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30/11/2007 - 07h07

O que muda com a TV digital?

RAFAEL RIGUES | Para o UOL Tecnologia
A mudança mais visível da TV digital, que começa a ser transmitida em São Paulo neste domingo, é a qualidade de imagem. A TV analógica é sujeita a ruídos e interferência nas transmissões. Nas grandes cidades, o sinal é refletido pelos prédios e chega em múltiplas cópias, com atraso, aos receptores, ocasionando os famosos "fantasmas" na imagem. Em casa, aparelhos como liquidificadores, secadores de cabelos e máquinas de lavar podem causar interferência na imagem, como "chuviscos", quando ligados. Antenas internas são ineficientes (apesar da palha de aço...), e para receber uma boa imagem você precisa investir em uma antena externa ou, em prédios, em uma antena coletiva.

A TV analógica é sujeita a estes problemas porque a imagem é codificada como variações na frequência, amplitude e intensidade de um sinal de rádio. Qualquer aparelho ou transmissor operando em uma frequência próxima pode distorcer o sinal. E se ele estiver fraco, a TV não consegue decodificar a imagem.

Já as transmissões digitais são uma longa corrente (stream) de bits, zeros e uns. Variações no sinal não afetam a imagem, já que algoritmos de correção de erros permitem reconstruir (até certo ponto) pedaços do sinal que porventura tenham sido corrompidos ou perdidos.

A intensidade do sinal não é crucial, basta que ele esteja presente. É como quando você está falando ao celular. Não importa se a tela mostra a força do sinal como cinco ou três barrinhas, você ainda consegue falar, desde que haja barrinhas (ou sinal)

Mas ao contrário do que a indústria diz, a recepção não é apenas "zero ou um". Se houver perda severa de parte do sinal, a imagem na tela pode se tornar um amontoado de quadradrinhos coloridos, o áudio pode engasgar ou tudo pode congelar. Quem tem TV via satélite, como Sky ou DirecTV, ou já tem sinal digital na TV a cabo, provavelmente já viu algo semelhante acontecer durante uma tempestade mais forte.

Resolução

As transmissões de TV digital no Brasil poderão ter resolução de 720 ou 1.080 linhas. A maioria das emissoras irá transmitir em 720 linhas: o equipamento de captura é mais barato (câmeras de 1.080 linhas custam uma pequena fortuna) e o número de televisores capazes de trabalhar com 1.080 linhas, chamados "full HD", ainda é muito pequeno, já que são muito caros.

O áudio é estéreo, mas pode chegar a 5.1 canais em ocasiões especiais, dependendo da emissora. Provavelmente este recurso será usado durante a transmissão de filmes, que já têm o som gravado neste formato.

As emissoras devem optar por transmitir novos programas em proporção 16:9 (widescreen), formato de tela de praticamente todos os aparelhos de TV de alta definição no mercado. Programas mais antigos, ainda gravados em definição padrão, poderão ser retransmitidos em 4:3 (a proporção de tela atual) com barras pretas nas laterais da tela, para não deformar a imagem.

O padrão também define um sistema de guia eletrônico de canais, que vai acabar com a necessidade de comprar o jornal para saber a programação da semana. As emissoras podem transmitir, junto com o sinal, um conjunto de dados com o nome, descrição e horários dos programas que serão exibidos no dia.

Cabe ao receptor (set-top box) exibir estas informações na tela no formato de uma "grade" tradicional. A Semp-Toshiba já demonstrou dois receptores equipados com este recurso, e a Rede Globo já transmite os dados junto com seu sinal experimental.

Modelos mais avançados poderão, no futuro, permitir buscas por um determinado programa na grade, e até mesmo programar alarmes para lhe avisar (ou ligar a TV automaticamente) assim que seu programa favorito começar. Tudo depende dos fabricantes.
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