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14/07/2007 - 15h42
Direto da E3: entrevista com Jade Raymond, produtora de "Assassin's Creed"

THÉO AZEVEDO
Enviado especial a Santa Monica

Eduardo Piagentini/UOL

Jade Raymond fala de 'Assassin's Creed' durante entrevista na E3

Jade Raymond fala de 'Assassin's Creed' durante entrevista na E3

Competente, articulada, charmosa e bela. Jade Raymond, produtora de "Assassin's Creed", possui predicados que a tornaram "sex symbol" em uma indústria historicamente dominada pelos homens - muito embora ela, sem conter risos tímidos, negue o rótulo e, principalmente, exalte a presença cada vez maior do sexo feminino em setores como animação, programação e, claro, produção de jogos.

Não bastasse tudo isso, Jade está por trás de um dos títulos mais aguardados da atualidade e um dos poucos originais, em meio a um cenário cada vez mais tomado por seqüências. Durante a E3 2007, em Santa Monica, o UOL entrevistou com exclusividade a produtora, que, de forma descontraída, falou não apenas sobre "Assassin's Creed", mas também sobre a sua carreira no desenvolvimento de jogos, o reveillon que passou no Brasil e até sobre um possível "Assassin's Creed 2".

O game, ambientado na Terceira Cruzada, coloca o jogador na pele de Altair, um assassino que pode mudar os rumos da história. Anunciado como título exclusivo para PlayStation 3, meses depois o game foi estendido para PC e Xbox 360, o que Jade enxergou como uma oportunidade fantástica. Aliás, a sinergia com a Microsoft funcionou tão bem que ela foi convidada a participar da conferência da companhia na E3. "Não podíamos dizer não. Foi uma oportunidade fantástica".

Contudo, a produtora não gostou muito do novo formato da E3 que, para ela, perdeu a "aura" de principal evento de games do mercado. "Agora parece que não existe mais essa grande feira, mas várias outras, e isso dificulta para nós, produtores, porque você precisa se afastar do estúdio e preparar vários demos". Aliás, ela confirmou que não há planos de lançar demo para o game e que todas as versões, para PC, PS3 e Xbox 360, serão idênticas.

Confira os melhores trechos da entrevista com Jade Raymond no vídeo exclusivo, em inglês, e acompanhe a transcrição em português:

A ação de franquias como "Splinter Cell" e "Prince of Persia" influenciaram "Assassin's Creed". Quais as influências do jogo?

Jade Raymond: "Assassin's Creed" tem um monte de influências. A primeira influência, na verdade a história, os assassinos, nós lemos um livro relacionado e pensamos temos de fazer um jogo sobre isso. Outra, grande influência, é o Le Parkour, ou Free Running, que está ficando superpopular e foi visto em "Die Hard" e no novo filme de James Bond. Vimos e pensamos: oh meu Deus! Será que podemos fazer isso no PlayStation 3 e Xbox 360? Que se possa escalar qualquer coisa e que as pessoas se sintam como um desses caras? Vamos tentar. E também temos a influência dos jogos de esporte, na verdade. Muitos dos controles quando você está sendo perseguido ou tem de escapar com a multidão ao redor, levam em conta o aspecto tátil. Física de pular na multidão, tocar e empurrar as pessoas para fora do caminho foram um dos grandes objetivos do time para que se realmente tenha a sensação de interação e não fosse como passar pelos personagens como se eles fossem árvores. Tem muitas influências e, claro, você mencionou "Prince of Persia", obviamente temos pessoas na nossa equipe que trabalharam em "Prince of Persia" e eu acho que você verá similaridades no estilo de animação. "Splinter Cell"! Também há pessoas no nosso time que trabalharam... Mas são contribuições menores. Pode haver comparações com "Thief" ou "GTA" ["Grand Theft Auto"]. Eu acho grandes feitos e então ao ser comparado, é um elogio legal.

"Assassin's Creed" é uma das poucas novas franquias em um mercado dominado por seqüências. Como você vê essa situação?

Raymond: É realmente excitante na perspectiva de time e de desenvolvimento ser capaz de trabalhar numa franquia nova porque a criação é maravilhosa, você não fica restrito. Ok, você pode dizer o que eu posso fazer no PlayStation 3 e Xbox 360 que nunca foi possível antes? Qual é o limite em termos de jogabilidade? Mas você não fica restrito no que personagem faz ou na história que tivemos antes. O aspecto criativo é incrível. Eu acho que você não vê muitas franquias novas porque fazer games nos dias de hoje é um investimento muito alto. A companhia não quer assumir riscos. Eu acho que muitas companhias dizem: ok, nós sabemos que essa marca vende então nós vamos fazer a próxima versão. Ou nós sabemos que esse tipo de game vende, então não vamos arriscar - vamos fazer um clone desse game com um recurso diferente. E isso é muito ruim para os jogadores. Porque se o jogador comprou um game para PlayStation 3 ou para Xbox 360... você sabe, eles não são baratos! Eu acho que como jogador você quer sentir que está num novo tipo de game. Com esperança, em "Assassin's Creed" nós estamos tentado entregar esse tipo de experiência para os jogadores.

Você pode falar um pouco de sua jornada na indústria de jogos?

Raymond: Eu sempre quis fazer games. Era meu sonho desde criança. Eu joguei muitos jogos. Basicamente, eu decidi que a melhor coisa a se fazer era aprender como programar um game. Então eu comecei como programadora na Sony, há uns dez anos atrás. E eu comecei a trabalhar com jogos pequenos. Quando você sai da escola e ainda é caloura fica excitada em trabalhar na indústria e faz qualquer jogo que pode. Trabalhei em "Jeopardy Online" e licenças que a Sony tinha. E então eu me mudei para a EA [Electronic Arts] e trabalhei como produtora de "The Sims Online". Depois das grandes, quis experimentar pequenas companhias e depois acabei na Ubisoft, como produtora de "Assassin's Creed".

Não é muito comum ver produtoras ou programadoras. Como você lida com o fato de trabalhar numa indústria dominada por homens?

Raymond: Eu acho que há mais do que você imagina. Em nosso time tem a encarregada pela gerência de projeto, animadoras, programadoras, artistas, texturizadoras, especialista em efeitos. Nós temos um time de muitas mulheres. Ainda não é 50 por 50, mas mesmo assim há muitas mulheres talentosas se tornando especialistas na indústria de games.

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No jogo "Assassin's Creed", nenhum lugar é inatingível para o personagem principal, Altair...
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...apesar dos cenários medievais, esteja preparado para esportes radicais...
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...e não espere que os habitantes fiquem plantados como árvores. Muitas vezes, o melhor é passar despercebido.
Durante a apresentação, você mencionou que esteve no Brasil. Poderia falar de sua visita?

Raymond: Eu amo o Brasil. Eu fiquei maravilhada ao ver como as cidades são grandes. Soa como uma mistura da cultura européia, norte-americana e latina. É muito diversificado. Você sente todas essas influências. Eu fiquei realmente impressionada quando fui a São Paulo e de ver como a cidade é gigante. Sei que há muitas indústrias lá. Aviões são feitos no Brasil, há aquela grande companhia aérea. Você sente que quando vive na América do Norte não necessariamente ouve muito sobre o Brasil, tirando o Carnaval e Rio, obviamente. E você não liga para o Brasil como uma grande potência econômica, ou qualquer coisa. E quando você chega lá nota que muitas coisas estão acontecendo no Brasil, como moda... Oh, eu comprei essa camisa no Brasil. [risos]. É de um designer brasileiro. Eu comprei muitas das roupas e acessórios. Isto é engraçado, agora que percebi que estou usando ela [a blusa]. Eu fui também a Praia do Rosa, que fica ao sul de Florianópolis, e que também é uma das grandes cidades. É grandioso, as praias bonitas e as pessoas são também muito legais e de boa aparência. É um bom lugar [risos].

O que podemos esperar após "Assassin's Creed"?

Raymond: Com esperança, se "Assassin's Creed" fizer sucesso como parece, ou seja, de como as vendas fluirem, vamos fazer "Assassin's 2" e eu tenha uma oportunidade de trabalhar nele ou talvez em outro projeto. Eu não quero planejar muito. Eu prefiro ver o que há disponível na hora. Que tipos de ofertas o futuro reserva.

Suas aparições em eventos como a E3 e X06 a tornou bem popular entre os jogadores de videogame. Mesmo no Brasil você tem muitos fãs. Como você lida com o fato de ser uma sex symbol?

Raymond: [Muitos risos] Eu não penso em mim dessa forma. É engraçado, eu comecei como programadora, então eu me acho uma pessoa do tipo nerd. Agora eu tenho um trabalho que sou produtora e parte dele é falar sobre o game e eu amo, porque obviamente eu sou superapaixonada pelo game em que estou trabalhando. É engraçado de ouvir. Eu não vejo assim.
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Preview, fotos e vídeos de "Assassin's Creed"

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