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27/04/2009 - 07h00

Comunicador instantâneo denuncia traição

CINTIA BAIO e LILIAN FERREIRA
Do UOL Tecnologia
Em um domingo, a namorada de Milton D.F.Filho resolveu usar o computador do companheiro para bater papo com os amigos usando o Windows Live Messenger, popularmente conhecido por MSN. A conversa durou até o começo da tarde, sem preocupar o namorado.

Como proteger a privacidade
1. Exclua o histórico das conversas do MSN. Para isso, vá em Meus Documentos > Meus Arquivos Recebidos e delete a pasta que armazena os bate-papos.

Em outros computadores,
acesse o histórico da conversa que acabou de ter e escolha a opção Delete. Observe que se a opção não estiver ativa é porque a máquina já está configurada
para não salvar o bate-papo
2. Procure usar comunicadores instantâneos que não precisam ser instalados no computador, como o MSN Web Messenger
3. Quando o assunto for muito comprometedor, tente desenhar e não escrever. A opção é oferecida em versões mais novas do MSN e não é gravada em histórico
4. Se ninguém estiver em casa, opte por conversas via voz, que também não são salvas no PC
5. Combine códigos em vez
de escrever frases completas
6. Tenha um comunicador instantâneo alternativo,
sem gravação de histórico
No dia seguinte, Filho resolveu acessar a pasta que registra todas as conversas por MSN feitas naquele computador e descobriu que a namorada tinha gasto boa parte do tempo teclando com um rapaz que encontrou na semana passada. "Ela dizia que tinha gostado muito de vê-lo e tinha voltado para casa chorando de saudade", conta em um grupo de discussões criado pelo UOL para falar sobre o assunto. Por conta da descoberta, o namoro chegou ao fim.

Leia outras histórias de traições descobertas pela web

O caso de Filho entra para a lista (que não para de crescer) de traições reais que começam e se intensificam pela Internet. "É mais fácil se aproximar de alguém pelo MSN. Dá para pensar no que falar e, assim, impressionar mais. As conversas, geralmente, vão além do que poderiam ir pessoalmente", explica o arquiteto Tales Martins, que admite já ter flertado com várias meninas usando comunicadores instantâneos.

Fernando Tavares, de 22 anos, concorda: "no MSN não existe entonação. Assim, a menina entende o que ela quiser e o xaveco fica mais fácil".

De acordo com uma pesquisa divulgada no ano passado pelo Ibope, o Brasil é o país com o maior número de usuários desse tipo de software. Cerca de 20,7 milhões de pessoas —o que corresponde a 81% da base de usuários domésticos— utilizaram MSN, Gtalk e outros no último mês.

E já que o assunto é "pular a cerca", adicione a esses dados mais uma informação: 6,5 em cada 10 homens e 4,9 em cada 10 mulheres de até 25 anos já traíram pelo menos uma vez na vida. Entre os acima de 61 anos, o índice não cai muito —6,6 e 2,1 em cada 10, respectivamente. Os dados são da pesquisa sobre sexualidade do brasileiro feita pela psiquiatra da USP, Carmita Abdo.

Além dos temidos históricos, algumas pessoas preferem criar uma nova conta no comunicador, exclusiva para conversas comprometedoras. "Já recebemos casos em que a namorada foi passar alguns dias na casa do parceiro e descobriu que ele tinha um MSN diferente do que usava para conversar com ela, só com contatos femininos", conta Luciana Ruffo, psicóloga do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP.

Sinal vermelho para a desconfiança

De olhos abertos

Uso senhas com 12 (isso, doze) dígitos, numerais e letras, nada de histórico guardado. Tenho senhas e logins guardados no computador dos e-mails "oficiais", disponíveis para vigilância doméstica.

Asdrubal, Manaus
Embora muitas das desconfianças se materializem ao ler um histórico de comunicador, por exemplo, Ruffo alerta que é preciso ficar atento até que ponto é saudável bisbilhotar tudo o que o parceiro faz na internet. "Temos uma necessidade muito grande de ser dono da vida do outro, independentemente da web. Assim, muitos esquecem que é um pouco utópico achar que tem o direito de controlar a vida do parceiro usando como motivo o casamento ou namoro", explica.

A combinação de cumplicidade e diálogo, embora velha e batida, pode ser uma saída bem mais funcional que entrar em desespero para ter acesso a cada troca de e-mail, a cada janela de conversa piscando ou recado deixado no Facebook, por exemplo.

"A linguagem virtual tende a exagerar a emoção para que a pessoa que está do outro lado entenda, ou seja, você exagera o sentimento para a compreensão ser mais fácil". O que Ruffo quer dizer é que é preciso ter discernimento para saber se o que está escrito é realmente uma conversa que indica traição. E a melhor maneira de saber é o diálogo, dessa vez real.

Como descobrir

Mas e se a desconfiança for muito grande, e você quiser dar uma olhadinha nas pastas com registros de conversas, ou nos arquivos recebidos? Caso você não resista à tentação, saiba que, segundo Coriolano Almeida Camargo, vice-presidente da Comissão do Direito na Sociedade da Informação da OAB-SP, ler os registros é invadir a privacidade do seu companheiro. Está pronto para as conseqüências?

*Todos os personagens citados na matéria tiveram seus nomes alterados

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