Eles conhecem você profundamente. Os seus amigos, a sua família, os seus hábitos de leitura, a sua orientação sexual e seu histórico médico. Eles conhecem seu endereço real e podem, ainda, saber o local que você está neste exato momento apenas monitorando o endereço virtual do seu computador (conhecido como IP).
Quem são eles? As empresas de buscas da internet. Google, Yahoo e Microsoft captam, armazenam e usam informações sobre os seus usuários como as palavras pesquisadas por você, a data e hora das buscas, o tipo do navegador e do sistema operacional, o idioma buscado e o seu endereço IP.
Além das buscas, estas empresas também oferecem serviços que vão de e-mail, a localização de endereços e mapas, redes sociais como o Orkut e o Facebook, entre muitos outros. E para cada um desses serviços, mais e mais dados são coletados e combinados para chegar a quem você é. E isso pode ser utilizado da maneira que eles quiserem.
"Os buscadores sabem um bom bocado sobre os seus usuários", resume Rebecca Jeschke, diretora de relações com a mídia da Electronic Frontier Foundation (EFF), organização de defesa à privacidade.
"Se estas empresas revelarem esses dados de alguma maneira, acidentalmente ou por demanda de processo legal, os usuários podem ser muito prejudicados", completa. A EFF pressiona o governo nos Estados Unidos por leis que controlem o tipo de dados e o tempo pelo qual essas informações são armazenadas.
No Brasil, no entanto, não existe nem organização dedicada a esse tema e ou regulamentação do governo, afirma Thiago Tavares, presidente da Safer.net, organização de defesa dos direitos humanos na internet que ficou conhecida por combater a pedofilia no Orkut.
Segundo ele, não há nenhum limite no país para captar, armazenar e, pior, negociar os dados de usuários com outras empresas. "Vemos a deterioração do direito à privacidade com rapidez. A coleta de mais e mais dados dos cidadãos acontece sem nenhum controle no Brasil, não há lei que regule", alerta.
Os buscadores garantem que não extrapolam o limite da privacidade. Alexandre Hohagen, diretor geral do Google América Latina, afirma que a privacidade é a principal preocupação na Google antes dos lançamentos de serviços. "Existe uma linha clara que separa a monetização e a privacidade. Posso garantir que todos os nossos serviços entregam o que o usuário quer sem invadir a privacidade", diz.
Mas será que isso é verdade? Veja como os buscadores podem
comprometer a contratação de seguros e planos de saúde,
dicas de como se proteger na hora da busca e os
mitos e verdades da navegação.