da cooperativa. "Claro que o custo é muito mais alto, e é o fator que é mais citado pelos cooperados que ainda não adoram a solução. Mas o retorno tem sido positivo."

Retorno esse que é mostrado pela curiosidade dos consumidores. A maioria dos passageiros que entra no carro pergunta sobre o aparelho. "Pede para ver, quer saber como funciona, o quanto custa...", diz Silva, que testou o seu aparelho fora do dia-a-dia da praça em uma viagem que fez ao Nordeste. "Foram quase seis mil quilômetros, mas infelizmente ele só funcionou bem mesmo em Belo Horizonte e em algumas cidades de Pernambuco."

Profissão competitiva
Uma das cooperadas de Silva que adotou o navegador GPS é Jane Monteiro, motorista de táxi há oito anos na capital paulista. A rapidez é a principal razão que ela aponta para ter investido no aparelho. "Estou em uma profissão competitiva. Assim que a central dispara um pedido, ganha a corrida quem conseguir chegar ao local em menos tempo. Se eu não conheço o endereço, eu uso o navegador para encontrá-lo mais rápido. Não preciso procurar o nome da rua no guia e consultar o mapa."

Para Jane, a adesão à novidade tecnológica ainda não dá retorno financeiro. "A corrida não fica mais cara porque eu uso o GPS, então fica difícil pensar em ganhar mais dinheiro com ele. É mais uma questão de atualização profissional, porque todo motorista de táxi conhece bem as ruas da cidade. Na verdade, eu preciso me modernizar e mostrar ao meu cliente que estou fazendo algo a mais para ele ter um bom serviço."

Além disso, a taxista cita a segurança como outro benefício que os navegadores trazem, como possibilitar que ela atenda lugares em que não fazia corridas por medo ou por não conhecer muito bem a área. "Chegar até onde o passageiro quer, a gente sempre chega. O problema é a volta. Eu não ia a alguns lugares não por não saber chegar, mas sim porque era difícil sair. Agora, é só acionar o GPS com um lugar que eu conheça para ele me tirar de lá."

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