UOL Notícias Tecnologia

04/09/2007 - 09h54

TV vai ao celular e ganha USB e Bluetooth na Alemanha

DANIEL PINHEIRO

Do UOL Tecnologia, em Berlim (Alemanha)
Mais
Revista Home Theater: Veja cobertura completa da IFA 2007
Ela está por todos os cantos das dezenas de pavilhões pelos quais a IFA 2007 se espalha. Não é só uma impressão ou apenas uma tendência dominante —a edição de 2007 da feira, a maior da Europa no mercado de eletrônicos de consumo, é sobre TV.

IFA 2007: TV VAI AO CELULAR
Daniel Pinheiro/UOL
Celular transmite sinal de TV na Alemanha
Daniel Pinheiro
Mundial de Atletismo na telinha do celular
ÁLBUM DE FOTOS DA IFA 2007
Apesar do apelo das telas de cristal líquido e de plasma, algumas iniciativas começam a propor novos acessos à televisão e ao seu conteúdo. E tudo isso fora da caixinha.

Um exemplo é a transmissão pelo telefone celular. Este aparelho, que no início foi feito "só para falar" —e que com o tempo tornou-se agenda, tocador de MP3, câmera fotográfica, filmadora, computador de mão, ponto de acesso à Web...—, agora também é televisão.

A TV no celular já é uma realidade aqui na Alemanha, onde as transmissões começaram em 2006. A novidade vem ganhando cada vez mais usuários.

Um exemplo: a T-Mobile, principal operadora de telefonia celular alemã, oferece um serviço que tem uma grande chance de fazer sucesso no Brasil. A transmissão de jogos de futebol.

A empresa começou neste ano a mostrar todos os jogos da primeira e da segunda divisões do Campeonato Alemão, que poderá ser visto de graça até outubro de 2007 pelos usuários que já tinham pacotes para terem TV no celular.

Após esse período, o assinante terá que pagar uma taxa de € 5 mensais para continuar a ter acesso às partidas da Bundelisga.

Jornal via satélite
Mesmo sem que a idéia tenha decolado, já existe preocupação quanto à saturação da capacidade de transmitir sinal de TV para telefones celulares.

Isso porque é necessário usar muito da banda disponível das atuais antenas de celular para enviar o conteúdo televisivo para os aparelhos dos usuários.

"Para atender com qualidade à demanda que é prevista da TV móvel, seriam necessárias pelo menos algumas centenas de antenas [adicionais] para telefonia celular na Alemanha", diz Roland Kircher, gerente de transmissão de TV para celular da Alcatel-Lucent.

O problema, diz Kircher, é que essas antenas para telefonia celular são caras. "Isso porque estamos na Alemanha, um país pequeno e relativamente rico se comparado ao Brasil. Não consigo imaginar quantas torres vocês teriam que adicionar para cobrir o país inteiro com o sinal de TV para celular."

A solução que a multinacional de telecomunicações encontrou é o uso de satélites para transmitir TV para celulares sem ter que necessariamente investir na construção de novas torres.

"Na verdade, seria uma adaptação para o sinal de TV de algo que já fazemos em celulares, como a recepção de sinal GPS", explica Kircher. "Não é algo muito complicado de fazer. Basicamente, é enviar a transmissão de TV para o satélite e retransmiti-la para os telefones móveis."

Só do lado de fora
Porém, há um empecilho na transmissão via satélite —que já é bem conhecido pelos que utilizam navegadores GPS. Não é possível receber o sinal via satélite em ambientes fechados.

"É por isso que a nossa solução é híbrida", diz o funcionário da Alcatel-Lucent. "O uso de um tipo de transmissão não anula o outro. Nesse caso, quando está dentro de um prédio, a pessoa usa a transmissão pela rede de antenas celulares."

Segundo Kircher, a mudança de recepção de sinal será imperceptível para o usuário. "Ele vai continuar vendo seu programa normalmente."

Ainda não há previsão para a chegada da transmissão via satélite de sinal de TV para celulares, já que ela precisa ser regulamentada pelas autoridades alemãs, o que deve acontecer até o fim de outubro deste ano.

Demora da convergência
Mas a IFA não mostrou apenas a chegada da TV a outros dispositivos que não o aparelho que tanto conhecemos.

IFA 2007: TV ABSORVE TECNOLOGIA
Daniel Pinheiro/UOL
IFA mostra televisão LCD com porta USB
Daniel Pinheiro
TV com Bluetooth: tecnologia demais?
ÁLBUM DE FOTOS DA IFA 2007
Depois de anos apostando no PC como o rei da sala de estar —projeção essa de "convergência" que nunca se concretizou—, a indústria redescobriu o televisor como o manda-chuva do lugar mais nobre das casas.

"Muitas vezes as pessoas não entendem o que é convergência", diz Hans-Joachim Kamp, executivo-chefe da Philips Alemanha. "Não se trata de observar uma crescente integração entre a TV e o PC e imaginar que disso sairá o forno de microondas integrado com um televisor LCD."

Além disso, há a questão da necessidade de atualização que esses produtos tem. "São os ciclos de vida das coisas", explica Kamp. "Um televisor fica por sete, dez, ou até mais anos na sala de estar do consumidor. Durante esse período, esse mesmo consumidor terá trocado seu PC pelo menos duas ou três vezes."

TV absorve o PC
Um exemplo é a linha de televisores Connected, da fabricante alemã Loewe. Seria mais uma entre centenas de outras TVs, com tela LCD de alta definição, capaz de exibir imagens em full-HD.

Mas uma entrada USB dá uma nova dimensão ao aparelho — que possibilita a conexão com players digitais como o iPod, telefones celulares, PDAs e até mesmo um acesso mais rápido para a câmera digital, sem precisar dos velhos conectores RCA para ver as fotos da família na telona.

Mas não pense que havia estardalhaço ou destaque para essa nova funcionalidade. Os televisores Conneted eram mais destacados em razão da capacidade de reproduzir full HD. Foi preciso recorrer a três demonstradores da marca no estande para que fosse encontrada a porta USB no aparelho.

Enquanto a indústria tenta vender as linhas de resolução, os geeks terão que esperar para ter na loja popular equipamentos que transformem a sala de estar em um hub digital.

Bluetooth? Que nada
A Finlux, fabricante finlandesa que também é desconhecida dos brasileiros, tinha em seu estande uma televisão timidamente anunciada como "Bluetooth TV".

Como o nome sugere, dispositivos com a referida tecnologia sem-fio —com celulares e PDAs, por exemplo— poderiam conectar-se ao televisor.

"É isso mesmo", disse um dos demonstradores do estande. Quando questionado sobre um teste que mostrasse a conectividade funcionando, replicou: "Infelizmente não há ninguém no estande capaz de fazer esse teste. Não quer conhecer a nossa linha de televisores full-HD então?"

Esse é um bom resumo da tendência dos televisores na IFA 2007: veja tudo que puder em altíssima definição. O que vier a mais, é lucro.

A feira vai até o dia 5 de setembro e espera receber 250 mil visitantes em Berlim.

Compartilhe:

    Últimas Notícias

    Hospedagem: UOL Host